E Agora?

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Após uma agenda de shows e dias de gravações e composições, Thalita atravessa os grandes e largos corredores do castelo. Já conhecia todos os lugares de tantas vezes entrar no local. Por fim, ela acha Lucille que encarava a lareira pensativa. Estava de braços cruzados e o peso apoiado em uma só perna. A expressão séria se desfaz, ao sentir o cheiro do perfume de Thalita adentrando o local. Ela se vira para recepcionar a mulher:

- Thalita! A que devo a visita? - Disse a mulher com a voz cansada e andando um pouquinho na direção da mais velha.

- Eu só quero saber o que você tinha na cabeça ao trazer aquela múmia de volta! - Respondeu Thalita cruzando os braços e encarando a mais nova na sua frente.

- Ele é meu parente Thalita, qual o problema? - Ela responde sem vontade e se senta em uma poltrona que fica perto da lareira e cruza as pernas. - Você só me traz dor de cabeça. - Massageia as têmporas.

- Sim, e enquanto eu continuar viva, vou te trazer logo uma enxaqueca! Ele pode ser seu parente, mas ele não tem apreço ou afeição por você. Ele não te conhece, não viveu ou conviveu com você. A única pessoa que ele mais amou, foi a esposa. - Ela gesticula enquanto fala. - O que acha que vai acontecer quando ele recuperar as memórias? Você parou para pensar nisso? - A mais velha se ajoelha na frente de Lucille a encarando de baixo.

- Sim, Thalita, eu sei de tudo isso. Não é novidade. Mas você pode por favor, deixar eu fazer as minhas coisas em paz? - Enquanto falava, ela bate com a mão no braço da poltrona. Mostrando irritação. - Você não se importa comigo que eu sei. Só se importa em livrar o próprio rabo! Então se você não vai ajudar não atrapalha! - Ela mais uma vez massageia as têmporas. E da primeira vez, Thalita percebeu.

A vampira mais velha senta no tapete e olha para o fogo por alguns segundos, coça a cabeça, pensando o que tinha feito no passado para estar passando por essas coisas e em seguida ela volta a olhar para Lucille que estava sentada na poltrona, de pernas cruzadas e de olhos fechados, massageando a têmpora e a testa e com a outra mão ela dá umas batidinhas com a ponta dos dedos no braço da poltrona.

Thalita podia levantar e ir embora, deixar a menina com seus problemas e ir resolver as suas coisas. Por mais que fale e brigue, Luci não escuta e quer fazer as coisas do seu próprio jeito. E ela realmente pensou em fazer isso. Mas então se lembrou que é filha de Lilith e só por esse motivo, decidiu ser empática com a mais nova e tentar ajuda-la, mesmo sabendo dos possíveis resultados no final.

Ela então se estica um pouquinho e tira a mão da menina da cabeça, lhe chamando a atenção. Thalita sabe mais do que ninguém os perrengues que ser um líder, governante, rei, pode trazer. E sim, às vezes dá vontade de jogar a toalha e que se dane tudo e todo mundo. Por isso, são posições que exigem paciência da sua parte e também calma. As vezes você vai estar sozinho e se não estiver, pode ser que tenha que resolver sozinho. Lucille ainda era jovem, apesar da idade avançada e pode estar sentindo agora, o peso que é ser um governante.

- Ei! O que está acontecendo? Fala para mim! - Disse Thalita segurando a mão de Luci e batendo com a mão da mesma no rosto, como forma de brincadeira, quem sabe arrancar um sorrisinho da mais nova.

- Não está acontecendo nada. Nada ao qual você se importe! - Desferiu como se fosse um chicote e puxou a mão, olhando sério para a mulher e em seguida, recostando a cabeça na poltrona.

- Se eu não me importasse eu não estaria perguntando, não é? - Respira fundo. - Sua piranha...

- São coisas de realeza Thalita, nada demais. - Respondeu a mais nova.

Thalita solta um longo suspiro e deita a sua cabeça na perna de Luci. As relação das duas é longa. Se não fosse a generosidade de Filemom, o pai de Thalita, era para Thalita estar no lugar de Lucille. Mas devido a amizade que Filemom tinha com o pai de Lucille, ele cedeu o trono ao homem e dessa forma, Luci tornou-se rainha. Thalita nunca foi contra e sempre respeitou Lucille e a decisão do próprio pai. Mas com o passar do tempo, as coisas foram mudando e a relação das duas, se estreitando.

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