"Não a Diferença Entre Viver & Receber Permissão pra Viver. Assim Como Não há Diferença Entre Morrer & Ser Morto."
Johanne saiu sem conseguir desgrudar os olhos daquela vampira ameaçadora e contraditória. Fechou a porta e apoiou-se nela, sem ar, o coração disparado.
No mundo em que vivia as pessoas não ameaçavam as outras e muito menos as expulsava antes mesmo de saber o que era necessário ou destruia com palavras ofensivas e humilhantes como Ella acabará de fazer. As próprias palavras tinham um ar antiquado que combinavam mais com a era medieval que com a os dias atuais. E que poder poderia ela ter para destruir tudo o que os Brishen significam? A coisa toda parecia idiota, melodramática, produto de uma imaginação doentia. Ella era evidentemente uma vampira com problemas sérios de personalidade.
— Podemos ir? — Perguntou Cinisia, a criada. — O Lorde Brishen ficou muito irritado de a mademoiselle não ter sido levada até ele assim que chegou.
— Vamos... — Disse Johanne, louca para sentar e descansar, irritada pelo fato de os Brishen parecerem sempre incapazes de virem até ela.
Seguiu a criada através de uma enorme sala, ornamentada com pinturas e mobiliada apenas com um sofá e uma poltrona ao lado do maior piano que já tinha visto na vida. Era um piano de cauda, evidentemente uma antiguidade construída por algum mestre-artesão humano a muito tempo atrás, e ela se aproximou do instrumento reverentemente. O revestimento de madeira de roseira era finíssimo e Johanne mal podia refrear o desejo de tocar aquelas teclas de marfim amarelecido pelo tempo. Tentou calcular quantos anos teria. Não era mobília original do schloss, pois podia ver debaixo da tampa aberta que as cordas se cruzavam em camadas, técnica que só havia sido desenvolvida no começo do século dezenove. Era tão lindo! Imaginava se a afinação seria tão perfeita quanto o móvel. Seria um verdadeiro sacrilégio instrumento tão perfeito estar desafinado!
Havia uma partitura na estante e, indiferente à criada, Johanne a virou, esperando encontrar alguma coisa de Liszt. Ou quem sabe Chopin, talvez Mozart. Mas viu, decepcionada, que era algo chamado Das Madchen und San Hund escrito em notas e números bem grandes, para crianças. Jeffery nunca tinha mencionado nenhuma criança na família, mas era evidente que aquele magnífico instrumento era usado para alguma criança praticar, usando uma música insípida e simplória.
— Mademoiselle, temos de ir, por favor. Não toque em nada. — Implorou Cinisia. — Lorde Brishen está esperando! — A voz da criada indicava que Drake Brishen não era um vampiro acostumado a esperar.
Apesar de tentada a demorar ainda mais, só para provocá-lo, Johanne resolveu acompanhar a criada, para não criar problemas à coitada, pois não seria justo. Mas antes de sair da sala de música prometeu a si mesma que tocaria aquele instrumento, nem que fosse uma única vez, antes de sair daquela casa.
Johanne, seguiu Cinisia através de uma série de salas enormes, tão opulentas quanto as que já tinha conhecido. Os estilos variavam, mas havia uma grandeza barroca dominando tudo. Era como um museu antigo.
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Lady Marsalla
VampirosSINOPSE ***LADY MARSALLA*** Johanne conhecia bem o orgulho e a cólera da família Brishen. Fora casada com um deles - Jeffery - e, até que ele morresse, experimentou todas as provações que o inferno lhe poderia oferecer. Conhecia também a luxúria, a...