De Volta Em Casa.

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Dias haviam se passado desde que Thalita e companhia retornaram da Romênia. Gabriel acabou com as bolsas de sangue que estavam armazenadas em um freezer nos fundos da casa e Thorson teve que pedir mais e no momento, a casa está sem sangue, ou seja, que deus nos acuda se algum deles começar a ficar com fome. A líder do clã atualizou o convidado recém desperto de toda a situação e também das modernidades do século atual.

Gabriel é calmo, o único problema é o idioma. Ele não sabe falar alemão que é o idioma oficial da Áustria, muito menos dinamarquês, deixando a tarefa de tradução para Thalita e quando ela não está, os outros se comunicam com ele através de sinais e desenhos.

Era de tardinha e estavam todos reunidos na sala. Quer dizer, quase todos. Rebeca era a jardineira do clã e também contrabandista. Está sempre negociando com o mercado negro e foi através dessa linha de comunicação, que ela conseguiu as belas esmeraldas que enfeitaram a grande estátua de Lilith feita de ouro no meio do jardim. Durou um bom tempo conseguir esmeralda verdadeira e pura, mas no final, todo o trabalho foi recompensador. A estátua é linda e reluzente. Tem também o Axel, que é eletricista, mecânico, encanador, pedreiro, marceneiro, manobrista, pintor e também tem 3 cafeterias em Copenhage, capital da Dinamarca e uma cafeteria na Áustria. Por livre e espontânea pressão, ele aprendeu todos esses ofícios. E é claro que não podemos nos esquecer de Thorson, o que faz tudo no clã e para Thalita. Até os dias de hoje, ele cumpre a sua promessa de sempre estar ao lado da líder, não importa o que aconteça. E por falar em líder, Thalita fala quinze idiomas, incluindo os idiomas antigos, é cantora, compositora e instrumentista, além de ficar para lá e para cá, falando abobrinhas nos ouvidos de seus funcionários e também amigos. No fundo ela os ama, são o que sobrou do clã em milênios de existência. Acima de tudo, são sua família. Veremos o que ela vai incumbir ao Gabriel quando ele se habituar melhor.

Conversa vai, conversa vem, Gabriel estava chupando limão com sal ouvindo tudo atentamente, entretanto, tinha uma simples coisinha da qual ele não entendia e resolveu perguntar:

- Quem é Vladimir?

- Ah, eu esqueci desse detalhe. - Respondeu Thalita. - Você não estava acordado, não é?

- Não! Acho que adormeci antes de alguém da família dele surgir. - Respondeu chupando seu limãozinho. - Pelo nome ele é romeno, não é?

- Sim, ele é romeno! - Respondeu Thorson que estava de pernas cruzadas após a tradução de Thalita e aproveitou para ajeitar seu óculos que ele usa só para dar um charminho. Ele não precisa de um. - Lucille o trouxe de volta, ele é parente dela.

- Ela quer entrar em guerra com os lobisomens e trouxe ele de volta para ter mais vantagem. - Respondeu Thalita o olhando.

- Nenhum lobisomem me fez mal, só vampiros, olha só que engraçado, que ironia do destino! - Disse Gabriel terminando de chupar seu limãozinho.

- Não adianta Gabriel, isso não entra na cabeça murcha dela! - Disse Thalita jogando o peso do corpo no encosto do sofá.

- E por que você me acordou? - Dessa vez é Gabriel que a olha.

- Ela só quer... Ameaçar a Lucille! - Thorson responde após a tradução.

- Ameaçar?

- Sim, Lucille só não extrapolou porque tem um certo alguém que tem uma certa influência e ela teme isso. Acordando você, vai fazer com que ela aja com mais calma. - Mais uma vez, após a tradução Thorson da sua resposta.

- Ela pode pensar que está formando um exército! - Disse Gabriel.

- O que ela pensa ou deixa de pensar não me interessa. O que importa é que você está aqui e eu estou feliz por isso. Feliz de rever um amigo depois de tanto tempo. - Thalita sorri no final.

- Então estou aqui para colocar peso, é isso?

- Pode se dizer que sim! Não se preocupe, não vou te colocar em nenhuma disputa, a não ser que você queira. - Ela mexe nas madeixas branquinhas como algodão de Gabriel.

Claro que nada passava despercebido pela rainha. Ela já sabia que tinha um vampiro recém chegado e amigo de Thalita. Nesse momento ela se questionava o que a mais velha poderia estar planejando. Poderia ser um pequeno exército de elite para auxiliar durante o período conflituoso. Em seu interior Lucille sorriu ao pensar nessa proposta. Apesar das discussões e discordâncias, Thalita pode estar apta a ajudar nem que seja um pouquinho. Não podia negar que estava perdida. Nunca tinha feito uma guerra antes e não sabia direito como começar uma sem sair em desvantagem. E ainda tinha os detalhes do casamento político com Vladimir que está sendo paciente com suas memórias que estão voltando.

- Majestade, que cor? - Perguntou um homem responsável pela decoração do casamento. Tinha uma paleta com branco, preto, vermelho e azul.

- Branco! - Ela responde com a unha entre os dentes, roendo a pontinha e sem olhar para o homem a sua frente. - Na verdade azul! Melhor azul.

- O senhor Vladimir tem alguma preferência?

- Sim! - Respondeu Lucille. - Preferência de ficar sentado e calado.

O homem então sai, deixando a mulher sozinha com seus pensamentos e ideias. Até que um mensageiro adentra o local com más notícias!

- Majestade! Sua majestade! Um acampamento foi atacado, não restam sobreviventes.

- Como é? - Finalmente Lucille sai do transe. - Que acampamento?

- De pesquisa e treinamento tático! Os corpos já viraram cinzas, não resta nada! Foi uma carnificina. - Respondeu o mensageiro.

- Quem fez isso? Sabe me dizer? - Ela levanta de seu assento olhando firme para o mensageiro.

- Veio em minha mente os Van Hellsing. Mas eles estão muito longe e a forma como foram mortos, não é igual da família. Então só resta uma opção...

- Os lobisomens...

- Sim! Parece que todos os vampiros foram desmembrados pela quantidade de cinzas espalhadas pelo acampamento. Sinto muito sua majestade! - Ele abaixa um pouco a cabeça em sinal de condolências pelos falecidos.

Lucille respira fundo. Estava começando a ficar com raiva e estressada e isso era nítido pela veia saltada em sua testa. Parece que não vai mais precisar ficar pensando em como começar uma guerra e sair na desvantagem. Parece que ficaram com medo e agiram por medo. Se for isso, Lucille já saiu na vantagem.

- Agora é guerra!! - Reponde Lucille encarando o mensageiro e em seguida olhando para o vitral da janela.












(Imagem acima é em Gosausee na Áustria.)

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