Capítulo 35

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— O que foi? — Alfonso perguntou ao notar Anahí olhar para a barriga com uma expressão de leve desconforto, embora um sorriso suave brincasse nos cantos de seus lábios. Eles estavam voltando para casa depois de passar o final da tarde no restaurante de fast food preferido de Gabriel. O menino, exausto de tanto brincar, havia adormecido na cadeirinha do carro, a cabeça tombada de lado contra o encosto, respirando suavemente em um sono tranquilo. Anahí levou alguns segundos para responder, ainda concentrada nos movimentos sutis que sentia sob a pele.

— Ele está brincando. — Ela finalmente disse, seu sorriso se alargando enquanto pegava a mão de Alfonso e a levava até sua barriga. Ela a posicionou cuidadosamente de forma que ele pudesse sentir os pequenos chutes logo abaixo de sua costela. Alfonso abriu um sorriso enorme, seus olhos se enchendo de um amor totalmente novo e desconhecido ao sentir o movimento do bebê tão claramente sob sua palma. Os chutes eram leves, mas firmes, como se o bebê estivesse se espreguiçando ou testando suas forças.

— Com o tanto de carboidratos que você comeu... — Alfonso brincou, uma risada escapando de seus lábios, ainda com a mão na barriga dela, enquanto ele via Anahí fazer uma careta. — Isso faz o bebê se mexer mais. — Explicou. Anahí franziu o cenho, uma expressão divertida tomando conta de seu rosto.

— Como você sabe disso? — Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha para ele.

— Eu tenho um livro. — Ele admitiu com naturalidade, retirando a mão da barriga dela para poder se concentrar melhor no trânsito que começava a ficar mais intenso. — É para pais, digo, para homens, mas ensina bastante sobre a gestação, sobre o que esperar a cada semana. — Explicou, sua voz calma e segura.

Anahí o observou, visivelmente surpresa pela dedicação de Alfonso em entender cada detalhe do processo tão intenso e transformador que ela estava vivendo. Ela nunca imaginara que ele se interessaria tanto, a ponto de ler um livro sobre o assunto. Um calor suave se espalhou em seu peito, aquecendo-a.

— Por isso que eu só levantei e fui quando você precisou "pelo amor de Deus" comer sorvete de pistache com nozes às duas da manhã. — Ele continuou, sorrindo de lado. — Eu sabia que os desejos apareceriam naquela fase, então só fui. — Balançou os ombros. Anahí sorriu, um tanto encabulada ao se lembrar da ocasião.

— Mas eu precisava. — Ela se defendeu, fazendo um bico que quase arrancou uma risada de Alfonso. O desejo havia sido quase insuportável, não a deixando dormir, de maneira que precisou apelar indo até o quarto dele pedir. Depois ela precisou "pelo amor de Deus" de um sal de frutas, porque teve uma azia desgraçada. Alfonso riu, um som baixo que preencheu o espaço silencioso do carro, enquanto seus olhos ainda brilhavam com aquele misto de diversão e ternura.

— Anna... — Alfonso chamou suavemente, franzindo o cenho por um instante. Anahí olhou para ele por reflexo, sentindo o coração acelerar, como sempre acontecia quando ele a chamava assim. — Não conseguimos ver o sexo ainda porque ele estava com as perninhas cruzadas... — Alfonso começou, a expressão ainda séria, mas havia um traço de diversão em seus lábios. Anahí assentiu, lembrando-se da última ultrassonografia e de como o bebê estava em uma posição que dificultava a visualização. Ela franziu o cenho, intrigada, enquanto o observava. — Não tem como ele estar com as perninhas cruzadas chutando dessa forma. — Alfonso constatou, sua voz carregada de um tom quase divertido ao apontar o óbvio. Anahí piscou, processando o que ele havia dito. A ideia levou alguns segundos para fazer sentido, e então uma risada suave escapou de seus lábios, um som que preencheu o carro com um misto de alívio e alegria.

— Você acha que... — Ela começou, mas deixou a frase no ar, seus olhos se arregalando levemente com a percepção que surgia. Olhou para a barriga, coberta pela calça de linho confortável e pela blusa de seda solta, que deixava o ventre à vontade.

Em nome da dor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora