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Sara Gouveia

Mordi as unhas de gel ao ver que o meu irmão se aproximava do Starbucks.

Chegou a casa irritado e chateado hoje de manhã, perto da hora do almoço, por isso, decidi fazer o que faço sempre que está assim: conversar com ele. Como nada me quis dizer sobre o que o deixará tão irritado, ouviu-me.

Contei-lhe sobre a conversa que ia ter com o João. Disse-me para falar com ele mas para não me deixar magoar novamente. Assenti e disse que não me ia magoar.

- Podes sair, Sarita! - avisou-me assim que parou o carro. - Tens a certeza que queres ir? - perguntou-me, acarinhando-me a cabeça, ao ver que hesitei em sair do carro.

- Tenho! - afirmei com a cabeça. - Obrigada mano! Amo-te.- beijei-lhe a bochecha.

- De nada maninha! - repetiu o gesto. - Também te amo. Cuida-te. - disse-me enquanto saía do carro.

Assenti com a cabeça e acenei ao vê-lo arrancar com o carro.

É agora.

Suspirei nervosa, agarrei a alça da mala fortemente e entrei pelo café adentro.

Percorri o meu olhar pelas mesas, quando o encontrei.

Estava com um casaco preto, uma t-shirt branca e uma calças igualmente brancas. Estava lindo, não o posso negar.

Cheguei-me perto dele, sem saber muito bem como reagir.

- João. - chamei-o, o que o fez tirar o olhar do telemóvel e olhar para mim.

- Tu vieste! - disse ao levantar-se e abraçou-me.

- Vim! E quero ouvir-te, então aproveita! - aconselhei enquanto nos sentamos.

Olhou-me durante alguns segundos antes de começar a falar.

-Sara, eu afastei-me de ti jà à algum tempo... - começou. - Mas eu tive motivos, Sara, eu comecei a sentir o que não queria! - olhei-o, com surpresa. - Não sabia como dizer e tinha medo de estragar o que tínhamos, então afastei-me! Uma ideia de merda, eu sei! Mas na altura não pensei! - revelou, direto de mais.

Nada lhe respondi. Eu realmente não sabia o que responder.

- Não vais dizer nada? - perguntou.

- Não sei o que dizer, João! - suspirei. - Nunca me disseram isso... - admiti.

- Nunca te disseram que gostavam de ti? 

- Nunca me disseram que sofri por uma coisa que podia ser conversada e resolvida, isso sim! - olhei-o irritada 

- Eu já te disse que não pensei! - repetiu. - Na minha cabeça só ia piorar as coisas!

- Piorar as coisas? - perguntei, sarcasticamente. - Eu desde sempre fui compreensiva em relação a tudo! Tu sabe, e sabias, bem disso! 

- Quê, vais me dizer-me que ias lidar super bem com o facto do teu melhor amigo gostar de ti?

- Não te posso dar certezas agora, mas talvez se tivesses falado comigo na altura, saberias a minha reação. - ele olhou para mim, assim como eu para ele, mas nada dissemos durante um tempo, até ele quebrar o silêncio.

- Desculpa, Sarita! - agarrou-me na mão para que olhasse para ele. - Só quero voltar ao que eramos!

- Vai ser difícil, João. Não sabes o que passei nestes meses! - confessei, o que nunca confesso a ninguém a não ser ao meu irmão. E agora, estou a dizê-lo a quem menos o podia saber, o João. - E também não sabes o quanto me culpei porque, de um dia para o outro literalmente, deixas-te de me falar. Eu achei durante meses que a culpa era minha! - disse, já com lágrimas nos olhos.

- Desculpa... - sussurrou. - De verdade, nunca quis que te sentisses assim- - interrompi-o.

- Não digas mais nada, nem te tentes justificar, por favor! - pedi. - Vamos só tentar mudar de assunto, não vim ao Starbucks para nada!

Pedimos o que queríamos e logo à seguir começamos a comer. Não digo que foi fácil falar dos assuntos, já que os tínhamos sempre, mas foi mais fácil do que imaginei.

...

- Mas olha Sara, eu sinto-me mesmo arrependido. O teu irmão não se calou com isso e, mesmo nunca termos deixado de ser amigos, não hesitava em atirar-me á cara a atitude infantil que tive. - disse depois de um tempo de conversa nada relacionada aquilo. - E eu sei que não é fácil chegar aqui e desculpar-me mas, eu gostaria que o fizesses e que desses uma segunda oportunidade á nossa amizade! 

- João... sabes que não é fácil certo? - perguntei retoricamente, é óbvio que ele sabia. - Mas podemos, aos poucos, ir tentando. - vi-o sorrir. - Aos poucos! - deixei claro.

- Aos poucos! - repetiu.

Olhámos-mos por uns segundos com sorrisos largos na cara, mas, logo nos levantámos e abraçámos-mos. Não posso negar, adoro o abraço dele, e não há nada que me faça mais falta, se não considera-lo casa.

Adoro-o, nunca o deixei de adorar e nunca vou deixar.

(...)

Desculpem ficar tanto tempo sem postar, as coisas não têm andado fáceis e agora com a mudança de tempo, fiquei doente (como sempre :( ).

Mas para compensar, hoje vai dois!

Obrigada pela compreensão! 🫶

RIVALS  ⇨  João NevesOnde histórias criam vida. Descubra agora