Mãe

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No meio da noite, Dalila acorda ouvindo barulhos. Ela esfrega os olhos para acordar melhor. E então ouve a voz de seu filho mais velho chamando seu nome. O tom que o jovem usava era de desespero e alerta, fazendo Dalila dar um salto da cama e correr para o quarto onde seus filhos dormiam.

- Mãe! Corre aqui!!! A Agar não tá bem.

Dalila chega e entra no quarto desesperada. Ela olha para a cama de sua filha mais nova que estava se contorcendo como se estivesse sentindo dor. Ela se arranhava e soltava alguns rosnados e não parava de se contorcer.

A mais velha se ajoelha ao lado da cama de sua criança e começa a segura-la para que pudesse se acalmar. Victor suspeitava do que pudesse estar acontecendo com sua irmã, mas ainda assim era muito cedo e se estivesse errado, algo pior poderia estar acontecendo com a sua irmãzinha.

Dalila toma o controle. Estava escuro no local. Estava tão preocupada que esqueceu de acender a luz do quarto. Pequenas garras surgiam na mão da menina e a mãe sabia exatamente o que fazer.

- Agar... Agar, calma, respira! A mamãe tá aqui, tá tudo bem! Respira minha filha. É a sua natureza, não lute contra, deixe ela vir. ‐ Falou a mulher segurando firme nos braços de sua filha.

Agar tentava ouvir a sua mãe e obedece-la, mas tava um pouco difícil. Estava assustada e não sabia o que diabos estava acontecendo. Foi então que Dalila teve que dar uma... Leve transformada por assim dizer. Seus olhos mudaram de cor, seus caninos cresceram, sua estrutura corpórea, mudou um pouquinho. As garras eram grandes e os dedos levemente alongados. A mulher pegou no rosto de sua filha, e fez que a mesma olhasse no fundo de seus olhos, enquanto falava para a menina se acalmar e não lutar contra a sua natureza.

- Tá tudo bem meu amor. A mamãe tá aqui, tá bom? Respira... Respira fundo e solta. Deixa a natureza agir. No começo é assim mesmo, mas você vai se acostumar, tá? - Fala olhando fundo nos olhos da garota que assentiu levemente com a cabeça.

Dalila a pega no colo com o maior carinho e amor e sente a sua filha se transformar em um lobinho peludinho em seu colo. Ela vai andando até o lado de fora da casa. A segunda parte agora, era manter a sua filha calma.

Vendo o controle da situação, Victor se acalmou. Seu corpo amoleceu e o mesmo se sentiu aliviado. Seguiu a sua mãe para fora de casa e pôde sentir o fresquinho da madrugada, os grilos cantando, ao longe um pequeno grupinho de vagalumes e o silêncio. O lado bom de morar em algum lugar remoto, era esse. Não importa o tanto de barulho que faça, o silêncio se seguirá. A calmaria mesmo em dias agitados, persistia. Talvez esse fosse o segredo para que as pessoas vivessem tanto antigamente. Mesmo com o trabalho árduo, viver longe da cidade, era a melhor coisa a ser feita. E assim era na comunidade de Dalila. Todos trabalhavam e ajudavam com o que podiam, mas voce jamais vai ver alguém estressado. É incrível o que a natureza faz. O efeito que ela tem em todos nós!

Naquele momento no quarto, Dalila precisou afirmar sua autoridade sob a filha, pois a mesma estava se transformando e parecia estar lutando contra. Então, mostrando sua liderança e força, ela conseguiu acalmar a menina e deixar que a natureza mutante da mesma, fizesse o seu trabalho. Isso a fez lembrar de quando foi a vez de Victor. Ele não se contorcia nem nada do tipo. Ele simplesmente corria sem parar. Ele tinha 14 anos nessa época e todos se mobilizaram para tentar pegar o garoto. Foi então que Dalila soltou um rosnado alto, fazendo o adolescente parar e olhar temeroso para a sua mãe, que se aproximou devagar e o pegou no colo. Ela o acariciou e lhe deu alguns beijinhos. O colocou no chão já que o mesmo estava mais calmo e se transformou na primeira fase de um lobisomem e todos os outros do bando, também fizeram a mesma coisa, como uma forma de incentivar o menino. Victor, ainda com um pouco de dificuldade, conseguiu se transformar, todavia ficou meio a meio, arrancando risadas de todos presentes. Com o passar do tempo e com ajuda de sua mãe, ele melhorou. E assim como a sua mãe, agora ele também domina as suas transformações. O mesmo acontecerá com Agar, mas ainda era muito cedo para isso acontecer...

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