"A forma como seus lábios se curvam quando está concentrada, ela parece ser uma obra-prima esculpida à mão. Cada linha do seu rosto revela uma história, cada expressão, uma emoção profunda que ela guarda em seu interior. Há uma beleza singela em sua seriedade, uma delicadeza que se manifesta quando está imersa em seus pensamentos.
Observar Any é como admirar uma pintura de um mestre renascentista; há detalhes que se revelam apenas para aqueles que prestam atenção. Seus olhos, tão profundos e expressivos, parecem conter um universo inteiro de sonhos e desejos não ditos. E seus lábios, ah, seus lábios... quando se curvam em um leve sorriso, é como se o mundo ao redor ficasse mais brilhante.
Ela não percebe o impacto que tem, a maneira como sua presença ilumina os lugares por onde passa. Em seus momentos de concentração, Any se transforma em uma visão que rouba o fôlego. É uma combinação de força e vulnerabilidade, um equilíbrio perfeito entre determinação e delicadeza.
Ao escrever sobre ela, sinto-me como um escultor tentando capturar a essência de sua musa, sabendo que nunca poderei realmente fazer jus à complexidade de sua beleza e ao encanto de sua personalidade. No entanto, continuo a escrever, na esperança de que, de alguma forma, consiga transmitir a magnitude do que sinto por ela."
Alfonso se esforçou para apagar as inúmeras linhas que havia escrito, porém não conseguiu, então, completamente frustrado, fechou seu computador. Sabia que usar sua aluna como inspiração era um absurdo e muito errado.Sentado ali, no silêncio do seu escritório, ele passou as mãos pelos cabelos, tentando organizar seus pensamentos. Sabia que os sentimentos que nutria por Any eram inapropriados, e a mera ideia de escrevê-los o enchia de culpa. Porém, a intensidade das emoções o consumia, e transformar isso em palavras era a única maneira que conhecia para lidar com o turbilhão dentro de si.
Ele se levantou e caminhou até a janela, olhando para a cidade iluminada. A chuva que caía do lado de fora parecia ecoar a sua turbulência interna. Alfonso sabia que precisava encontrar uma maneira de reprimir esses sentimentos, de manter uma distância segura. Afinal, era seu dever como professor proteger seus alunos, não permitir que suas emoções pessoais interferissem.
Fechou os olhos e respirou fundo, tentando afastar as imagens de Any que surgiam involuntariamente em sua mente. Sabia que a linha entre admiração e obsessão era fina, e não podia permitir que isso o dominasse. Decidiu que precisava se focar em seu trabalho, em sua escrita, mas sem usar Any como musa.
Enquanto a noite avançava, Alfonso fez uma promessa a si mesmo: iria manter seus sentimentos sob controle e se concentrar no que era certo. Sabia que seria um desafio, mas estava determinado a fazer o que fosse necessário para proteger a integridade de ambos.
Com essa resolução, voltou ao computador, fechando o documento sem reler as palavras que havia escrito, e abriu um novo arquivo em branco, disposto a começar de novo, desta vez com uma mente mais clara e focada.
Ao fechar os olhos, ele a imaginou dançando na chuva. A cena era vívida em sua mente: Any girava graciosa, com os braços abertos e o rosto voltado para o céu, enquanto as gotas caíam sobre ela. Seu riso ecoava suavemente, um som que parecia aquecer o coração de Alfonso, apesar da frieza da chuva.
Ele se lembrava de como a havia visto naquela noite, encharcada, mas sem perder a alegria. A imagem de seus cabelos molhados colados ao rosto, do brilho em seus olhos, e do sorriso sincero e despreocupado era algo que não conseguia esquecer. A forma como ela parecia livre, alheia a tudo ao seu redor, apenas aproveitando o momento.
Mas com essa lembrança vinha a culpa. Alfonso sabia que esses sentimentos eram inapropriados. Ele era seu professor e tinha o dever de manter uma distância profissional. Qualquer deslize poderia comprometer não só sua carreira, mas também a confiança e o bem-estar de Any.
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Quando é amor
RomanceA gente não encontra o amor, o amor te encontra, e quando te encontra te arrasa, te tira o ar, e tudo oque te importa é amar, sem razão, sem especulações, amar é só amar porque essa é a verdadeira natureza lesa do amor.