A Senhora do Caos - A Viajante e o Dragão

Capítulo 32

Joice estava prestes a perder a força das pernas. Aquela figura parada à sua frente deveria pertencer ao grupo que fazia oposição ao Rei de Lemúria, um integrante das raças hostis. Eles estavam com seu pai e agora, podia deduzir que também estivessem com Rodrigo e Vivi. Eles corriam grande perigo se estivessem mesmo no Daran. Estariam com suas vidas ameaçadas? Devia confiar num holograma de sua avó morta. E por que não acreditaria se parecia tão... verdadeiro. Nossa! Tinha mais dúvidas agora do que antes de entrar naquele templo em busca de respostas e do caminho de volta à Terra. Foi até aquele lugar numa tentativa desesperada e com uma única intenção: voltar para casa. Mas agora? E se fosse mesmo embora? Então ela selaria o destino de seu pai e dos outros nas mãos das raças hostis. Então ela precisava ficar. Já que sua mãe estava morta, esse pensamento lhe causava um calafrio na coluna, seu pai preso, e agora Vivi e Rodrigo naquele planeta? Que vida esperaria por ela em seu antigo lar, sendo que todas as pessoas que realmente amava e com as quais se importava poderiam estar presas no Daran? E ainda necessitarem que ela os ajudasse. Então era preciso fazer uma escolha. Ela deveria escolher ficar. Sentiu naquele momento que foi a primeira decisão que pôde tomar desde que chegou. Mas havia mesmo uma possibilidade de escolha? E se ela entrasse no portal com os seus poderes pouco desenvolvidos, ela sobreviveria àquela viagem? Mas era interessante pensar, dali em diante, que ficar no Daran havia sido uma opção dela.

Reuniu todas as suas forças e lançou uma rajada de fogo contra aquele ser parado à sua frente. Ele levantou um escudo dourado e a força de seu ataque o arrastou alguns metros. Ela olhou a abertura de uma das janelas do templo, e saiu correndo em direção ao vão, enquanto ele ainda se recompunha do ataque que ela havia desferido. Não sabia em quantos eles estavam e caso eles a capturassem, as chances de desenvolver a plenitude de suas habilidades estaria arruinada. Precisava mesmo sair dali, agora isso era um fato tangível. Saltou pela janela e antes que pudesse conjurar sua levitação ela iniciou uma queda vertiginosa. Tentava concentrar sua mente para controlar seu peso contra o ar, mas o vento em rajada que a queda e a altura produziam dificultavam. Sua magia não estava sendo eficaz. Será que havia gasto todo seu poder no ataque contra o elfo? Seu poder era finito? Precisava lembrar-se de perguntar isso ao Erycles caso sobrevivesse. Ela sentiu um nervosismo e uma vontade de rir de si mesma pela situação ridícula em que tinha se metido. Pular daquele lugar sem ter certeza se conseguiria flutuar naquelas circunstâncias.

Quando percebeu que o chão se aproximava de forma frenética, começou ao menos a controlar a velocidade com a qual caía, não estava melhorando muito, mas talvez resolvesse até estatelar contra a superfície. Seu controle, até aquele ponto, não seria suficiente para evitar o fato de que se machucaria muito, tão certo quanto dois e dois são quatro! Estabacar-se, era tudo o que pensava. O inevitável parecia certo. O corcel alado veio em sua direção rapidamente. Conseguiu alcançar seu dorso e segurar a sua crina para que pudesse equilibrar-se. Quando montou, teve que usar um pouco de magia levitando para diminuir o impacto de parar de repente nas costas do animal, que continuava a descida acompanhando a moça. O que atenuava o baque, mas não seria suficiente. Foi uma manobra bastante inteligente dos dois que deu certo. Já devidamente montada percebeu que ele avançava ganhando novamente altitude. O coração parecia querer estourar o peito. A adrenalina estava a mil por hora! Agradeceu mentalmente ao animal voador e pediu que voltassem para o castelo. A tarde cairia em breve e ela não tinha como explicar a ninguém onde estivera durante todo o dia. Esperava que ninguém tivesse notado a sua ausência, mas duvidava bastante que isso pudesse ser possível.

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Aquele Abraço,

W.F.Endlich