Capítulo 33 - Lady Marsalla

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Johanne nada disse

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Johanne nada disse. Relaxou na poltrona e olhou para Drake. As roupas formais dele, com camisa de babados branca e gravata de seda vermelha, pareciam impróprias, detrás da grande mesa de nogueira envelhecida pelo tempo. Era a primeira vez que ele parecia estar em desacordo com o ambiente que o rodeava. Quando se curvou para apanhar uma pasta no chão, uma mecha de cabelos caiu-lhe na testa e ele a afastou, impaciente. Parecia cansado, vulnerável, até mesmo para um vampiro, o rosto marcado por uma palidez inacreditável que Johanne não se lembrava de ter visto antes. Ela sentiu o coração doer de amor e paixão por ele. Desejava-o, queria envolvê-lo nos braços e repousar aquele rosto cansado entre seus seios, afastar aquela fúria toda...

— Olhe... — Disse Drake, estendendo a ela a pasta. — Este é o acordo que os anciões redigiram. Gostaria que pelo menos desse uma lida, antes de tomar qualquer decisão. Está conforme as leis imposta pelo imperador Dimitrescu, é claro, mas tem aí também as novas regras vigentes. Acho que conseguirá entender. A soma oferecida é razoável para terras não cultivadas desta região. Não tenho condições de lhe pagar o que o elfo Myles poderia. Eu já tive de dispor de alguns dotes do meu clã para poder levantar essa quantia oferecida. Por favor, Johanne, faça-o. Por mim. — Ele sorria, quase implorando. — Aquelas terras não podem ser mineradas, o túmulo de Akasha está lá.

Johanne se enrijeceu com a revelação. Seus olhos castanhos perderam toda a expressão e, quando ela se pôs de pé, estava fria.

— O que foi que aconteceu? — Perguntou Drake. — O que foi que eu disse de errado?

— Por favor, Johanne, faça-o por mim! — Ela riu. — Ainda posso ouvir Jefflery dizendo essas mesmas palavras, com esse mesmo sorriso, pedindo que me casasse com ele.

— Seria bom você lembrar que eu não sou Jeffery!... — Disse Drake endireitando o corpo, muito alto.

— Não mesmo? — Ela perguntou.

Encararam-se. O clima da sala era pesado, elétrico, cheio de tensão. Alguém bateu à porta. Drake fez um sinal para Johanne ignorar a interrupção. Bateram de novo. Resmungando maldições em voz muito baixa, Drake foi até a porta e abriu-a. Lá estava Ella em seu vestido de gala, a mão já levantada para bater de novo.

Os olhos cor de avelã passaram para o vermelho quase que imediatamente e depois para Drake e Johanne, seu rosto pálido maquiado demonstrou surpresa ao ver a pasta na mão da humana que tanto desprezava.

— Os convidados esperam por você. — Ella disse simplesmente.

— Claro, já vou indo. — Respondeu. — Vem também?

— Não... — Johanne respondeu. — Acho que já... dancei o suficiente. Vou para o meu quarto.

— Muito bem. — Ele esperou que ela passasse pela porta, trancando-a em seguida. — Vai analisar a minha oferta?

Johanne não respondeu. Olhou para Ella, mas a vampira estava impassível.

— Vamos, Drake... — Disse Ella, pousando a mão possessivamente no braço dele. — Temos de voltar para o salão principal.

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