Capítulo 6

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Anahí ficou quieta por um instante, sentada na cama e respirando com dificuldade, as arfadas, enquanto tentava retomar o controle do próprio corpo. Era comum ter sonhos com Alfonso nos primeiros anos, intensos nos primeiros meses, mas aos poucos foram desvanecendo, se tornando raros e nenhum deles nunca tinha envolvido Joseph. Sentia-se imunda. Empurrou a coberta enrolada em suas pernas e dirigiu-se ao banheiro, tirando a camisola suada antes de entrar debaixo do jato frio da ducha. Sua testa encostou-se contra o azulejo, enquanto ainda respirava pesadamente, as imagens vívidas do sonho ecoando em sua mente.

Céus, sentia-se a criatura mais suja do mundo por ter sonhado com aquilo, pelo seu cérebro ter criado aquela imagem imunda enquanto Joseph dormia sereno ao seu lado, alheio a tudo aquilo. Sentia-se ainda pior pelo seu corpo ter respondido aos estímulos do sonho, feito com que ela tivesse um orgasmo intenso somente com um sonho. Sentia como se tivesse traído Joseph e não fosse mais digna dele. Apanhou a esponja e começou a esfregar seu corpo com força, como se assim pudesse afastar as imagens que sonhara e que sobrepunha em sua mente. Como se pudesse desfazer o toque que ainda persistia em sua memória, esfregando a pele com uma força absurda, como se pudesse fugir da sensação de culpa que a consumia.

— Ei, baby. Vai se machucar assim. — Joseph falou, sua voz rouca de sono ecoando pelo banheiro, enquanto Anahí se sobressaltava ao notá-lo parado na porta de entrada. Sua pele agora exibia um tom avermelhado, totalmente irritada pela força com que ela esfregara a esponja no próprio corpo. — Vamos, a água está gelada, você vai se resfriar dessa maneira. — Ele a chamou, apanhando uma toalha do dispensador e estendendo-a para ela.

Anahí concordou levemente, sentindo o tremor do frio percorrer seu corpo sob a água gelada do chuveiro. Seu queixo batia involuntariamente pelo frio que sentia, mas ela mal havia percebido, imersa em seus pensamentos, enquanto Joseph a envolvia com a toalha, cuidadosamente, como se temesse machucá-la. Ele fazia o melhor que podia para secar seus cabelos molhados, suas mãos gentis deslizando suavemente pela sua cabeça.

Ele cuidava dela com toda dedicação. Era o que ele sempre fazia de melhor: cuidar dela. E essa constatação só intensificava a culpa que ela carregava em seu peito, amargando seus pensamentos. Joseph a secou delicadamente, preocupando-se com cada detalhe, antes de providenciar um pijama limpo para ela e uma calcinha, escolhendo o que ele sabia que era confortável, feito em algodão. Ele arrumou a cama com carinho, garantindo que estivesse perfeitamente feita, antes de conduzi-la de volta para lá, como se estivesse cuidando de uma preciosidade. Então, ele preparou um copo de água com açúcar, preocupado em garantir que ela se sentisse melhor. Foi somente quando ele se deitou ao lado dela que Anahí avançou, buscando refúgio em seus braços acolhedores. Ela o abraçou apertadamente, encolhendo-se contra seu peito, em busca de conforto e segurança.

— Jesus, você está gelada! O que aconteceu, baby? Quer conversar? — Questionou, parecendo preocupado, a vendo negar com o rosto. Ele havia acordado no momento em que ela entrou no banheiro e se preocupou quando ela demorou lá dentro.

— Pesadelo. — Resumiu, encolhidinha.

— Tudo bem. Relaxa e tenta voltar a dormir, vai melhorar. — Joseph falou suavemente, aninhando-a ainda mais em seus braços, transmitindo conforto e segurança com seu abraço. — Eu estou aqui para proteger você. — Ele a envolveu com ternura, como se quisesse afastar qualquer vestígio de angústia ou desconforto que ela estivesse sentindo.

— Por favor, se puder, me perdoe. — Implorou ela, sua voz soando trêmula, tão baixinha que parecia quase desaparecer entre as sombras da noite. Ele franziu o cenho, perplexo, ao ver o estado emocional dela. Buscou o olhar dela, encontrando apenas uma expressão de angústia e fragilidade. Ela assentiu timidamente, encolhendo-se ainda mais em seus braços, como se buscasse proteção contra algo invisível. — Por favor. — Pediu em um sussurro.

Em nome da dor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora