A mordida real 2° - Chapter 50

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Eu libertava a fumaça de dentro da minha boca a cada suspiro que eu soltava, meu peito nú enquanto o corpo deitado ao meu lado encarava o teto.

— Porsche. — Eu o chamei, olhando-o por cima do meu ombro, o garoto lentamente se sentou na cama e me encarou, seus olhos visivelmente cansados, notórios de pouco sono.

Eu me levantei colocando as mãos dentro dos meus bolsos.

— Porsche. — Chamei novamente.

— Oque foi Kinn. — Ele respondeu cansado, ele não tinha a energia de sempre para me xingar, eu me aproximei dele e segurei seu queixo levantando-o.

— As coisas vão se resol..

— Não venha com positividades para cima de mim. — Porsche empurrou minha mão levantando-se da cama pegando a roupa jogada no chão. — Principalmente quando você usa essas mesmas palavras para Vegas. — Ele resmungou terminando de apertar a sua camisa.

— Você vai lá novamente? — Eu perguntei quando o garoto se direcionou para a porta.

— Claro. — Ele suspirou abrindo a porta e saindo, eu suspirei e deixei meu corpo cair sobre o colchão soft do palácio.

•🥀•

O corredor escuro, o cheiro da comida que eu tinha em minhas mãos, minhas mãos tremiam, eu gentilmente girei a maçaneta entrando no quarto do meu amigo.

Lá estava ele..no canto da parede, cabisbaixo tremendo, uma respiração ofegante, eu escutava o choro e quando ele levantou seu rosto, seus olhos não continham nenhum brilho além das lágrimas que caiam com brusquidão.

— Pete. — Eu chamei meu amigo, aproximando-me dele. — Você não anda comendo direito..por favor. — Porsche sussurrou lentamente aproximando de Pete.

— Não chegue perto de mim. — Pete resmungou, seu tom repleto de desespero, eu estremeci, meus braços trêmulos.

— Pete.. — Minha voz falhou e ele choramingou novamente.

— Eu consigo sentir Porsche! — Ele informa com desespero. — O cheiro que predomina suas veias..o cheiro das suas células..seu sangue.. — Ele ofega.

Faz um mês em que Pete descobriu sobre seu novo ser, desde esse dia, tudo piorou, Pete entrou em depressão e se tornou bastante paranóico, suas crises de ataque de pânico normalmente constantes, e mesmo Porsche tendo o risco de sair afetado disso. Ele nunca largou Pete.

Ele nunca largou o seu melhor amigo.

Vegas não foi diferente, o afastamento de Pete, os olhos odiosos de Pete com a informação levou Vegas a um esgotamento, Porsche não tem visto vossa alteza pelo palácio tanto quanto antes. Kinn algumas vezes informa umas coisas ou outras, como ele encontrou Vegas encharcado na tempestade de ontem, completamente perdido e acabado.

Pela situação psicológica de Vegas, o casamento dele com Tay foi adiado, a data ainda não definida, graças á sua mãe a rainha, pois seu pai ficou severamente irritado com a situação.

— Ainda nada? — A voz feminina abriu a porta e Porsche encarou-a.

— Vossa Majestade. — Ela cruzou os braços, seu corpo esbelto pela luz da vela em sua mão, seu rosto sereno enquanto aproximava-se.

— Pete. — Ela o chamou e o garoto a encarou com dor. — Nós estamos tentando ajuda-lo. — Ela sussurrou.

A rainha foi informada sobre a situação por Kinn, na altura Porsche tinha ficado irritado, mas ver que a rainha estava tentando ajudar Pete apesar de ser mãe do Vegas, deixou-o um quanto aliviado.
Inclusive, ela sabe do caso que Vegas e Pete tiveram antes disso tudo.

Ela aproximou-se, seu corpo humano fazendo Pete estremecer enquanto abraçava suas pernas.

— Você vai precisar beber plasma mais cedo ou mais tarde querido. — A rainha falou pousando a vela em cima da bancada ao lado, se agachando na frente de Pete. Sua mão agarrou o queixo de Pete. — Seus olhos estão cansados e avermelhados, seu corpo está pedindo por sangue. — Ela suspirou.

— Eu não quero!

— Você vai morrer assim, Pete! — Ela retrocedeu severamente.

— Eu não quero ser um monstro.. — Ele chorou desesperadamente. — Por favor me leva embora.. — Ele gritou encarando o teto, Porsche deixava as lágrimas caírem com a situação do seu amigo.

— Isso é mau. — A rainha suspirou fazendo um leve cafuné no cabelo de Pete quando percebeu sua crise de ansiedade voltando novamente. — Está tudo bem Pete. — Ela assegurou o garoto.

— Oque devemos fazer Vossa Majestade? — Porsche sussurrou. — Pete não está comendo e nem bebendo água direito..imagine..plasma.. — Ele sussurrou novamente e a rainha se levantou, seu corpo alto lentamente se virando.

— Porsche..me traga a faca. — Ela sussurrou e Porsche arregalou os olhos.

— Oque você está.. — A rainha levantou três dedos e Porsche arregalou os olhos correndo para pegar a faca entregando para a mais velha com nervosismo.

Os três dedos, a contagem regressiva. A Rainha não era de ameaçar com palavras, mas sim com gestos.

Ela ao segurar a faca encarou Pete.

— Mm? — Pete a encarou e então a faca.

— Pete, me desculpe. — a rainha suspirou e se agachou levantando a faca.

•🖤•

Os olhos abriram drasticamente ao som de um berro ecoando no palácio. O garoto apenas usando uma calça moletom, saiu correndo com desespero, seus caninos afiados ao cheiro do sangue familiar, sua raiva subindo pelo corpo.

— Pete! — A voz de Vegas era grossa quando abriu a porta do quarto, seus olhos arregalaram, suas pernas tremeram.

A visão de sua mãe com uma faca ensanguentada e sangue nas roupas de Pete e no chão.

A mordida real - VegasPete.Onde histórias criam vida. Descubra agora