TTodas as tardes depois das aulas elas visitavam Ryan. O rapaz ainda ficava mais inconsciente do que acordado. Ele chamava por Kilayra no tempo em que se encontrava em meio aos seus delírios. Mas isso, Ritshy não contaria à princesa. Às vezes a moça chorava, talvez fosse pelo ciúme que sentia. Mas a verdade era que gostava a tal ponto da amiga que beirava a fronteira do não se importar consigo. Contudo, a situação estava ficando cada vez pior. Amava aquele homem mais que qualquer outra coisa no Daran. No entanto, amava a amiga também. Percebia os olhares que às vezes eles trocavam. Não suportaria a dor de vê-los juntos. Tampouco a dor estampada em Ryan por não tê-la em seus braços. Queria contar à princesa tudo o que a incomodava. Queria perguntar-lhe se compartilhavam o mesmo sentimento por ele. Desistiu da ideia antes de tentar, nunca conseguiria dizer aquilo em voz alta! Nunca! Até aquela tarde. Kilayra havia acabado de fazer uma visita a Ryan e elas estavam caminhando juntas até um trecho do caminho de volta ao palácio.
— Ritshy, se importa de ir comigo até o Campus? Quero ver se deixamos algo lá. Acho que esqueci um livro depois de nossa aula sobre os nobres do palácio — Como elas apelidaram a arte de compartilhar histórias sobre os conhecidos na corte.
— Está bem, mas preciso te perguntar uma coisa — disse Ritshy. E agora não tinha mais volta.
— O que é? — curiosa. — Ficou com alguma dúvida?
— Quando chegarmos ao Campus eu falo — protelou para que arrumasse a coragem para continuar.
— Nossa! Quanto mistério! — divertiu-se.
— Preciso tomar coragem. É algo muito importante pra mim — Pronto, agora era definitivo. Voltar atrás não era mais uma opção. Kilayra moveria mundos para descobrir. Arrependeu-se no instante seguinte por abrir a imensa boca.
Papearam e Kilayra continuou pressionando a amiga. Chegavam cada vez mais perto do jardim. As pernas da moça vacilavam. Seu estômago revirava. Não conseguia lembrar em qual momento engoliu as malditas borboletas dançantes. Elas rodopiavam e davam piruetas em suas entranhas. Analisou a hipótese de virar-se e correr de volta pra casa com a desculpa que precisava verificar se Ryan estava bem. Achou que a desculpa não colaria. Nervosismo estava aparente. O Campus era mesmo maravilhoso! Um jardim que poucos tinham acesso. Com flores e plantas magníficas. Mas a tranquilidade do local não abreviava sua agonia.
— Dizem que Mandy adorava estar nesse jardim, na época que caminhava entre nós. Que ela trouxe essas plantas de outro planeta. Um Dragão da Existência pode viajar entre os mundos, você sabia? — tentou em vão tirá-la do apuro.
— É mesmo magnífico! Mas será mesmo que ela viveu aqui em Montherran? — gaguejava, sem conseguir aproveitar a oportunidade de desconversar.
— Parece que sim... Ela que trouxe a primeira civilização do outro planeta que ela tinha acesso através dos Portais dos Mundos.
— Nossa, mas como sabe de tudo isso? — Tremia.
— Magda — encerrou. — Mas então, o que queria me perguntar? — dizia enquanto abaixava e pegava o livro no banco que sentaram mais cedo, forçando demonstrar naturalidade.
— Eu... queria saber se... se...
— Quer saber se amo o Ryan?
— Oi, como é que...? — Empalideceu.
— Não. Não o amo — garantiu.
— Mas como sabia? Você... Eu fui assim sempre, tão óbvia?
— Óbvia não. Mas sou sua amiga há tempo demais para não notar. Eu sei que me dirá que todos na Ordem do Dragão sabem que ele me ama e quer saber se eu o correspondo.
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A Senhora do Caos - A Viajante e o Dragão
FantasyA SENHORA DO CAOS | DEGUSTAÇÃO (Metade do livro aqui) - A viajante e o Dragão - | (A venda na AMAZON, versão comp...