Capítulo 29 - Lady Marsalla

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Na manhã seguinte Johanne se comunicou com Oriza, para ver se podiam almoçar juntas

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Na manhã seguinte Johanne se comunicou com Oriza, para ver se podiam almoçar juntas. Estava furiosa por Ella ter interferido em seus planos e não queria encontrá-la enquanto não tivesse esfriado.

Horas depois um dos servos do castelo a deixava diante da casa da bruxa verde, com venezianas vermelhas e gerânios na janela do segundo andar. Oriza recebeu-a com seu enorme sorriso e só ao entrar na sala foi que Johanne se deu conta de que aquela casa, tão diferente do luxo do castelo, tinha sido a casa dos avós de Jeffery, onde ele tinha vivido até ser levado pelo lorde de Marsalla.

A mobília, que devia ser a mesma de quando os velhos bruxos estavam vivos, era escura e antiga, mas muito bem-cuidada. Numa das paredes havia alguns simbolos em madeira e, abaixo dele, uma série de pinturas.

Algumas pinturas eram antigas, amarelecidas, outras eram até bem coloridas. Ao todo havia ali, na parede, milhares de gerações de bruxas e magos.

— Tenho doze sobrinhos e sobrinhas... — Disse Oriza, apontando as pinturas mais recentes. — Sou uma bruxa tia fanática, uma vez que não tenho filhos... Mas são essas pinturas aqui que eu quero que você veja. Acho que poderiam ajudá-la a... compreender melhor.

A pintura sépia, oval, mostrava um casal jovem, posando rigidamente. A mulher tinha os cabelos loiro-brancos com mechas lilás e verde presos debaixo do véu de renda, a saia longa e escura do vestido tocando o chão. O homem vestia uniforme dos magos do reino de Morlóvia, com um chapéu pontudo debaixo do braço, de um tipo que Johanne só tinha visto em rituais festivos.

— São meus avós... — Revelou Oriza, carinhosa. — Estavam casados há quinhentos e cinquenta anos quando vovó morreu. E vovô morreu três meses depois. O maior deles era algo de outro mundo. Acredito até que é o que o seu povo chama de almas gêmeas, nós bruxas chamamos de predestinados.— Ela deslizou o dedo pelas outras pinturas. — Aqui são eles de novo, na lojinha de ervas e produtos místicos que tinham. E aqui o meu pai... Ele e minha mãe ainda estão vivos. Moram em Venela, agora. E esta aqui, sabe quem é?

Johanne olhou o retrato da jovem bruxa sorrindo timidamente em traje típico, os cabelos quase brancos num penteado repleto de tranças trabalhadas.

— É... é Deva, não é? — Ela gaguejou. — A mãe de Jeffery?

— É... — Confirmou Safira Oriza. — Acho que tinha cento e oitenta anos quando a pintura foi feita. Era uma jovem bruxa realmente linda, brilhando com a beleza de uma borboleta que desdobra as asas pela primeira vez. E, pouco mais de um ano depois dessa pintura, tinha sido seduzida pelo lorde Brishen.

— Não os julgue! — Disse Oriza docemente, notando a expressão rancorosa de Johanne. — Não sabemos o que foi que aconteceu. Todos eles já se foram e não podem mais se defender. Não temos o direito de julgar os mortos. Sejam eles humanos ou sobrenaturais... Tudo o que podemos... tudo o que podemos é viver honrosamente a própria vida. Olhe, Johanne. Você acredita que esta magrinha banguela aqui sou eu? Já fui magra, viu?

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