A FORÇA DO LOBO ESTÁ NO BANDO

Amor e Perdão

Quando Dalila saiu do chuveiro e colocou uma roupa, encontrou seu filho mais velho de cara fechada olhando para ela. Ela sabia o porquê e queria se desculpar com ele. Não foi intencional ela sabe disso, mas não foi algo certo. Deixou todo mundo preocupado e se sentiu hipócrita por um momento. Sempre foi tão preocupada com seus filhos e de repente jogou a toalha e fez o que deu na telha. Adiantou alguma coisa? Não! Resolveu os problemas? Também não! Essa não é e jamais será a resposta para as coisas. Como ela foi infantil e imatura! Não adianta correr dos problemas, eles sempre estarão na sua frente esperando suas loucuras e surtos passarem para te atormentarem de novo e de novo até que você possa resolve-los. Era a hora de pedir desculpas, mas Victor sabia que isso aconteceria e por mais que ele vá perdoar a sua mãe, pois ele a ama muito, não vai ceder agora. Ela precisa ouvir!

- Victor, meu menino... - Disse a mulher se achegando com calma, mas é interrompida pelo filho.

- Não vem com essa de "Victor, meu menino" não! - Ele começa. - Usando droga mãe? Sério? Virou adolescente revoltada? Perdeu a vergonha na cara? - Ele cruza os braços.

- Eu sinto muito. Eu perdi o controle, perdi a cabeça. Não foi certo o que eu fiz, me perdoa meu filho! - Ela diz tentando tocar o coração de Victor.

- Eu te perdoo mãe, mas não posso deixar isso passar. A senhora sempre me ensinou a nunca ir por esse caminho e agora depois de velha tá sendo hipócrita? - Ele segura as lágrimas. - Se sabe que não é certo, então por que fez? Sabe o quanto eu fiquei preocupado com você mãe? Eu tive que mentir para Agar quando ela perguntou de você. EU TIVE QUE MENTIR PARA ELA e eu nunca fiz isso. Que droga de líder e mãe a senhora é? Eu tô... Eu tô... - Ele gagueja e trava e um pouco. - Eu tô decepcionado com você mãe! Sempre te vi como um exemplo, sempre! E agora que tipo de exemplo é esse que está querendo dar?

Dalila ouvia tudo quieta, não iria repreende-lo pois ele estava na razão. Ensinou seus filhos a não abaixarem a cabeça para as coisas erradas e nesse momento quem estava errada era ela mesma. Partia o seu coração ver o seu garoto daquele jeito e a culpa só subia cada vez mais. Sentia sua mente desconfigurar a cada palavra proferida por seu filho. Sentiu de repente um sentimento de suicídio, pois estava se sentindo tão culpada e inútil naquele momento que só queria sumir e deixar de causar ou ser problema. Foi então nesse momento e situação que viu o quão ferido estava seu filho e ele estava fazendo a mesma coisa que ela. Guardando tudo para si. A quanto tempo isso acontece? Por que ele nunca lhe falou nada?

- Victor... - Ela começa a tremer.

- EU TO AQUI MAE!!! A SENHORA NAO TA VENDO? NAO CONSEGUE ME VER? TO INVISIVEL PARA VOCE? - Ele desaba em lágrimas. - Nós somos família, nós três! Fala comigo, conversa comigo, desabafa comigo. Não foi só a senhora que perdeu alguém, eu perdi um pai, um tio e um avô! Agar cresceu sem pai, ela nem sabe como ele era e tudo que ela precisa é de uma mãe. Mas uma mãe sóbria e não uma mãe drogada. Poxa, a senhora não parou pra pensar nela? Ela so tem 10 anos mãe, DEZ ANOS! - Ele falava se tremendo e com a voz trêmula.

- PARA DE ACHAR QUE A DOR SÓ ATINGE A VOCÊ!!! - A sua voz falha no final. Ele encosta no sofá para não cair de joelhos no chão. - Eu te amo mãe, para de me machucar... - Ele diz em um sussurro. - A gente é família, a gente tem que se unir e se ajudar. Não faz mais isso mãe. Se não consegue fazer isso por mim ou pela senhora mesmo, faça pela Agar, ela não merece isso. - Ele termina sem forças, caindo no chão rendido.

Aquilo a acertou de um jeito, que se sentiu atordoada. Quando foi que perdeu as estribeiras? Como pôde deixar isso acontecer? Seu coração estremeceu e parece que o mundo caiu. Não lutou tanto por sua família para que isso acontecesse. Então, em sua memória, vieram as imagens dos seus filhos pequenos. O estresse e também as alegrias que eles deram a ela e se lembrou que tudo isso foi por eles. Atravessou o continente e tudo isso foi por eles, por amor a eles!