Meu Amor.

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Vivendo há anos em solo austríaco e isolado da sociedade, Felipe resolveu se abrir para o mundo e se achegar às pessoas. Ele achou um lugar que estava à venda. Era lindo, muito verde, um laguinho, fácil acesso às estradas e grande, bem grande. Pegou o dinheiro de suas economias e comprou o lugar. Ainda deve um pouquinho para o banco, mas isso resolve depois. Junto a Henrique, seu braço direito e meia dúzia de gato pingado foram para o mais novo lugar comprado e que seria o novo lar do bando dos crescentes. Quer dizer, não todo mundo, pois o bando é grande demais, mas uma parcela deve caber ali. Agora ele está construindo novas casinhas, visando sempre em não agredir muito a natureza. Quando estiver bem estabelecido, vai chamar os outros do bando e inclusive sua família.

Um belo dia... Quer dizer, uma bela noite, estava Felipe passeando de carrinho, conhecendo novos lugares, até que seu GPS foi arrebatado e Felipe se viu em uma estrada desconhecida e deserta. Por um momento ele sentiu medo, mas aí ele lembrou que é um lobisomem e quem deve sentir medo é o suposto psicopata escondido na estrada.

Ainda na estrada, Felipe se deparou com uma espécie de bunker, um lugar especial criado pelos lobisomens para momentos conflituosos. E Felipe sabia o que era? Sim! Mas como ele sabe? Muito simples, em cada país tem um. Inclusive, na Espanha também tem, só que o lugar foi reaproveitado para não ficar abandonado. Entretanto, o propósito original, ainda está de pé, visto que o lugar é administrado por lobisomens.

Ele para o seu carro, e adentra o local que mais parecia um cativeiro. As luzes estavam acesas e as aranhas fazendo festa e a poeira dançando com um pouquinho de vento que entrava no local. Logo ouviu burburinho e foi seguindo o falatório até encontrar um monte de gente reunida que tomaram um susto ao ver Felipe em pé na porta. O jovem Malik avançou em Felipe, que não quis perder tempo e mostrou os olhos negros, dentes e garras para o menino que rapidamente se aquietou. Ele se apresentou e as pessoas também e todos concordaram em Felipe participar da reunião. Os olhos do mais velho miraram na mulher que estava quieta no canto, absorta em sua própria mente. Mesmo com um penteado descabelado e com cara de cansada, ela era linda. Em dado momento, seus olhos se encontraram. Felipe achou que ela desviaria o olhar, mas ela continuou encarando o que o deixou meio sem jeito. Parecia que ela estava olhando fundo em sua alma, procurando seus pecados mais obscuros e vergonhosos. Uma fêmea alfa! Foi o que Felipe percebeu naquele momento e em sua mente ele riu. Mas apesar dos pesares, ela parecia meio sem jeito, como se não soubesse o que fazer ali. Ele já passou por isso. Com a idade que ele tem, teve bastante tempo para aprender e ela vai ter também. Então, ele resolveu ajudar, chamando seu nome para que ela se envolvesse um pouco. Seu nome era Dalila, é um nome bonito, mas Felipe veio da Espanha em uma época em que o catolicismo corria solto e ele se perguntou qual pai ou mãe mal amada escolheria o nome de uma meretriz para colocar no filho? Será que a própria Dalila sabe?

Enfim, Felipe foi bombardeado de informação e ele se arrependeu um pouco de ter saído do seu isolamento, mas iria ajudar e se esforçar pelos outros. Sendo assim, ele sugeriu visitar as outras alcatéias e assim unir todas elas, para não ficarem em desvantagem e uma poder ajudar a outra. Quando saiu do lugar, esperou Dalila para trocar uma palavrinha com ela e logo saiu aquela mulher alta, forte, a calça que já era velha, se esforçando para não rasgar, tamanho era a perna de Dalila, capaz de percorrer quilômetros sem se cansar ou sentir câimbra. Deserto e genética. Genética do pai! Quando Dalila nasceu, sua mãe achou que teria uma linda princesinha e realmente ela teve... Uma princesa guerreira! Com dez anos, Dalila parecia uma chapa de fritar hambúrguer. Era bruta, nada feminina e conforme o tempo foi passando e as coisas que ela fazia no deserto, ela foi ficando maior. Não igual a um homem, aí já seria exagero. Mas ela não teve vida fácil. Suas mãos além de grossas, parecem um ralador, sua pele tem manchas devido ao sol, em sua barriguinha, umas estrias, devido as duas gestações, não tem cintura, o quadril não é largo, seu braço era rígido e tinha um pouco de músculo. Pode ser o sonho para algumas mulheres terem um corpo considerado bonito sem quase esforço nenhum, mas para Dalila era consequência da vida que tinha.

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