A FORÇA DO LOBO ESTÁ NO BANDO

A Guerreira Corajosa.

A quilômetros de distância dali, em um país com uma forte presença na história, Milana, a irmã gêmea mais velha de Dalila, patrulha os limites de seu território. A floresta densa, o cheiro de mato se destacava, no limite de seus pés, os pequenos insetos e animais andando, correndo, se escondendo ou caçando. Era noite, o céu negro e todo estrelado, a terra fria, os riachos ao longe e o frio sútil mesmo com roupas adequadas. Trinta e sete anos haviam se passado e tudo que Milana mais queria, era alguma resposta ou sinal de que sua gêmea ainda estava viva.

Ela se abaixa e toca o chão. Seu pulsar se une ao pulsar da terra que tocara. Ela consegue ouvir as patinhas das formigas para lá e para cá, trabalhando sem parar e mais abaixo, o organismo das árvores trabalhando, pegando água do solo e nutrientes e carregando por toda a árvore até chegar a copa. Era quase possível visualizar a linha de trajeto de todo esse belo e lindo trabalho, mas mesmo não podendo ver, era possível sentir.

– Minha irmã, Dalila. Por favor diga-me onde ela está e se ela está viva. Por favor! - Ela aperta a terra. – Eu preciso da minha irmãzinha, toda a minha família precisa.

Um patrulheiro chega para assumir seu turno.

– Ei, Milana! É meu turno agora, vá descansar!

Ela respira fundo e levanta.

– Claro, boa sorte! - Ela dá um enorme sorriso e volta para junto dos outros.

Seu pai, Maxim, a criou sozinha mesmo tendo ajuda. Após a partida do restante da família e do bando, Maxim ficou alguns dias sozinho com a sua filha, até seu tio chegar e chegar sozinho. Nikolai se perguntou onde estavam todos e encontra seu sobrinho com um sorriso pequeno e a filha no colo chupando o cabelo do pai.

– Oi tio!

– Onde estão todos Maxim? É Maxim certo? - Ele encara o sobrinho.

– Sim, tio, sou eu! - Ele olha ao redor. – Onde estão os outros?

– Que outros Maxim?

– A... O seu bando tio. Por que veio sozinho? - Ele afasta a boca de sua filha dos seus cabelos.

– Por qual motivo eu traria o meu bando se eu só vim conversar com meu irmão? - Ele acaricia o topo da cabeça de Milana.

– M-mas meu pai disse que o senhor estava com muita raiva e que traria o seu bando para dizimar o nosso e por isso ele foi embora e só eu fiquei. - Ele põe a pequena no chão, pois a mesma estava começando a se mexer querendo colocar os pezinhos na neve.

– Maxim, eu jamais atentaria contra a minha família! Eu estava com raiva sim naquele dia e por isso fui embora e disse que voltaria depois, só isso! - Ele suspira. – Para onde o meu irmão foi? Quando ele foi?

– Já tem alguns dias que eles partiram tio... - Os lábios de Maxim tremem ao ver que se preocupou a toa e agora toda a sua família estava longe. – Meu pai foi para o deserto junto com Semyon, minha esposa, meu sobrinho e toda a alcatéia. - Ele começa a chorar. – Eu... Eu resolvi ficar para tentar resolver a situação, mas agora eu vejo que não precisava.

– Meu irmão é um filho da puta. Nosso pai mexeu muito com a cabeça dele, sinto muito sobrinho! - O mais velho o abraça. – E sua outra filha? Não eram duas?

– Está do outro lado do continente tio... - Ele soluça e abafa o som do choro no casaco do tio.

– Escuta... Vou voltar e trazer o meu bando para cá tudo bem? Assim você não fica sozinho e sua filha vai poder brincar com outras crianças. - Nikolai sorri.

Mais dias haviam se passado desde a partida do tio e um dia, Maxim ouve vozes e conversas e então, vê uma multidão de pessoas chegando com suas coisas. As crianças correndo na frente, apostando corrida, os mais velhos vendo o novo lugar para construir suas casinhas, as mulheres estendendo toalhas e mesas improvisadas e colocando comidas e bebidas ali, pois a noite seria longa e os homens se ajudando para construir os novos lares. A dor no peito de Maxim não desaparecia, mas ele estava feliz vendo movimento de novo.