Capítulo 39

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— Como está se sentindo? — Alfonso questionou em um tom baixo, que era quase um sussurro, quebrando o silêncio acolhedor que os cercava.

A noite já havia avançado, a casa estava silenciosa e tranquila. Gabriel dormia profundamente em seu quarto. No quarto de Alfonso, porém, a atmosfera era diferente. A luz suave iluminava o espaço, e o ambiente íntimo refletia o peso das emoções que pairavam entre eles. Anahí estava sentada na cama, usando apenas um shortinho confortável e um sutiã que revelava o contorno de sua barriga já bastante evidente. O cansaço de carregar o peso extra se manifestava nas dores constantes em sua lombar, e Alfonso, sempre atento, havia oferecido uma massagem para aliviar a tensão. Ele estava de cueca, com os músculos à mostra, sentado atrás dela enquanto suas mãos experientes trabalhavam nos nós que se formavam nas costas dela.

Anahí suspirou profundamente antes de responder. A pressão dos dedos de Alfonso sobre um ponto tenso fez com que ela soltasse um pequeno gemido de alívio e dor misturados. Havia algo incrivelmente íntimo e seguro naquele momento, mas, ao mesmo tempo, seus pensamentos estavam longe dali, perdidos no futuro incerto que a aguardava.

— Com medo. — A confissão escapou de seus lábios em um murmúrio, tremendo levemente com a emoção que tentava controlar. Sua voz vacilou, e ela sabia que Alfonso sentira a vulnerabilidade dela no instante em que suas mãos pararam momentaneamente para absorver o peso de suas palavras.

Ele continuou a massagem, suavizando as mãos por seus ombros até descer pelos braços dela, antes de envolvê-la em um abraço protetor, seu peito nu pressionando-se levemente contra as costas dela. O calor do corpo dele oferecia uma âncora em meio ao caos de seus pensamentos. Alfonso depositou um beijo suave no ombro dela, seus lábios quentes contrastando com a pele fria, enquanto ela sentia o coração apertar.

— Gabriel é muito carinhoso, muito receptivo a mudanças... — Ela começou, a voz baixa, mas cheia de medo. — Tenho medo do quanto ele pode se apegar a Candice. — A ideia a consumia. Ver o filho, que ela criara com tanto amor e proteção, desenvolver um vínculo com outra pessoa, especialmente alguém que mal fazia parte de sua vida, era aterrorizante. — Estou me sentindo vulnerável. — As palavras de Anahí eram carregadas de uma tristeza profunda, e Alfonso podia senti-la em cada suspiro que ela dava. Ele apertou o abraço em torno dela, tentando passar conforto, mesmo que soubesse que as preocupações que ela carregava eram reais. Seus braços firmes em volta dela transmitiam força e segurança, e ele repousou a cabeça no topo do ombro dela, sentindo o cheiro familiar dos cabelos de Anahí.

— Gabriel te venera, Anna. — Alfonso murmurou suavemente, como se estivesse compartilhando um segredo. Ele queria que ela soubesse o quanto o menino a adorava, e a sinceridade em sua voz era reconfortante.

Anahí suspirou, se aninhando mais contra ele, permitindo que a calma que a presença de Alfonso proporcionava a envolvesse. O calor do corpo dele era um abrigo, e por um momento, todas as preocupações e ansiedades se dissiparam. No silêncio do quarto, onde apenas os batimentos dos seus corações ecoavam, havia apenas eles dois, entrelaçados em um abraço que carregava promessas e sentimentos profundos. A conexão entre eles era palpável, e ela se permitiu relaxar, sentindo-se segura.

— Vamos dar a ele um fim de semana que ele vem sonhando há muito tempo. — A voz de Alfonso era carinhosa e esperançosa, trazendo uma nova luz para a situação. Ele a olhou nos olhos, e a sinceridade em seu olhar fez com que Anahí se sentisse ainda mais confiante. — Vamos aos Hamptons, e só depois explicamos a ele todas as mudanças.

Com um gesto gentil, ele levou uma das mãos dela aos lábios, depositando um beijo suave ali. O toque foi delicado, quase como se ele estivesse selando um pacto entre eles dois. Anahí sentiu o coração aquecer com a ideia, um fio de esperança começando a se entrelaçar com seus medos. A imagem de Gabriel se divertindo em um lugar novo, longe de todas aquelas preocupações, trouxe um sorriso a seu rosto.

Em nome da dor - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora