A FORÇA DO LOBO ESTÁ NO BANDO

Amor, Lealdade e Companheirismo.

As pessoas conversavam entre sim sobre a real situação. Dalila ainda estava com o rosto no chão chorando, a culpa a corroia por dentro, o medo acelerava seu coração e sua mente a castigava com as mais temidas palavras a deixando cada vez mais insegura.

Tudo parecia um caos, ninguém sabia ao certo o que fazer ou o que dizer. As palavras de Dalila e as lágrimas da mesma, os invadiu de um jeito que ninguém esperava. Uns queriam apoiar e outros queriam respeitar a decisão da mulher. Ao fundo do local, um pequeno grupo debatia sobre o que seria certo a se fazer e tudo isso misturado, aumentava ainda mais a ansiedade de Dalila que já não tinha mais força ou coragem de levantar o rosto e encarar aquelas pessoas. Ela sentia que ninguém jamais voltaria a confiar nela!

O calor do momento e situação era quase palpável. Mas em meio a todo aquele transtorno, Belle, a segunda mais velha de todo o bando, que sobreviveu a toda imigração, foi lá na frente e levantou o rosto de Dalila que estava vermelho e molhado de tanto chorar. Belle sorri e diz:

- Para que esse desespero?

Dalila não falou nada. Estava se sentindo envergonhada e só queria esconder seu rosto de novo.

- Seu pai também não foi um líder perfeito! Na verdade, nenhum é! Sabe por que? Porque são todos humanos e propensos a erros. Mas acima de tudo... Erram querendo acertar! Querendo o melhor e serem melhores. - A mais velha delicadamente limpa as lágrimas de Dalila. - Ser líder, é viver numa montanha russa. Voce nem sempre vai saber o que esperar! A montanha russa pode quebrar, o carrinho pode sair dos trilhos, alguém pode cair e se machucar. Muitas coisas podem acontecer e ser um líder, não é sempre se preparar para o que vier, mas sim... Se adaptar e saber lidar com as situações, sejam elas fáceis ou difíceis. Previstas ou não. ‐ Belle, devagarinho vai levantando Dalila, colocando-a sentada no chão.

As palavras daquela mulher, acalmaram o furacão interno de Dalila, que se cobrava o tempo todo. Estava se sentindo consolada e acolhida.

- A questão meu anjinho, não é se basear no que seu pai fez ou deixou de fazer no passado. Essa era agora é sua, esse momento é seu, é a liderança de Dalila e não mais de Semyon! É claro, carregue em seu coração, as boas lições que seu pai deixou para você, mas não queira ser um Semyon II. Você é uma mulher, mãe, orfã e viúva... Você é tão forte quanto todos aqui presente. - Belle acaricia a cabeça de Dalila. - Estamos aqui a 7 anos. Sete anos sob sua liderança e estamos bem. Tem os altos e baixos? Sim! Mas no deserto também tinha e na Rússia também. Mas cá estamos!

Todos estavam quietos, dando todo o espaço necessário para tia Belle ou vovó Belle falar. Aquelas palavras mansas entravam no ouvido de Dalila como se fosse uma dança e acariciavam as partes mais ocultas de seu ser. Ela termina de limpar as lágrimas e limpa o nariz que estava começando a escorrer. Ela olha para Belle e seu olhar não era mais de uma mulher e sim de uma menina que teve tão pouco tempo para assimilar os eventos que aconteceram em sua vida. Uma menina que se forçou a ser mulher para aguentar as batidas fortes da vida. Uma menina vulnerável, que precisa de entendimento, acolhimento e um abraço. Dalila tinha quebrado! Todo aquele muro que construiu para se proteger e proteger aqueles ao seu redor, caiu. E por trás daquelas muralhas, uma moça vulnerável, com cicatrizes ainda rosadas e aparentes. Estavam curadas, mas ainda doíam. As costas marcadas com o peso do fardo que carregava sozinha. A alma sangrando e gritando em desespero, porém um grito que ninguém ouvia, pois Dalila a silenciava. Ali, na frente de vovó Belle, estava uma mulher machucada da vida e do tempo e também uma mulher cansada. Vovó Belle a abraçou forte, passando para Dalila, uma energia maternal.

- Você não está sozinha e você nunca, jamais estará sozinha. - Belle sai do abraço e encara Dalila. - Da mesma forma que você acolhe as nossas vulnerabilidades, também vamos acolher as suas e juntos, seguiremos em frente! ‐ Belle sorri.