VII: O Fugitivo com o Cubo de Mármore

15 2 234
                                    

I

— Jojo-chan! Acorda, Jojo-chan.

Joanne sentia que o seu cérebro sairia pelo nariz. A voz incessante de Rinne para que ela acordasse, chacoalhando todo o seu corpo, reverberou pelos seus tímpanos fazendo pequenos tlacks e tlincks como um vidro se espatifando no chão.

— O que tá ocorrendo? Por que cê tá me agitando assim?

— Hoje é sábado, Jojo-chan. É dia de quadribol.

Joanne levantou devagar e coçou as órbitas dos olhos. Encarou Rinne usando um quimono azul com flores brancas e desenhos nos tecidos que lembravam os papéis de haikais, além de mais um adorno de flores na cabeça formando uma coroa.

— Pelas cores que está usando, o clã Kiji não vai jogar...

— Não. Será só o clã Inu com o clã Saru. Fomos eliminados.

— Ah... é final de temporada, verdade. Em Hogwarts deveria ter sido, caso não tivessem cancelado o quadribol por causa da doença.

— O diretor também cancelou o quadribol aqui, mas ele liberou depois que viu os números de mortos e internações diminuírem na nossa comunidade, graças ao seu otou-san que criou a vacina.

— É, meu pai... bom saber que vocês reconhecem que ele é quem salvou o mundo. Se dependesse dos manés do meu país, ele ainda seria um criminoso de guerra.

Joanne pensou: deve ser estranho ter só três clãs ao invés de quatro. Castelobruxo e Ilvermorny também tinham quatro, e a Uagadou tem seis, de acordo com Hermes. Deve ser pelos japoneses odiarem o número 4, pela sua fonética soar a mesma que a fonética usada para a palavra morte.

E novamente os bruxos se prendendo a números e seus diversos significados.

Bom, questão de se acostumar sem a "Grifinória da Mahoutokoro".

Que nada, era uma bênção. Os saruistas eram nerds igual ao pessoal da Corvinal. Os inustas são bonzinhos como a turma da Lufa-Lufa e os kijistas, tão ambiciosos e duros quanto a galera da Sonserina. Tão bom não ter nada que remete a Grifinória.

— Rinne-chan, tem um quimono para mim também?

— Tem! Está no banheiro.

Aproveitou também para fazer suas higienes pessoais, e viu o quimono azul pendurado perto do box do chuveiro. Tirou seu pijama, tomou um banho bem rápido e o vestiu. Se sentiu um tanto estranha, por ser a primeira vez na vida que vestia um quimono. Rinne precisou ajudá-la em algumas partes, pois não sabia fechá-lo para formar o lacinho atrás.

— Isso não é bem um quimono, né?

— Não. Quimonos são para ocasiões mais sérias. Nossas vestimentas são o yukata.

— Sim, sim, imaginei.

Depois que Rinne deixou Joanne pronta, arrumando os seus cabelos para fazer um coque e colocar a coroa de flores, elas viram Sayo Ogami adentrado o tatame usando um quimono infantil preto e uma pesada maquiagem no rosto que deixava suas pálpebras roxas e os lábios vermelhos e as bochechas muito pálidas. Joanne achou um exagero a maquiagem para uma criança de apenas oito anos.

— Ei, tampa de garrafa.

— Tampa de garrafa? É alguma alusão para dizer que sou pequena?

— Eu chamo toda criança assim...

— Pois não deveria. É desrespeitoso — Sayo mostrou os dentes, que também haviam sido pintados com preto carvão.

— Tá, tá. Eu quero saber por que sua maquiagem tá tão pesada. Nem eu e nem a Rinne colocamos algo na cara...

Belas MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora