— Assistente do Sr. Somerhalder? — Nina repetiu, a voz embargada de incredulidade. Seu cenho se franzia lentamente, formando uma linha tensa nos lábios, enquanto olhava entre Alfonso e Ian, à espera de uma explicação que fizesse sentido ali. A confusão e a tensão eram visíveis em cada detalhe de sua postura. Seus olhos buscaram nos de Alfonso uma justificativa, mas ele apenas assentiu com firmeza, o olhar inabalável.
— Sim, você pode começar a arrumar suas coisas e levá-las para o andar da diretoria ainda hoje. — A decisão saiu da boca de Alfonso sem um pingo de hesitação. Sua voz grave e autoritária deixava claro que não haveria espaço para questionamentos sobre a sua decisão. O impacto daquelas palavras era evidente no rosto de Nina, que mal conseguia disfarçar o espanto. Embora fossem apenas dois andares abaixo, para ela, a mudança parecia colossal, como se estivesse sendo exilada para um território totalmente desconhecido.
Ian observava a cena com um sorriso discreto no canto dos lábios, ciente de que a nova assistente não estava nada contente com a súbita reviravolta. Anahí, por sua vez, acompanhava tudo da porta de sua sala, os olhos brilhando com um misto de satisfação e alívio mal disfarçado. Um sorriso triunfante se formava em seus lábios, enquanto ela observava a troca tensa de olhares entre Nina e os dois homens. Finalmente, os olhos castanhos de Nina encontraram os de Anahí, e o ar ao redor pareceu se condensar.
O breve momento de contato visual entre elas estava carregado de uma tensão que era quase tangível. Nina sabia, naquele instante, que sua batalha estava perdida antes mesmo de começar. Por mais que quisesse protestar, o poder já havia mudado de mãos e ela sabia disso. Anahí, por sua vez, sorria com calma, o olhar sereno, como alguém que já sabia que o jogo estava ganho desde o início. Nina, sentindo a derrota iminente, apenas apertou os lábios e desviou o olhar, tentando processar a humilhação que agora pesava em seus ombros, enquanto Anahí, vitoriosa, observava cada detalhe com uma satisfação silenciosa.
— Pode ficar tranquila, seu salário será mantido o mesmo. — Alfonso disse com firmeza, acreditando que a hesitação no rosto de Nina se devia a preocupações financeiras, como ela tinha informado anteriormente. Ele não percebeu a verdadeira razão por trás do desconforto, e sua tentativa de garantir segurança só aumentou o peso do momento. Nina engoliu em seco, forçando um sorriso que mal chegava aos olhos. Ela estava lutando para manter a compostura, mas o leve tremor em sua voz a traiu quando respondeu, com uma resignação amarga.
— Claro.
Seu tom era de obediência, mas o rancor era impossível de esconder. A mudança súbita, a sensação de rebaixamento, e a humilhação pública faziam suas mãos tremerem discretamente enquanto ela processava a ordem. Por trás daquele sorriso forçado, uma tempestade de emoções crescia, ameaçando transbordar.
Ian, parado diante da mesa dela, observava tudo com um divertimento velado, uma sobrancelha erguida em uma expressão que era quase divertida. Ele sabia que poderia recusar Nina como assistente, era sua prerrogativa, mas havia algo naquele embate silencioso entre as duas mulheres que o deixava intrigado. A satisfação mal disfarçada de Anahí e o olhar furioso de Nina o fizeram reconsiderar. O que ele via era mais do que uma simples mudança de função; era uma espécie de jogo de poder. E, ao que tudo indicava, Alfonso, sem perceber, acabara de mexer as peças de forma que Anahí agora controlava o tabuleiro.
Cruzando os braços, Ian inclinou-se levemente contra a mesa, observando a cena com uma satisfação silenciosa. Ele não precisava dizer nada. A tensão no ar falava por si. O ambiente parecia carregar uma eletricidade, como se uma tempestade estivesse prestes a estourar, mas Nina, mesmo relutante, começava a se mover. Cada gesto dela era rígido, como se o corpo inteiro estivesse resistindo à ordem, mas ela sabia que não havia outra escolha. Enquanto recolhia suas coisas, o sorriso forçado continuava em seu rosto, uma máscara que escondia a raiva crescente.
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Em nome da dor - Livro 2
Hayran KurguPrimeiro, nasceu a raiva; da raiva, transformou-se em paixão; da paixão, em amor... E do amor, em dor. Após deixar Nova Iorque com o coração em pedaços, Anahí concentrou todos os seus esforços em reconstruir cada aspecto de sua vida que um dia fora...