Anahí suspirou profundamente ao perceber que havia amanhecido e que tinha passado a noite praticamente em claro. O corpo parecia protestar pela ausência do toque de Alfonso, e mesmo quando finalmente conseguia mergulhar no sono, seus sonhos se tornavam quentes e perturbadores, sempre envolvendo Alfonso. Essa mistura de culpa e desejo estava esgotando-a. Sentia como se estivesse de alguma maneira traindo Joseph novamente, sendo que nem mesmo teve a chance de ser perdoada pela primeira traição. Cada pensamento parecia adicionar uma camada de sujeira e traição à sua consciência, intensificando o peso da culpa que carregava.
Em um dos momentos em que finalmente conseguiu adormecer, foi assaltada por um pesadelo horrível. No sonho, Joseph a confrontava com uma acusação cruel, dizendo que seu bebê era o responsável pela sua morte e forçando-a a escolher entre ele e a criança que carregava em seu ventre, dizendo que se ela queria o perdão dele, deveria abrir mão daquela gravidez. Acordou abruptamente, o coração acelerado e a respiração ofegante, os olhos mareados, enquanto tentava se acalmar. Só conseguiu dormir novamente duas horas depois, apenas para se ver mergulhada em sonhos inquietos com Alfonso novamente. O ciclo parecia interminável e extenuante, tornando aquela manhã uma batalha para se levantar e enfrentar o dia.
Enquanto o sol começava a iluminar o quarto, Anahí sentou-se na beirada da cama, olhando fixamente para o chão. A sensação de estar presa em um inferno emocional, entre a culpa por Joseph e o desejo por Alfonso, era completamente esmagadora. Ela precisava encontrar um equilíbrio, mas no momento, estava apenas tentando se manter à tona, um passo de cada vez.
Anahí levantou-se com um suspiro, sentindo-se cansada e com a mente ainda turva pelas poucas horas de sono. Decidida a começar o dia de uma maneira produtiva, dirigiu-se ao banheiro para um banho demorado. A água quente ajudando a relaxar seus músculos e acalmar sua mente, embora não tivesse aliviado completamente o turbilhão de sentimentos que a acompanhava. Ao se vestir, ela escolheu cuidadosamente uma blusa preta de botões, que contrastava com a saia lápis cinza grafite que lhe dava um ar sofisticado e profissional. Ajustou a saia, certificando-se de que não estava apertada na barriga, e finalizou o look com um cintinho na cintura, que acentuava suas curvas. Fez uma maquiagem leve, mas precisa, realçando seus traços sem exagerar. Finalmente, calçou um par de Louboutins preto com salto médio, o mais confortável que conseguiu encontrar.
Ao descer as escadas, Anahí notou que a casa ainda estava em silêncio, com apenas alguns funcionários na cozinha se preparando para o café da manhã. Pegou um copo de suco de laranja da geladeira e um pedaço de bolo que havia sobrado do dia anterior, tentando seguir as orientações da obstetra de não pular refeições. Apesar da vontade de tomar um café preto para espantar o sono, resistiu à tentação, lembrando-se das recomendações médicas para evitar cafeína.
Enquanto Anahí se preparava para sair, esbarrou em Brianna na entrada da casa. A irmã estava no meio de uma despedida com um homem que estava encostado ao lado de uma Mercedes branca luxuosa. Eles estavam trocando um beijo que, apesar de ser apressado, era carregado de uma paixão visível. Brianna, ao perceber a presença de Anahí, se afastou imediatamente, seu rosto assumindo um tom rosado de constrangimento.
— Bom dia, Brianna. — Anahí cumprimentou, tentando manter um tom cordial apesar da surpresa ao ver a irmã acompanhada. Brianna, com um olhar ligeiramente apressado e as bochechas ainda tingidas de rosa, lançou um olhar rápido para Anahí antes de se voltar para o homem, que estava sorrindo amigavelmente e acenando. Ele murmurou algo para Brianna, um sussurro que Anahí não conseguiu ouvir, antes de se afastar e entrar no carro.
— Bom dia, Anahí. — Brianna respondeu com um tom apressado, ainda visivelmente envergonhada. — Esse é Arthur. Ele é um... amigo. — Apresentou rapidamente, a voz carregada de uma urgência que não passou despercebida. Arthur deu um último aceno antes de entrar na Mercedes e partir, deixando Brianna e Anahí sozinhas na entrada da casa.
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Em nome da dor - Livro 2
FanfictionPrimeiro, nasceu a raiva; da raiva, transformou-se em paixão; da paixão, em amor... E do amor, em dor. Após deixar Nova Iorque com o coração em pedaços, Anahí concentrou todos os seus esforços em reconstruir cada aspecto de sua vida que um dia fora...