Capítulo 22

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Naquela noite, Alfonso decidiu visitar seus pais. Era uma oportunidade para se distanciar dos eventos tumultuados do dia e encontrar um pouco de paz. Durante o jantar, seus pais, sempre atentos aos detalhes, perceberam que ele estava diferente.

Maria: Filho, você está bem? - perguntou sua mãe, com um olhar preocupado.

Alfonso piscou, saindo de seus pensamentos e forçando um sorriso.

Alfonso: Sim, estou bem, mãe. Só um pouco cansado, acho.

Seu pai, Ernesto, o observava atentamente.

Ernesto: Você parece distraído, Alfonso. Aconteceu alguma coisa no trabalho?

Alfonso hesitou por um momento, tentando decidir se deveria compartilhar seus sentimentos. Ele sabia que podia confiar nos pais, mas a situação era delicada.

Alfonso: Foram só alguns dias complicados, nada com o que se preocupar - respondeu ele, tentando parecer convincente.

Maria e Ernesto trocaram olhares. Eles conheciam bem o filho e sabiam quando ele não estava sendo completamente sincero.

Ernesto: Alfonso, você sabe que pode falar conosco sobre qualquer coisa - com uma voz firme mas acolhedora.

Alfonso suspirou, sentindo o peso dos últimos dias se acumulando sobre ele. Decidiu abrir um pouco do que estava sentindo, sem revelar todos os detalhes.

Alfonso assentiu, sentindo-se um pouco mais aliviado. O simples ato de compartilhar uma parte de sua carga já o fazia sentir-se menos sozinho.

Maria: Vou buscar a sobremesa - disse Maria, levantando-se da mesa e indo para a cozinha.

Ernesto: Agora que sua mãe saiu, pode contar para o seu velho o que está te incomodando - disse Ernesto, inclinando-se para a frente com um olhar sério.

Alfonso: Eu fiz besteira, pai - confessou Alfonso, baixando a cabeça.

Ernesto: Como assim você fez besteira? Logo você, meu filho, que sempre foi politicamente correto. Não vai me dizer que está usando drogas?

Alfonso: Claro que não, pai.

Ernesto: Tá roubando?

Alfonso: Não - respondeu Alfonso, fazendo uma careta.

Ernesto: Você é Gay? Se você for, saiba que pode sair do armário tranquilo, não vou te julgar, vou te aceitar do mesmo jeito! Ou se for problemas na sexualidade, pode ficar tranquilo podemos procurar um médico, filho é normal broxar!

Alfonso: Pai!!! - chamou a atenção dele balançando a cabeça negativamente

Ernesto: Está fumando um baseado?

Alfonso: Claro que não, pai.

Ernesto: Engravidou alguém? Finalmente vão me dar um neto?

Alfonso: Pai, não é nada disso!

Ernesto: Então não fez nada "grave".

Alfonso: Eu beijei uma aluna - Alfonso disse, a voz baixa, como se o peso das palavras fosse esmagador.

Ernesto ficou em silêncio por um momento, absorvendo a informação.

Ernesto: Tá falando sério?

Alfonso: Mais sério que um ataque cardíaco - respondeu Alfonso, encarando o pai com olhos carregados de arrependimento.

Ernesto suspirou profundamente, passando a mão pelo rosto.

Ernesto: Alfonso, isso é... complicado. Muito complicado. Você sabe o que isso pode significar para sua carreira, certo?

Alfonso: Sei, pai. E é isso que está me matando. Eu não sei o que fazer. Foi um momento de fraqueza, e agora estou preso entre o que sinto e o que é certo.

Ernesto olhou fixamente para o filho, sentindo a dor e o conflito interno que ele estava passando.

Ernesto: Filho, você precisa ser honesto consigo mesmo e com essa aluna. Não pode deixar isso continuar. Se realmente quer proteger a integridade dela e a sua, precisa resolver isso de uma maneira adulta e responsável. Talvez falar com um conselheiro escolar ou até mesmo se afastar por um tempo.

Ernesto: Você está arrependido?

Alfonso olhou para o pai, hesitando por um momento.

Alfonso: Não, pai. Não estou arrependido. Sinto que aquele beijo significou muito mais do que um simples erro. Foi um momento em que tudo fez sentido, por mais errado que fosse. Mas sei que não pode continuar.

Ernesto suspirou novamente, com uma expressão de compreensão mista com preocupação.

Ernesto: Entendo, filho. Às vezes, o coração nos coloca em situações difíceis. Mas você precisa ser prudente e pensar nas consequências de seus atos. Não é fácil, mas você precisa fazer o que é certo, mesmo que doa.

Alfonso assentiu, sentindo o peso das palavras do pai.

Alfonso:  Eu sei, pai. Vou lidar com isso da melhor forma possível. Obrigado por ouvir e me aconselhar.

Ernesto sorriu levemente, apertando novamente a mão do filho.

Alfonso sorriu, um pouco mais aliviado, e ambos voltaram sua atenção para Maria, que os observava, curiosa.

Maria: Vocês dois pareciam estar tendo uma conversa muito séria. Espero que tudo esteja bem - disse Maria, colocando a sobremesa na mesa.

Ernesto: Está sim, querida. Apenas conversas entre pai e filho - respondeu Ernesto, tentando aliviar o clima.

Enquanto comiam a sobremesa, Alfonso refletia sobre suas próximas ações. Sabia que precisava ser forte e tomar decisões difíceis para proteger tanto a si mesmo quanto Any. A conversa com o pai lhe deu uma nova perspectiva e uma renovada determinação para enfrentar os desafios que viriam.

O resto do jantar prosseguiu com conversas mais leves, mas Alfonso sentia uma nova determinação crescendo dentro dele. Ele sabia que precisaria enfrentar seus sentimentos e a situação com Any com cuidado e sabedoria, mas ter o apoio de seus pais lhe dava força para seguir em frente.

Quando é amorOnde histórias criam vida. Descubra agora