Any acordou na manhã seguinte com os olhos inchados e uma forte dor de cabeça. Ela se sentia péssima por não ter conseguido estudar para o simulado e isso a deixava de muito mal humor.
Enquanto se arrumava para o colégio, sua mente estava tumultuada com preocupações e autocríticas. Ela se culpava por não ter conseguido se concentrar na noite anterior e por ter deixado as coisas escaparem do controle.
Ao sair para o colégio, Any notou que seu pai já não estava em casa. Ele saíra cedo para uma reunião, deixando-a sozinha para enfrentar o dia. Com um peso no coração, ela seguiu em direção ao colégio, tentando afastar os pensamentos tumultuados que a assombravam desde a noite anterior.
Durante o caminho, Any tentou se concentrar nas ruas movimentadas, mas sua mente continuava a vagar pelos acontecimentos recentes. Ela se sentia inquieta e ansiosa, preocupada com as possíveis repercussões de não ter estudado para o simulado e com o que seu pai poderia pensar ao descobrir.
Ao chegar à escola, Any tentou se concentrar nas aulas, mas sua mente continuava turbulenta e sua falta de preparação para o simulado pesava sobre ela como um fardo. Ela se sentia frustrada consigo mesma e preocupada com as possíveis consequências de seu descuido.
Na sala de aula, Any permaneceu em silêncio, imersa em seus próprios pensamentos. Quando o professor entrou, o ambiente ficou ainda mais silencioso, e logo o simulado teve início. Any lutou para se concentrar, mas sua mente estava turva e suas respostas pareciam escapar de sua memória.
Com um sentimento de frustração e desânimo, Any preencheu as questões do simulado da melhor maneira que pôde. Não era o seu melhor desempenho, longe disso, mas ela sabia que precisava seguir em frente e lidar com as consequências de suas escolhas.
Ao terminar o simulado, Any entregou sua folha ao professor Herrera. Ele olhou para a prova dela.
Alfonso: Espero que não tenha respondido de qualquer jeito, Portilla. - disse de forma curta e grossa.
Any, visivelmente aborrecida e de mau humor, enfrentou-o pela primeira vez.
Any: E eu espero que trate as pessoas com mais educação. - disse, bravamente.
Alfonso: O que disse?
Any: Isso mesmo que você escutou.
O encarou de maneira desafiadora
Any: Quem você pensa que é para falar assim com os outros? Deve ser muito infeliz para infernizar os outros!
Todos os alunos encaravam perplexos. Any sempre fora uma menina muito centrada e quieta, a melhor da turma. Era novo vê-la agindo dessa forma.
Any: Quer me dar zero? Dê. Quer ligar para o meu pai? Ótimo... Fiz o melhor que pude. Fique aí no seu mundo de amargura, um mero professor de literatura infeliz. Eu já terminei e estou saindo.
Any estava saindo, mas de repente deu meia volta.
Any: Ah, e a propósito, essa sua cara de limão azedo e esse sapato horroroso me dão ânsia.
Alfonso ficou momentaneamente sem palavras, surpreso com a ousadia de Any. Seus olhos encontraram os dela, faiscando de indignação, mas também de determinação. Era como se uma faísca tivesse acendido entre os dois, um confronto de vontades e personalidades que nunca antes haviam se manifestado tão claramente.
Os outros alunos observavam a cena em silêncio, incrédulos com a troca de palavras entre o professor e a aluna exemplar. Alguns até mesmo seguravam a respiração, esperando para ver o desenrolar da situação.
Alfonso recobrou sua compostura habitual, embora uma centelha de admiração relutante brilhasse em seus olhos.
Alfonso: Muito bem, senhorita Portilla. Parece que finalmente encontrou sua voz - sussurrou para si mesmo
Any lançou-lhe um olhar desafiador antes de sair da sala de aula, deixando Alfonso para trás, ponderando sobre o que acabara de acontecer.
Any saiu do colégio e foi para casa, sua cabeça estava a ponto de explodir. Ao chegar, deu de cara com o seu pai.
Carlos Daniel: Em casa a essa hora? Deveria estar na aula.
Any: Terminei minha prova e vim embora.
Carlos Daniel: E como foi?
Any: Antes que venha me dar sermão, eu fui muito mal na prova!
Carlos Daniel encarou a filha, Any estava muito estressada.
Carlos Daniel: Como assim?
Any: Eu fui mal, não estudei direito.
Carlos Daniel: O que eu sempre digo para você? Estudo em primeiro lugar. Pago um colégio caro para você, um dos melhores do país, para tirar nota baixa?? Isso é inaceitável.
Any mais uma vez explodiu...
Any: Sinto muito por não preencher suas expectativas e por ser uma péssima filha. Eu tentei, pai, juro que eu tentei, mas jamais serei o que você quer... Durante anos estou tentando te agradar e nada está bom! Desde sempre fazendo os seus gostos, e você sempre me criticando!
Carlos Daniel: Any - surpreso.
Any: É verdade, fiz tudo oque VOCÊ QUERIA, fiz aulas de esgrima, balé, aula de dança, canto, música, francês, sempre dei o melhor de mim tirando notas máximas, mas você sempre me força a ir além. Eu sinto muito se sou um desgosto. EU SEI QUE AO INVÉS DE MIM VOCÊ PREFERIRIA UM FILHO HOMEM. ESTOU MUITO LONGE DE SER O QUE VOCÊ QUER, SINTO MUITO SENHOR CARLOS DANIEL POR TER VINDO AO MUNDO E POR NÃO TER MORRIDO NO LUGAR DA MAMÃE!!!
Any estava tremendo de raiva e frustração enquanto subia as escadas. Ela se jogou na cama, sentindo o peso de todas as expectativas que seu pai colocava sobre ela. As lágrimas escorriam pelo seu rosto, misturando-se com o cansaço e a angústia que ela vinha carregando por tanto tempo.
Enquanto isso, lá embaixo, Carlos Daniel permaneceu em silêncio por um momento, absorvendo as palavras contundentes de sua filha. Ele nunca havia percebido o quão pesadas suas expectativas eram para ela, nem como suas palavras afetavam profundamente Any.
Com um suspiro pesado, ele se deu conta de que havia falhado como pai ao colocar tanto peso sobre os ombros dela. Ele sabia que precisava encontrar uma maneira de se redimir, de reconstruir a confiança e o relacionamento com Any.
Enquanto isso, no quarto de Any, ela se sentia exausta, mas também aliviada por finalmente expressar tudo o que vinha guardando dentro dela. Ela sabia que as coisas não seriam resolvidas rapidamente, mas pelo menos ela havia conseguido colocar para fora tudo o que estava sentindo.
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Quando é amor
RomanceA gente não encontra o amor, o amor te encontra, e quando te encontra te arrasa, te tira o ar, e tudo oque te importa é amar, sem razão, sem especulações, amar é só amar porque essa é a verdadeira natureza lesa do amor.