A paz me abandonou

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A porta do meu escritório é aberta brutalmente por uma Daiana furiosa com um olhar de quem queria matar, me matar.

- Que palhaçada é essa Nathaniel! – gritou para quem quisesse ouvir.

- Pode entrar! – debochei, para ela que já estava dentro.

- O que você pensa que está fazendo, seu idiota! – gritou ainda mais alto para o espanto dos outros funcionários.

- Estou tentando trabalhar, não está vendo? – mantive minha voz calma, fingindo não saber do que ela estava falando.

- Vou desfazer o contrato com você e quero ver continuar nessa paz – ameaçou – agora, me entregue os documentos, está tudo cancelado. Não faço negócios com crianças.

- A única criança aqui é você Daiana – disse rodopiando a caneta entre meus dedos. – Chegou aqui aos berros sem nenhum comportamento corporativo, com se tivesse em um bar. Me diga o que você quer e seja breve, tenho assuntos importantes para lidar e seus chiliques não são um deles.

- Você mudou a notícia da matéria e isso me dá o direito de anula os contratos, estava na terceira cláusula. – Suspirou enfurecida enquanto abaixava o tom de voz.

- Na verdade só diz que você tem até 24 horas para mudar algo, não diz nada sobre alterar a matéria. – Dou de ombros mantendo a calma, conversando como se fosse um assunto casual, não um contrato de milhões.

- Exatamente, e essa mudança será feita agora. – diz firme com seu ar de superioridade voltando. - Me entregue.

- Sinto muito, mas esses documentos são de grande valor.

- Não vou ficar com pena de você, nem me pedindo desculpas.

- Daiana – disse, mas cativante e amigável possível. – Você entendeu errado não estou pedindo desculpas para que volte atras, só estou dizendo que sinto muito por não poder lhe entregá-los agora, já que eles acabaram de sair com o malote que envio mensalmente para que seja guardado aos documentos de grande importância no banco.

- Você só pode estar brincando! – grita outra vez.

- São meio-dia agora, o que significa que você demorou cinco horas para achar o erro, com seis horas de viagem até o banco já serão onze horas, mais quatro que eles precisão para separar e guardar dará o total de quinze horas e adivinha? Serão dez da noite horário que o banco fecha e você só poderá buscá-lo no outro dia as dez que é quando o banco abre, e até lá já vai ter passado de vinte sete horas, ou seja, você não terá mais autorização para mexer no contrato. Devido a isso, sinto muito! – finalizei com um sorriso satisfeito no rosto para a fúria da mulher a minha frente.

- Vou fazer com que você pague por isso Nathaniel, com o tempo as coisas sempre dão certo.

- Para uma mulher da sua idade eu não acho que o tempo seja o seu maior aliado.

- Moleque!! – sua raiva era gigante e com razão, não duvidava nada de que ela iria buscar vingança, me prepararia bem para aquilo.

- Senhora, retire se por favor. – Pedi educadamente.

- Eu trabalho aqui, se esqueceu? – se levantou pronta para deixar minha sala.

- Claro que não, são suas últimas 24 horas aqui.

- Como? – se virou em choque com minhas palavras.

- Bom, aquelas letrinhas pequenas do contrato, as que ninguém lê sabe? – pergunto ironicamente. – Nelas diziam que após as 24 horas de teste quando o documento começasse a valer oficialmente, será uma patrocinadora exclusiva, mas se nega a oferece assistência promocional e técnica à entidade ou pessoa patrocinada. Ou seja, você não irá mais trabalhar aqui nem ter qualquer relação com o Jornal, nem terá a autorização para falar sobre ele. E caso fale pode levar um processo daqueles, aproveite suas últimas horas para arrumar suas coisas. – A guiei em completo estado de choque pela porta e quando pensei estar livre de confusão um pequeno furacão loiro atravessa o salão principal com quatro escudeiros em seus calcanhares.

- Como você teve coragem de fazer isso com a Jenny seu babaca!

- Bom te ver também Eric – digo após um longo suspiro.

- Nate, eu sei que você é babaca as vezes, mas eu te considerava um bom partido. Não pensei que você trairia a Jenny assim na cara de pau né, mesmo sabendo do seu grande histórico de traições - Blair com suas falas irônicas de sempre. Nunca muda.

- Pessoal, estou no trabalho. – Estava perdendo a paciência. – Eu não traio a Jenny e ela está por dentro de tudo.

- Minha irmã nunca aceitaria uma ideia absurda dessas - cuspiu com a ignorância que sempre o acompanhava.

Dan costumava a ser meu amigo, mas depois que ele lançou aqueles livros estranhos tudo parece ter desandado, ele era a pessoa mais invejosa e manipuladora que eu já havia conhecido, jamais imaginei que toda essa aproximação e generosidade fosse falsa. Antes que qualquer pessoa eu confiava nele e no seu julgamento de caráter e atitudes, me decepcionei muito quando descobri a verdade por trás do garoto solitário.

- Se você não acredita então conversa com a sua irmã e esclarece, ah, você não faz isso. – Respondi furioso com minha voz já subindo alguns tons. – Tudo que você fez até agora foi mentir e manipular, e até onde eu me lembro está brigado com a Jenny por um motivo idiota e agora quer vir para cima de mim como se fosse o grande irmão, você não tem moral para isso, não mais.

Mal terminei de falar e fui acertado com um soco no maxilar empurrando brutalmente a minha cabeça para trás, cambaleei pelo golpe inesperado e ouvi gritos dos funcionários, alguns ameaçando a chamar a polícia e outros correndo em nossa direção para o segurar. Senti o gosto de sangue na boca, meus batimentos acelerados e uma vontade enorme de desferir dois socos na cara desse infeliz e foi exatamente o que eu fiz em um misto de raiva e adrenalina, mesmo sabendo que aquele era o meu local de trabalho quando a ficha caiu para mim logo me recompus com a ajuda dos funcionários que estavam próximos. Balancei a cabeça levemente respirando pausadamente para que o meu coração voltasse a bater normal. A minha esquerda Daiana estava parada com um celular posicionado ao ângulo de gravação, com o alvoroço diminuindo cheguei por trás da Blair, que amparava Daniel junto com Charlie Rhodes a tal prima da serena.

- Não deixa a Daiana sair daqui com o celular – sussurrei em seu ouvido.

- E por que eu te faria um favor?

- Porque você é minha amiga, e por mais que nos odiamos sempre apoiamos um ao outro.

- Olha só eu não gosto da sua namorada Tiffany humana, mas acho que você deve respeito a ela. Não seja o próximo Chuck.

- Não vou ser, eu amo a Jenny e nunca vou deixar que ela saia machucada. Tudo isso passou por ela. Cuidou de tudo melhor que eu.

- Ela é minha aprendiz lembra? – fala orgulhosa por um breve segundo. – Ou melhor era.

- Deixa que eu cuido desse pequeno selvagem. – falei pedindo licença entre a Blair e a Charlie para alcançar Dan.

- Para um jornalista você me sai um belo de um lutador ein! – brincou o outro com a boca ensanguentada.

- Pessoal, voltem ao trabalho por favor! – gritei para o bolo de pessoas se desfazer, lentamente cada um se dirigiu ao seu respectivo lugar e onde era uma zona de guerra a um segundo atrás agora era de uma paz absurda.

- Bom, eu preciso ser forte, já viu a princesa que anda do meu lado? Se algum otário mexer com ela eu preciso estar pronto.

Ele riu e levei todos para um café em frente ao jornal e passamos um fim de tarde agradável, mas agradável ainda quando Blair nos alcançou com um telefone quebrado e um sorriso vitorioso que eu amava ver nela a maioria das vezes.

Fresh Start ♡ little  JOnde histórias criam vida. Descubra agora