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João Neves
(01:37)

Suspirei pesadamente depois de ver as horas marcadas no ecrã do meu telemóvel.

Depois do que acontecerá no corredor da Luz no fim do jogo, não paro de pensar nisso. Por isso ser estas horas e não conseguir dormir.

A sorte era que amanhã, neste caso jà hoje, não ter treino, já que era dia pós-jogo.

Preciso de falar com ela, explicar as coisas. Pode até não me desculpar, mas o facto de ficar a saber jà me vai aliviar.

Depois de muito matutar sem saber o que fazer, acabei por ter uma ideia.

Jà que amanhã tinha o dia livre e a Sara estava de férias, era uma ótima oportunidade para nos encontrarmos e falarmos sobre o que acontecerá.

Num instante, vi-me a pegar no telemóvel e abrir o contacto dela. Por sorte não fui bloqueado.

Ia sugerir irmos ao Starbucks. Sabia que adorava, e que, caso a vontade de sair comigo fosse pouca, isso ia fazê-la ponderar a ida.

Sarita🤍

Amanhã, tás livre?

...

Não enrolei muito, resolvi ir direto ao ponto. Sei bem que, nesta altura do campeonato, qualquer palavra pode ser usada contra mim e fatal.

Também não esperei ter resposta de imediato. Era tarde e, mesmo não tendo aulas, não largava o hábito de dormir cedo.

Mas, para a minha surpresa, respondeu passado poucos minutos.

Sarita🤍

Amanhã, tás livre?

Estar estou, mas n sei é se estou para ti.
Porque é que perguntas?

Ainda estás acordada?!

Não foi essa a pergunta que te fiz.
Porque é que perguntas?

Estava a pensar que podíamos sair...
Preciso mesmo da falar contigo, Sarita...

Hm... aonde sugeres?

Starbucks?

Pode ser.
Horas?

Por volta das 15.

Ok.
Fico à tua espera!

Estás a falar asserio?

Estou.
Não te atrases!

Não me atraso!
Até amanhã, Sarita!

Até, João.

...

Não pude evitar sorrir com a proposta aceite por ela.

Pousei rapidamente o telemóvel e deitei-me confortável para tentar adormecer. Torcendo para que também acontecesse rapidamente.

Na verdade, torcia para que o tempo até amanhã passasse rápido.

...

Olhei confuso para o jogador que ainda me fitava, estranhamente, frio.

Jà há segundos contará ao Tiago que daqui a algumas horas me ia encontrar com a irmã dele.

Não sabia o que tirar do olhar dele ao saber disso, e isso assustava-me.

- Que foi? - finalmente perguntei-lhe. - Parece que não ficaste feliz!

- Talvez não tenha ficado! - encolheu os ombros.

Olhei-o confuso e chocado.

- Porquê?! - perguntei indignado. - Só me quero resolver com a tua irmã, voltar a ser o que éramos antes!

- Aí está o problema! - disse, desta vez, menos calmo.

Eu realmente não estava a entender. Ele também soube o motivo de eu me ter afastado. Porque é que agora está a agir assim?

- Qual problema Tiago?! - questionei-o, irritado. Estava apenas a complicar coisas simples. - Tu sabes o porquê de me ter afastado. Sabes que não o fiz por queres. Qual é o problema Tiago?! - Repeti.

- Os teus sentimentos, João! - olhou-me. - Quando te afastas-te, acompanhei os dois lados. Sei que tu sofreste, mas, acredita João, o que a Sara sofreu não está escrito! - pareceu triste ao lembrar. O que também me entristeceu. - E também sei os teus sentimentos agora. Nunca deixaste de sentir o que sentias e, com isso, o ciclo vai se repetir. Não a quero ver sofrer outra vez!

Demorei uns segundos para responder. Isto foi de oito a oitenta muito rápido.

- Não vai Tiago. Acredita que não! - assegurei. Não ia voltar a fazer merda.

- Como é que tens tanta certeza?! - perguntou alterado.

- Porque não suporto estar longe da tua irmã! - admiti, no mesmo tom. - Não vou voltar a ser um merdas, ok?!

- E os teus sentimentos por ela? Vais fingir que não sentes nada?

Apanhou-me de surpresa com a pergunta e por isso, nada lhe respondi. Não sabia o que responder.

- Estás a ver João. - disse, mais calmo. - E mesmo que admitisse e fosse recíproco, não ia dar certo! Tu tens 19 e ela 16. São idades diferentes, maturidades diferentes...

- A tua irmã é bem madura para a idade dela, e tu sabes isso. - interrompi-o, falando num tom de voz seco. Odiava quando falavam sobre isso: impedimentos de um possível e futuro relacionamento com a Sara.

- Mas não iam ser aceites! - afirmou irritado. - João, tu não és uma pessoa indiferente. És famoso em Portugal inteiro e fora dele. Tudo bem que a Sara está habituada a lidar com certas bocas. Mas ser criticada e falada por milhares de pessoas? Ia acabar com o psicológico dela, João...

Depois disso nada disse. Assim como eu.

E após longos minutos em silêncio, resolveu levantar-se da cadeira da mesa onde estávamos: num café, na esplanada.

- Não me importo que te resolvas com a minha irmã. - disse, já de pé, o que me fez olhar para ele. - Até acho que a vossa amizade faz bem aos dois! - concluiu. - Mas não quero que tenhas algo a mais com ela! - avisou, decidido e saiu do café.

Já eu, continuei lá por volta de meia hora a pensar no que dizer mais tarde à Gouveia mas, acima de tudo, como iam correr as coisas daqui para a frente se voltássemos a antes.

Tenho receio, não minto, mas não quero mais nada a não ser ter a minha Sarita de volta.

(...)

Briguinha...👀

RIVALS  ⇨  João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora