Capítulo 9

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— Onde está Clair? — Emma perguntou, permanecendo estática no mesmo lugar, os olhos fixos em Christopher.

— Está realizando o procedimento com o oncologista do hospital, essa não é minha área médica. — Ele respondeu, seu rosto exibindo um franzir de sobrancelhas, os olhos castanhos parecendo ainda mais escuro, furiosos. — Agora responda a minha pergunta, o que você disse?

— Jesus Cristo. — Alfonso murmurou para si mesmo, passando a mão no rosto em um gesto de incredulidade. — Irmão...

— O que você ouviu? — Emma questionou em um fio de voz, parecendo mais pálida que o normal, suas mãos tremiam, revelando a agonia que sentia.

— Não minta para mim. Não se atreva a mentir para mim, Emma. — A intensidade da voz de Christopher cortava o ar, seu olhar penetrante fixado em Emma. Sua expressão era uma mistura de incredulidade e raiva, os músculos de seu rosto tensos, denotando a profundidade de suas emoções. — Eu te questionei isso uma vez, a uma vida atrás, e você não me respondeu. Estou questionando novamente: Quem é o pai de Clair de Lune?

— Christopher, as coisas não aconteceram dessa forma... — Emma tentou, sua voz trêmula denunciando a intensidade de suas emoções.

— RESPONDA A MINHA PERGUNTA! — Christopher rugiu, seu tom de voz soando tão intenso que fez Emma se sobressaltar. — Quem é o pai de Clair de Lune?

— Clair é sua filha, Christopher. Eu e Emma nunca tivemos nada. — Alfonso confirmou, sentindo-se desconfortável com a situação. Emma recuou brevemente, seus olhos estavam cheios de lágrimas, que ameaçavam cair.

O silêncio preencheu o ambiente como uma névoa densa, envolvendo os três indivíduos no quarto. Cada segundo parecia se estender infinitamente, como se o tempo estivesse congelado, enquanto a verdade emergia lentamente, uma revelação dolorosa pairando no ar. O peso dessa nova realidade se abateu sobre eles como uma avalanche, esmagando todas as emoções que haviam compartilhado no passado. Era como se um frágil globo de vidro tivesse sido lançado ao chão, estilhaçando-se em mil pedaços, e agora estavam todos diante dos destroços, lutando para assimilar a magnitude da revelação. Os olhares se encontraram, carregando o peso de uma história não contada, de segredos mantidos e mentiras ocultas. Cada expressão era um reflexo das emoções tumultuadas que se agitavam dentro deles, uma mistura de choque, dor e traição. Enquanto Christopher tentava conectar os pontos, juntando as peças dispersas desse quebra-cabeça complexo, Emma e Alfonso enfrentavam o inevitável confronto com a verdade que haviam mantido escondida por tanto tempo.

— Minha filha? — Christopher repetiu, sua voz vacilante, quase um sussurro, enquanto suas mãos tremiam ligeiramente. — Clair é minha filha?

— Sim. — Emma confirmou, observando-o retroceder no quarto, levando o punho à boca. Ela sentiu a necessidade de manter a distância, temendo que ele pudesse fazer algo impulsivo. Um ódio intenso parecia consumi-lo, e Emma não sabia até que ponto ele poderia ser contido.

Christopher sentia um ódio viscoso, como se cobrisse sua pele, enquanto passava a mão pelos cabelos, totalmente transtornado. Seus olhos estavam arregalados em choque com o que acabara de ouvir, uma mistura de descrença e raiva inundando seus sentidos. Ele não confiava em si mesmo naquele momento, temendo o ódio violento que fervilhava dentro dele.

— Todo esse tempo... Durante onze anos... — Exclamou, recuando como um animal ferido, as palavras saindo de sua boca carregadas de incredulidade e dor. — Eu te AMAVA. — Rugiu furioso, se aproximando dela em passadas longas, transtornado pela raiva. — Eu fiz TUDO do seu jeito, fazia tudo para agradar VOCÊ. E você me escondeu UMA FILHA? — Grunhiu, o ódio parecendo fazer ele enxergar tudo vermelho, enquanto empurrava uma cadeira que estava próxima, fazendo-a tombar com um baque surdo.

Em nome da dor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora