Em nome da dor - Livro 2

Capítulo 12

— Eu escondi a gravidez de você porque acreditava que seria o melhor para você. Eu não conseguia visualizar a possibilidade de poder criar minha filha. — Emma admitiu, seus olhos se enchendo de lágrimas enquanto sua voz se tornava um tanto embargada pelo choro preso. — Eu falei com você que o meu primeiro pensamento foi em abortar, mas Maite me convenceu do contrário e eu jamais conseguiria seguir adiante com isso. — Ela balançou a cabeça em negativa, relembrando o dilema angustiante que enfrentou naquela época. — Então, eu estava buscando um jeito de tentar esconder a gravidez até o final. Tinha um plano de viajar com Maite e dar minha filha para adoção. — Emma admitiu, revelando a dolorosa verdade por trás de suas ações.

— Colocaria a minha filha para adoção? — Christopher questionou, parecendo incrédulo com o que acabara de escutar. Sua voz carregava uma mistura de choque e decepção diante da revelação de Emma.

— Eu não podia simplesmente contar para minha família que eu estava grávida. Meu pai me criou me preparando para um casamento arranjado, onde eu seria uma noiva virgem e totalmente submissa. Era o destino que eles planejaram a vida inteira para mim. Como poderia eu, de repente, desviar desse destino e admitir que estava grávida? — Emma questionou, sua voz tremendo com a emoção e angústia.

— Você poderia ter simplesmente me contado, EU DARIA UM JEITO! — Christopher falou, sua voz se elevando com a intensidade da emoção que o dominava.

Seus olhos refletiam uma mistura avassaladora de frustração e mágoa diante da revelação tardia de Emma. A ideia de que ela poderia ter confiado nele para encontrar uma solução para a situação os consumia, como uma correnteza forte arrastando tudo em seu caminho. Deixou-o com uma sensação de impotência, como se estivesse diante de uma encruzilhada onde as escolhas já haviam sido feitas sem seu consentimento. A intensidade de suas palavras ecoava no ambiente, reverberando como trovões em uma noite tempestuosa, revelando a profundidade de seus sentimentos diante da revelação de Emma e a magnitude do abismo que se abria entre eles.

— EU ESTAVA COM MEDO! — Ela falou, sua voz tão exaltada quanto a dele, as lágrimas finalmente caindo dos seus olhos em uma torrente de emoções. Cada palavra carregava o peso do medo que a assombrava na época, como um trovão em meio à tempestade emocional que a consumia. — Meu Deus, Christopher, eu estava simplesmente apavorada. Eu tinha dezesseis anos e estava grávida, sem ter ideia do que fazer. — Ela admitiu em meio ao choro que agora parecia impossível de ser contido. As lágrimas escorriam por suas bochechas, testemunhas silenciosas do turbilhão de sentimentos que ela havia guardado dentro de si por tanto tempo.

— Como o Alfonso entrou nessa história? — Christopher questionou, sua voz carregada de emoção enquanto lutava para conter a torrente de sentimentos que o invadia. A pergunta escapou de seus lábios antes mesmo que ele pudesse conter sua curiosidade, uma mistura de ansiedade e resignação preenchendo sua mente. Ele sabia que não adiantava mais questionar sobre o fato dela não ter confiado nele; era passado e não havia como modificar isso.

— Eu tinha planos de viajar com a Maite naquelas férias. Ela iria para o Canadá e eu daria um jeito de convencer os meus pais para me autorizar ir junto com ela . Tentaria esconder a gravidez até lá, somente mais um mês... Minha barriga já estava começando a ficar aparente, mas dependendo da roupa que eu usasse ainda dava para esconder. — Emma admitiu, suas palavras embargadas pela lembrança angustiante. Ela encolheu os ombros, revivendo aquele momento doloroso em sua mente. — Mas no mesmo dia, meu pai me flagrou sem roupa, enquanto eu tomava banho e descobriu a gravidez. O mundo desabou ao meu redor naquele instante.

— O que o seu pai fez? — Christopher questionou, sua voz carregada de preocupação e curiosidade enquanto aguardava ansiosamente a resposta de Emma.