Capítulo 38

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Joice havia dormido tarde, pois esteve ocupada em seu quarto, preparando o que gostaria de levar na mala para que pudesse passar vários dias em Montherran. Pouco mais de duas semanas a separavam de um torneio medieval. Isso inegavelmente a excitava. Ela levantou cedo. Tomou café na cozinha e seguiu para o quarto de Erycles. Chegando aos aposentos do bruxo a Rainha estava o aguardando do lado de fora.

— Nossa, eu estou atrapalhando o treinamento de vocês. Volto uma outra hora.

— Não tia, fique. Erycles às vezes demora pra chegar.

— Eu não atrapalharei, então? Não precisa ler nada?

— Não, hoje ainda não. Por enquanto já li tudo o que ele mandou. Precisa de alguma coisa? Posso ajudar?

— Hum...Você já aprendeu a solidificar magia? — interessou-se pelo progresso da moça.

— Um pouco... Mas só sei fazer com elementais e de cura, ainda não consigo com magias mais complexas e elaboradas, essas eu até consigo conjurar, mas ainda não sei solidificá-las muito bem.

— Então você mesma possa me ajudar.

Os olhos de Joice se iluminaram, pois seria maravilhoso ajudá-la. A tia era uma das pessoas que mais se preocupava com seu bem-estar desde que chegou naquele mundo.

— Claro. O que posso fazer? Do que precisa?

— Preciso de magia elemental. Uma para transformar algumas peças de minhas esculturas em pedra. Eu as fiz em madeira, mas não achei que ficou bom.

— Quanto precisa?

— Um frasco deste será suficiente — Estendeu um frasco de tamanho médio para que Joice o enchesse da poção que solidificaria.

A moça se concentrou e imaginou sua magia saindo de seu corpo através de suas mãos e direcionou a magia para dentro do frasco que segurava. Pensou nos olhos de Rodrigo quando teve que decidir a cor que o líquido assumiria e percebeu que o líquido foi assumindo a cor de seus olhos, um verde tão bonito e diferente, inconfundível. Ela encheu o frasco por completo e a tia sorria satisfeita. Ela a observava de forma tão agradecida e feliz, gostava muito de vê-la assim tão animada. Encheu o frasco com o máximo de magia que coube. Assim que terminou, Helena lhe pediu que fizesse uma quantidade igual da magia inversa, para transformar de volta na condição original as suas peças e desfazer caso errasse em algum momento. Imaginou o trabalho que a mulher teria cada vez que precisava daquelas poções. Sabia o quanto Erycles e seu tio eram ocupados e não deviam atendê-la prontamente. A cor escolhida desta vez foi o dourado, por lembrar-se dos cabelos de Vivian. Então encheu o segundo frasco, para que assim, pudesse contribuir com um bom estoque para seu lindo hobby.

— Obrigada Joice! Nossa! Nunca consegui tanta poção! Seu tio e Erycles sempre faziam tão pouco pra mim. Consideram um desperdício. Mas é tão pouca coisa que me alegra neste palácio...

— Não foi nada, quando precisar é só dizer.

— Isso é o bastante para muito tempo, mas assim que terminarem volto a te procurar, caso esteja livre e possa me ajudar.

A porta se abriu e o velho homem entrou pelo quarto. Olhou para os frascos na mão da rainha e resmungou alguma coisa inaudível.

— Rainha! — cumprimentou curvando-se.

— Erycles! Satisfação em vê-lo. Vim te procurar, mas minha amada sobrinha já preencheu alguns frascos com o suprimento para as esculturas.

— Entendo, folgo em saber que ela lhe foi útil.

— Obrigada, Joice! Vou deixá-los com seus compromissos.

— Tchau, tia!

— Até mais tarde! — Saiu fechando a porta atrás de si.

A Senhora do Caos - A Viajante e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora