Capítulo 7

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— Lisa, por que você marcou uma reunião no meu horário de almoço? — Anahí questionou entredentes, os olhos cravados na agenda aberta diante dela, como se tentasse decifrar um enigma. A assistente encolheu-se brevemente, sentindo o peso do olhar gélido de Anahí erguendo-se sobre si. O tom de voz de Anahí deixava claro que aquilo não era uma simples pergunta, mas sim uma expressão de descontentamento que prometia ecoar por todo o escritório.

— Ah, desculpe, eu pensei que... — Lisa começou, mas foi interrompida por Anahí.

— Não, não, você não pensou, Lisa. Você simplesmente fez o que queria, sem considerar minha agenda. — Anahí cortou, sua voz cortante ecoando pela sala. Ela respirou fundo, tentando controlar o ímpeto de sua irritação. — O que eu disse sobre marcar compromissos no meu horário de almoço? — Lisa engoliu em seco, sentindo o suor frio escorrer pela sua nuca. Ela sabia que tinha errado e estava prestes a pagar o preço por isso.

— A senhora autorizou que eu marcasse. — Lisa lembrou, sua voz um tanto hesitante diante da reação de Anahí, quase em um murmúrio. Ela recordou-se da conversa, tentando justificar sua decisão e evitar qualquer confronto. — Eu mencionei que um dos sócios havia agendado uma reunião para hoje no horário do almoço, e a senhora concordou.

— Não disse que esse sócio era justamente Alfonso Herrera. — Anahí resmungou, passando a mão pelo rosto, enquanto uma onda de irritação parecia tomar conta dela. O tom de sua voz denotava uma mistura de frustração e exasperação diante da situação. — Desmarque. — Ordenou com nervosismo.

— Mas... ele não deixou nenhum contato. — Lisa disse ainda parecendo receosa, seus olhos amendoados levemente arregalados, como se temesse a reação de Anahí.

— É lógico que ele não deixou. — Rebekah interveio, parecendo achar graça da situação. — Ele sabia que Anahí tentaria desmarcar o almoço assim que se desse conta de que esse encontro era justamente com ele. — Garantiu, enquanto girava levemente na cadeira, ainda parecendo divertida com a situação. — Pode ir, Lisa. — Disse, piscando um olho para a assistente de Anahí, enquanto um sorriso sutil adornava seus lábios.

— Ele ficará lá esperando. — Anahí falou em um grunhido irritado. — O que ele quer comigo depois de onze anos? — Perguntou para o ar, passando a mão levemente pela raiz do cabelo. Sua expressão revelava uma mistura de frustração e curiosidade.

— Só saberá se for a esse almoço, Annie. — Rebekah falou tranquilamente, atraindo um olhar quase assassino da cunhada, mas apenas deu de ombros, parecendo divertida. No fundo, Anahí sabia que Rebekah tinha razão sobre a situação, e a curiosidade sobre o que ele queria não a deixaria em paz. Entre a incerteza e a necessidade de fechar antigas feridas, Anahí tinha a decisão tomada, pronta para enfrentar o que quer que viesse pela frente.

Ela iria.

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Christopher ressonava tranquilamente. Dulce costumava gostar de observá-lo dormir no começo, o modo como ele perdia toda a imponência que possuía e simplesmente relaxava, seu rosto parecendo quase etéreo de tão bonito, quase como um anjo. No entanto, após a noite intensa que tiveram juntos, ela agora dormia confortavelmente nos braços dele, ele a abraçando por trás, na posição de conchinha que ela tanto adorava, os dois mergulhados em um sono tranquilo e profundo. Até que o toque estridente do telefone dele ecoou pelo quarto.

Christopher franziu o cenho, ainda totalmente sonolento, e se virou, tateando a mesinha de cabeceira ao lado para alcançar o celular, quase o derrubando no chão. Enquanto ele atendia, Dulce se sentava na cama, ligando o abajur para iluminar o ambiente. A interrupção abrupta quebrou a serenidade da noite, deixando um leve rastro de perturbação no ar.

Em nome da dor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora