Capítulo 39

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Durante a noite, Ritshy ouviu o sinal. Tinha que andar depressa. Kilayra, por sua vez, também foi avisada, vestiu-se e saiu do quarto em direção ao seu cavalo. Em pouco tempo, estava conversando com Ritshy. A caminho da casa de Magda.

— O que aconteceu? — perguntou Ritshy de cima do seu cavalo.

— Recebi um recado de Monroy, ela precisa da gente lá.

— Hoje? Mas ainda faltam quase três semanas!

— Eu sei, só disse que é pra estarmos lá o mais rápido possível.

— Está bem. O que estamos esperando?

— Iahhh! Iahhh! Bora feitiço! Iahhh!

A gruta nunca pareceu tão longe. O vento forte e os cabelos de Kilayra e Ritshy pareciam flutuar pela noite, duas cabeleiras, uma loura e outra negra. Chegando ao local indicado para o encontro, encontraram Magda Monroy inquieta.

— Preciso realizar o feitiço hoje. As luas estarão alinhadas no ângulo exato. — disse apressadamente. — O feitiço é em linguagem muito antiga e analisando mais detalhadamente, descobri que é hoje.

— Está bem... Podemos começar!

— Antes preciso explicar tudo mais que encontrei. Para a reversão do feitiço é necessário que se conheça todo o processo.

— Estamos escutando — Ritshy demonstrava impaciência.

— O que devem estar atentas é que uma vez com esse poder mágico sobre vocês, jamais se tornarão as mesmas pessoas novamente. Estar enfeitiçado por uma maldição destas é algo que muda o fluxo de uma existência. A de vocês passará a ser entrelaçada. Isso afetará diretamente suas vidas. Estão me entendendo?

— Como assim?

— Não posso saber exatamente o que as palavras que traduzi podem representar, tenho a impressão de que alguns sentimentos e poderes inerentes a vocês podem ser despertados. Mas na verdade, não sei muito mais que isso.

— Está bem, mas diga, como exatamente ele funcionará?

— Somente Ritshy mudará sua fisionomia. Assumirá as feições de Kilayra. Princesa, sua aparência continuará a mesma. Haverá uma ligação mágica, uma afinidade que jamais se desfará. Vocês possuirão uma ligação estranha, como dizem que os gêmeos sentem.

— Mas nossa imagem será exatamente igual?

— Serão como um reflexo no espelho. Uma estando diante da outra, será impossível diferenciá-las. Apenas vocês continuarão se vendo normalmente. E é tudo que sei a respeito até agora.

— Mas, não sabe tudo sobre o feitiço? — espantou-se Kilayra.

— Infelizmente, foi tudo que pude traduzir até agora, mas hoje é o último dia que essa magia poderá ser realizada.

— E que segurança temos então? — nesse momento a expressão de Ritshy demonstrava um vacilo.

— Nenhuma, mas se não for feito hoje, não haverá meios de que participe deste torneio, princesa.

— Por quanto tempo é seguro ficarmos sob o efeito disso?

— Não sei.

— Mas Monroy...

— Princesa, eu não tenho muita experiência com feitiços antigos. Não posso oferecer certeza de nada, ainda mais sob a pressão de estarmos na linha d'água no tempo.

— Quando aceitei te ajudar, você disse que sabíamos os riscos — Ritshy decidiu.

— E se nunca mais voltar ao normal? — preocupada.

— Esquece isso. Não deverá ser tão ruim assim se eu permanecer igual a você para o resto da vida. Sei que existem pessoas naquele palácio que matariam pra ter sua aparência.

— Não brinca com uma coisa dessas! Podem haver maiores implicações.

— É a hora — disse Magda em um tom indecifrável variando entre a austeridade e a preocupação. Passou para as duas um frasco com uma poção prateada e borbulhante.

— Não tenho mais tanta certeza...

— Está com medo, amiga? — questionou Ritshy já com mais animação em sua voz.

— Só por você.

— Esquece isso! Mas diga, maga — encarando a poção —, o que teremos que fazer?

— Olhar uma nos olhos da outra e repetir. "Ut tunc desiderium meum magicae interficiam vetustissima".

— E depois para desfazer o feitiço?

— O processo é o mesmo, mas não precisarão tomar nenhum antídoto. Mas existem no livro as condicionantes para desfazer a maldição e eu ainda estou trabalhando na tradução. Já sei que é seguro, que as palavras tem um dia e local exato para serem ditas. Mas não traduzi tudo ainda... Pelo que entendi, terão que conviver com a magia por um tempo determinado. Pelo calendário do livro, o dia em que o feitiço poderá ser desfeito é daqui a algumas luas, mas precisarei calcular a data com maior precisão.

— Creio que seja essa a hora que brindamos e bebemos esse treco aqui!

— Não tenho certeza...

— A questão é: vão tentar mesmo correndo riscos? —Encaminhava-se para a porta, queria ver onde estavam as luas.

— Não — Kilayra não colocaria a vida da amiga em jogo.

— Vai desistir? Não pode! Mas e o torneio?

— Sua segurança é mais importante pra mim que tudo isso. Se você ficar igual a mim pra sempre, terá que abandonar sua vida!

— Não pode desistir assim. É a Princesa Kilayra Bremen! A vida é minha, e eu tenho o direito de decidir o que fazer com ela!

— Isso não me dá o direito de te colocar nessa história maluca que inventei.

— Pense em nós, na Ordem. Com você como chefe da guarda será tudo muito mais fácil.

— Isso tudo é uma maluquice! Eu nem sei se suportarei o calor daquele dia.

— Sabe que vencerá.

— Esqueça isso!

— Não. Vou até o final.

— Não existirá final se não houver começo.

— Vamos garotas, a hora está acabando. É melhor decidirem-se, ou será tarde.

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Elas tomarão a poção? 

Vejo vocês no próximo capítulo!Votinhos... Votinhos... Estrelinhas... comentáriosss... kkkk

Se estão mesmo gostando, indiquem, isso motiva tando essa que vos escreve! :) : P

Meu muito obrigada! E...

Aquele Abraço,

W.F.Endlich


A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora