Capítulo 42 - Lady Marsalla

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O tronco da velha árvore era todo cheio de entalhes e inscrições, muitas das quais tão velhas que era quase impossível discernir o que diziam, misturadas que estavam às irregularidades da casca escura

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O tronco da velha árvore era todo cheio de entalhes e inscrições, muitas das quais tão velhas que era quase impossível discernir o que diziam, misturadas que estavam às irregularidades da casca escura. Rigard & Scarlett. Ayeska e Elordi. Tantos casais, agora juntos ou já distanciados, haviam se encontrado ali, debaixo daquela copa protetora! Johanne não conseguia evitar de pensar em quantas donzelas teriam resistido aos seus ardorosos cavaleiros, terminando por ceder, na grama macia, os seus favores ao amado. Talvez fosse ali que os jovens vampiros do reino outrora trouxessem suas amadas companheiras...

Descobriu uma inscrição um tanto mais baixa que as outras, tão antiga que quase se confundia com as marcas da casca. Removeu um pouco o musgo ressecado e traçou as marcas com a ponta dos dedos: D. & C., 763 do reino de Marlóvia. Johanne sentiu um tremor percorrê-la, como se tivesse tocado a eternidade: 763 do reino de Marlóvia. Mais de mil e duzentos e sessenta e um anos tinham se passado desde que um vampiro do clã Brishen se encostara àquele tronco para gravar suas iniciais e se afastara em seguida para seguir seu destino. Destino que podia ser incerto, mas a árvore ali permanecia. O vampiro podia ter morrido ainda na guerra, ou amadurecido e se tornado um daqueles rostos da galeria de retratos do castelo. Mas o que quer que lhe tivesse acontecido, já tinha sido varrido pelos séculos.

Só as tênues letras na casca da árvore permaneciam. E permaneceriam pelos séculos seguintes, se os seres, tão tolos, não a destruíssem.

Pela primeira vez Johanne compreendeu o que Drake tinha dito a respeito de preservar a herança para seus sucessores. E de repente lhe ocorreu que, se ela vendesse a propriedade, a criatura que mais sairia prejudicada seria a filha de Drake, Aurora, a única Brishen que Johanne nunca gostaria de magoar.

— Areax, o que acontecerá com esta árvore quando começarem a cavar a mina? — Perguntou baixinho.

— Tudo depende do lugar exato onde começarmos a escavar. — Ele olhou em volta, fazendo cálculos mentais. — Mas se não me engano essa árvore vai ter de sair daí.

— Então por que perder tempo em marcar suas iniciais? — Perguntou Johanne, notando imediatamente quanto o elfo se sentiu envergonhado com a pergunta. — Não posso fazer isso. Não posso permitir que tudo isso seja destruído. Não pertence a mim, apesar de tudo o que a lei diz. Não tenho o direito. Os únicos que podem decidir o que acontecerá com esta árvore e com esta colina são os herdeiros de sangue desse lugar que fazem parte dessas terras: Drake e especialmente Aurora.

— Eu sabia!... — Gritou Areax, cravando o canivete no coração que tinha gravado na árvore. — Eu sabia que isso ia acabar acontecendo. Estava tudo indo bem demais! Por que é que eu fui inventar de trazer você aqui? Por quê? Meu tio vai ficar uma fera comigo?

— Então todas aquelas coisas maravilhosas que me disse eram só para me fazer vender a terra? — Perguntou Johanne, horrorizada.

— Não, Johanne, claro que não. Eu realmente queria que você viesse viajar comigo. Qualquer ser adoraria isso.

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