Em nome da dor - Livro 2

Capítulo 26

— Não estou falando que você precisa escolher entre um ou outro, Anahí. — Maite negou imediatamente, tentando tranquilizá-la com um tom apaziguador ao notar que Anahí estava totalmente trêmula. — Sua gestação é realmente uma complicação no processo pela guarda de Gabriel, mas não é um veredito. Podemos tentar contorná-la de alguma maneira, alegar que o menino está totalmente entusiasmado com a ideia de ganhar um irmãozinho. Podemos tentar evitar que o processo exija um exame de DNA, por exemplo, ocultar a parte sobre a paternidade do bebê. Não estou dizendo para entrarmos em um tribunal dizendo que o filho que você está esperando é de Joseph, seria mentira e se descoberta atrapalharia tudo que nós estamos tentando provar, mas também não precisamos dizer que não é. — Supôs, tentando contornar a situação da melhor maneira.

— O meu filho não vai ser colocado como filho de Joseph, sob hipótese nenhuma Maite, nem em suposições. — Alfonso cortou imediatamente, o semblante duro e impassível, como se isso não estivesse dentro da menor possibilidade. As duas ergueram o olhar para ele, com Anahí visivelmente abatida e assustada com todas as possibilidades.

— Alfonso... — Maite começou, mas ele a interrompeu.

— Eu entendo que você está tentando ajudar, mas não vou permitir que meu filho seja envolvido em uma mentira dessas. Minha resposta é não. — Alfonso disse firmemente. — Não importa o quão complicado seja o processo, temos que encontrar outra solução. — Declarou impassível. Anahí suspirou profundamente, sentindo-se angustiada, as lágrimas ameaçando cair enquanto sentia as mãos trêmulas, a incerteza do que estava por vir sendo esmagadora.

— Maite, tem que haver outro jeito. — Anahí implorou suavemente, sua voz tremendo levemente em meio à frase. Maite olhou para os dois, sentindo a pressão da situação. Ela respirou fundo e assentiu lentamente.

— Vamos encontrar outro jeito, Anahí. — Prometeu segurando as mãos dela, sentindo-a gelada. — Existem várias maneiras de abordar o caso, e ainda temos a verdade ao nosso lado: você criou Gabriel, você é a única referência de uma figura materna para ele. Vamos trabalhar com nosso melhor nisso. — Maite garantiu, tentando transmitir confiança e esperança, apesar das dificuldades que se avizinhavam. Anahí respirou fundo, tentando se acalmar enquanto Maite começava a delinear um plano de ação. Alfonso, percebendo a angústia de Anahí, se levantou e foi até ela, segurando sua mão firmemente.

— Nós vamos conseguir. — Ele falou, se abaixando diante dela, para ficarem na mesma altura, a voz soando próximo dos ouvidos dela suave e reconfortante, somente para ela ouvir, no momento em que Maite se afastava para atender uma ligação. — Estamos juntos nisso, e não vamos desistir. — Prometeu, beijando os nós dos dedos dela, a mão dela firmemente entrelaçada nas suas. Anahí olhou para ele, encontrando força em seus olhos determinados. Ela assentiu, sentindo um fio de esperança surgir em meio ao turbilhão de emoções. Maite, hesitou vendo os dois, sorrindo levemente ao se aproximar.

— Bem, nós temos muito trabalho pela frente. Vamos começar revisando todos os documentos e planejando a melhor estratégia para garantir que seus direitos sejam totalmente reconhecidos. — Disse Maite, voltando-se para suas anotações. — Anahí, qualquer detalhe sobre sua vida com Gabriel, fotos, documentos, testemunhas que possam confirmar seu papel como mãe, tudo isso vai ajudar muito. — Afirmou, vendo-a assentir.

— Posso contatar as professoras de Gabriel, a direção do colégio onde ele estudava, os padrinhos dele, o pediatra. — Anahí enumerou nos dedos, pensativa. Maite assentiu concordando.

— O mais importante de tudo, Anahí... — Maite frisou, fechando sua agenda e a guardando em sua bolsa. — Gabriel não pode saber, em hipótese alguma, a gravidade de toda situação. Ele é uma criança e não pode entender o que está em jogo. — Afirmou convicta. — Se ele perceber e se afligir com isso, é um ponto negativo para nós. Vai parecer que estamos manipulando-o, e a guarda escapará entre os nossos dedos. O assunto não pode chegar até ele. — Estabeleceu, vendo-a assentir. Ela olhou para Alfonso, que mantinha um semblante preocupado, mas determinado. Anahí sabia que o que Maite estava dizendo fazia sentido. Gabriel não poderia ser exposto a esse estresse.