Capítulo 23

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— Eu... O quê? — Anahí questionou, a surpresa e a descrença evidentes em sua voz. A ideia era tão absurda que parecia impossível sequer considerá-la. — Não. É claro que não. — Negou imediatamente, a resposta saindo quase como um insulto, seus lábios tremendo com a rejeição daquela sugestão. Emma recuou um passo, erguendo as mãos em um gesto de aceitação, suas sobrancelhas franzindo-se brevemente em preocupação.

— Tudo bem, Annie. — Disse suavemente, não querendo pressioná-la mais. Anahí respirou fundo, tentando se recompor. Ela e Joseph tinham tentado ter um bebê, mas infelizmente não tinham tido sucesso.

— Eu não tenho comido direito nos últimos meses. Acho que me acostumei tanto a ficar sem comer que meu estômago não está aceitando muito bem agora. — Comentou com uma careta, analisando a própria condição, uma expressão de desconforto marcando seu rosto pálido. — Acho que vou precisar consultar um médico. — Acrescentou, a voz soando pensativa e preocupada ao mesmo tempo. Nesse momento, Gabriel retornou acompanhado de Madison, o menino segurando uma garrafinha de água com ambas as mãos. Seus olhos claros estavam aflitos, observando atentamente cada movimento da mãe. — Obrigada, meu amor. — Anahí agradeceu, dando um longo gole na água fria que pareceu imeditamente acalmar um pouco a queimação em seu estômago. Ela olhou para Gabriel, tentando sorrir para tranquilizá-lo.

— Annie, você realmente deveria consultar um médico. — Emma repetiu suavemente, querendo reforçar a necessidade sem parecer insistente. — Pode ser realmente que seja somente o estresse e a falta de alimentação adequada nos últimos meses, mas é importante ter certeza. — Comentou, sua preocupação evidente. Anahí assentiu, concordando. Ela olhou para o rostinho aflito de Gabriel e acariciou levemente o cabelo do filho, tentando oferecer calma ao menino.

— Eu vou fazer isso, prometo. — Disse, tentando soar convincente, mais para tranquilizar o filho do que qualquer pessoa ali. — Obrigada, Emma. — Murmurou, a gratidão evidente em sua voz, enquanto sentia mais firmeza nas pernas para se manter em pé.

— Eu vou aferir sua pressão. — Madison falou enquanto entrava no lavabo com uma maletinha, fazendo com que Anahí permanecesse sentada por mais um momento. Colocou a braçadeira no braço esquerdo de Anahí e começou a aferir a pressão arterial dela. — 90/60 mmHg, está baixa. — Falou, retirando o estetoscópio antes de tirar a braçadeira do braço de Anahí. — Você realmente vai procurar um médico, pois estou te levando agora mesmo. — Determinou, vendo Anahí tomar fôlego para argumentar. — Estarei esperando no carro.

— Anahí! — A voz de Alfonso ecoou pelo corredor, carregada de urgência. Quatro pares de olhos se voltaram para ele, que parou na porta do banheiro, franzindo o cenho ao ver tantas pessoas reunidas ali. — Está tudo bem por aqui? — Questionou, parecendo confuso enquanto tentava entender a situação.

— Mamãe está dodói de novo. — Gabriel respondeu em um tom murcho, parado ao lado da mãe, segurando sua mão como se sua vida dependesse disso. Ele parecia se recusar a sair do lado dela naquele momento, tamanha era a sua preocupação.

— Não é nada demais. — Anahí tentou minimizar, fazendo uma careta enquanto apertava a mão de Gabriel para tranquilizá-lo. — Foi apenas uma queda de pressão. — Disse, tentando sorrir, mas sua palidez e o leve tremor nas mãos a traíam.

— Entendi. — Alfonso assentiu brevemente, seus olhos revelando preocupação enquanto mantinha os olhos fixos nos dela. Ele respirou fundo, lembrando-se do motivo que o trouxera até ali. — Eu conversei com os meus advogados hoje pela manhã sobre aquele problema seu. — Comentou, lançando um olhar significativo para Anahí, indicando sutilmente Gabriel ao lado dela, vendo que o menino observava tudo com os olhos atentos. Anahí assentiu. — Acho que conheço a advogada perfeita para te representar nesse caso. Ela é uma das melhores do país em direito familiar. Se existe alguém capaz de vencer esse processo, é ela. — Falou, sua voz carregada de esperança e determinação. — Eu liguei para ela agora pouco e contei todo o caso, expliquei o que está acontecendo, e ela disse que aceita te representar. Isso se você concordar, é claro.

Em nome da dor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora