Capítulo 15

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Após a aula, Any permaneceu na sala de música, buscando refúgio no som do seu violino. Ela fechou os olhos e deixou-se envolver pela melodia, permitindo que cada nota expressasse suas emoções conturbadas. O violino era sua válvula de escape, seu meio de comunicação mais sincero.

Enquanto isso, Alfonso estava na sala dos professores, corrigindo provas. O dia havia sido longo e ele se sentia exausto, mas o som suave do violino chamou sua atenção. Ele parou por um momento, deixando-se levar pela música. Algo na melodia o tocou profundamente, despertando uma curiosidade irresistível. Alfonso seguiu o som, guiado pela pureza e intensidade da música que ecoava pelos corredores silenciosos.

Ao chegar à sala de música, ele abriu a porta com cuidado, tentando não interromper. Lá estava Any, completamente absorta na sua performance. Seus movimentos eram graciosos, e o violino parecia uma extensão de seu próprio ser. A luz suave do fim da tarde entrava pelas janelas, criando uma atmosfera quase mágica. Alfonso ficou parado na entrada, observando-a tocar com uma mistura de admiração e fascínio.

Ao terminar de tocar, Any abriu os olhos visivelmente frustrada e colocou o violino sobre a mesa.

Any: Que droga! Não consigo fazer nada direito.

Alfonso, que até então estava assistindo Any tocar escondido, resolveu intervir.

Alfonso: Você foi incrível.

Any: Que susto! - pulou assustada.

Alfonso: Desculpe.

Any: Não sabia que estava aqui.

Alfonso: Acabei de chegar. Você tocou muito bem.

Any: Não toquei, não. Desafinei!

Alfonso deu um passo à frente, com um olhar de compreensão.

Alfonso: Todos nós temos dias ruins, Any. Mas, acredite, para quem estava ouvindo, você parecia perfeita.

Any: É difícil acreditar. Eu só queria que tudo fosse mais fácil.

Alfonso: A perfeição não é fácil de alcançar. E mesmo quando pensamos que estamos longe dela, outros podem ver a beleza no que fazemos. Você é talentosa, Any. Não duvide disso.

Any olhou para Alfonso, seu olhar suavizando-se um pouco diante da sinceridade dele.

Any: Obrigada, professor. Às vezes, sinto que estou sozinha nisso tudo.

Alfonso: Você não está sozinha. Todos nós passamos por momentos de dúvida. O importante é não desistir. E lembrar que sempre há alguém que acredita em você, mesmo quando você mesma não acredita.

Eles ficaram em silêncio por um momento, um entendimento mútuo passando entre eles. Alfonso deu mais um passo em direção a Any.

Alfonso: Se precisar de ajuda, ou de alguém para ouvir, estou aqui. E se precisar de alguém para tocar junto, adoraria acompanhar você no piano

Any sorriu, sentindo um calor reconfortante no peito.

Any: Eu gostaria disso. Muito.

O ambiente na sala de música ficou mais leve. A tensão e a frustração que Any sentia começaram a dissipar-se. Ela pegou o violino novamente e, desta vez, quando começou a tocar, sentiu-se mais confiante, sabendo que tinha um apoio ao seu lado. Alfonso sentou-se ao piano e começou a acompanhá-la, seus olhares encontrando-se e se conectando através da música.

Naquele momento, enquanto Any e Alfonso tocavam juntos, uma conexão especial parecia se formar entre eles. Cada nota musical era uma troca de emoções, uma dança entre os instrumentos que refletia a sintonia crescente entre os dois.

Enquanto isso, nos corredores do colégio, os alunos começavam a se dispersar após o fim das aulas. Angie e Brenda, preocupadas com a ausência de Any, decidiram procurá-la pela escola.

Angie: Você viu a Any hoje?

Brenda: Não, nem na aula de álgebra ela estava. E ela nem respondeu minhas mensagens.

Angie: Estranho. Vamos dar uma olhada na sala de música. Talvez ela tenha ficado lá.

As duas amigas seguiram em direção à sala de música, onde o som do violino e do piano ecoava pelos corredores. Ao chegarem, encontraram Any e Alfonso tocando juntos, imersos na música.

Brenda: Uau, parece que chegamos em um momento especial.

Angie: Eles estão incríveis juntos.

As duas assistiram em silêncio, admirando a cena diante delas. Era como se a música envolvesse não apenas Any e Alfonso, mas também todos ao seu redor, criando uma atmosfera de serenidade e conexão.

Enquanto isso, na sala de música, Any e Alfonso continuavam a tocar, perdidos no mundo da música e das emoções compartilhadas. Era como se, naquele momento, nada mais importasse além da harmonia que encontravam um no outro.

A troca de olhares durante a música criava uma atmosfera de intimidade entre Any e Alfonso. Enquanto seus dedos deslizavam habilmente pelas cordas do violino e pelas teclas do piano, seus olhos se encontravam repetidamente, comunicando mais do que palavras poderiam expressar.

Cada olhar carregava consigo uma mistura de emoções: a alegria de estarem compartilhando aquele momento juntos, a admiração pela habilidade musical um do outro e a crescente atração que ambos tentavam ignorar. Era como se a música fosse o veículo que permitia que suas almas se conectassem de uma maneira mais profunda.

À medida que a música chegava ao seu clímax, Any e Alfonso se encontraram perdidos nos olhos um do outro, imersos na beleza da melodia que criavam juntos. O mundo ao seu redor parecia desaparecer, deixando apenas eles e a música que os unia.

Foi nesse momento de pura conexão que seus lábios finalmente se encontraram em um beijo suave e delicado. O tempo parecia congelar enquanto eles se entregavam ao calor do momento, perdidos no doce sabor da paixão que haviam mantido escondida por tanto tempo.

Quando finalmente se afastaram, seus olhares se encontraram novamente, agora cheios de uma compreensão mútua e uma promessa silenciosa de que esse era apenas o começo de sua jornada juntos. E enquanto a música continuava a soar ao seu redor, Any e Alfonso souberam que aquele seria um momento que jamais esqueceriam.

Any esfregou os olhos sonolentos enquanto tentava afastar as lembranças do sonho confuso que a assombrava. Ela se sentou na cama, tentando entender por que o rosto do professor Herrera continuava aparecendo em seus sonhos.

Any: Credo!! Porque estou sonhando com o professor Herrera? Só posso estar ficando louca

A sensação de desconforto persistia, e Any se viu revirando os acontecimentos recentes em sua mente, tentando encontrar uma explicação para aquele sonho estranho. Será que era apenas o resultado de seu subconsciente processando as emoções tumultuadas que vinha experimentando ultimamente?

Decidida a afastar esses pensamentos, Any se levantou da cama e caminhou até a janela, deixando que o ar fresco da noite acalmasse seus nervos inquietos. Talvez fosse apenas um sonho sem sentido, uma manifestação passageira de seus medos e incertezas.

Mas, mesmo assim, uma parte dela não conseguia ignorar a sensação estranha que o sonho deixara para trás. E enquanto observava as estrelas cintilantes no céu noturno, Any não pôde deixar de se perguntar se havia algum significado mais profundo por trás daquele encontro improvável em seus sonhos.

Quando é amorOnde histórias criam vida. Descubra agora