IX: O Chalé da Yuki-Onna

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I

Joanne soube que Rinne tinha recebido alta da Enfermaria após tomar algumas poções calmantes e foi dispensada da limpeza por hoje. Aproveitando a situação, Joanne pediu para Apolonia chamar F.F. e Elillon, com o objetivo de terem uma reunião na barraquinha de comida de rua do senhor Tsuruhara a respeito da Arca, e que tudo ali seria explicado. Assim que Rinne despertou do efeito das poções por volta das nove da noite, Joanne a convidou para um jantar.

— Jantar? Pensei que você tivesse preparado tudo.

— É, então, acabei não tendo tempo por causa da limpeza e não fiz nada, mas não tem problema, pois nós vamos no Tsuruhara-sama comer alguma coisa.

— É, ok, tudo bem. Podemos pedir katsudon?

— O que você quiser.

Joanne achou melhor deixar Rinne bem confortável para a revelação difícil que ela precisaria ouvir. Quando as duas chegaram na barraquinha, Elillon, F.F. e Apolonia já estavam lá, saboreando pratos de ramen e tigelas de gyudon.

— Rinne, essas são as minhas amigas de Hogwarts, as que foram para outros clãs: Elillon Krukman e Felicity Ferguson.

— Sim, eu já as conheço — mesmo assim, Rinne se curvou.

— Rinne-chan, hoje a gente se reuniu aqui porque... eu sei o que pode ter causado o desaparecimento dos seus pais, ou, o que causou.

— Mesmo? E como você pode saber disso?

Joanne sabia que não deveria fazer isso, especialmente porque, recentemente, essa marca ficou mais evidente em seu corpo. Na infância, ela pensava que era apenas uma marca de nascença estranha e diferente, bem pequena e muito sutil. Respirando fundo, ela tomou uma decisão: tirou a capa e a parte de cima da roupa, seguido pelo sutiã. Sentindo a tensão no ar, vestiu novamente a capa, pois não queria expor os seus seios, mas sim a marca do corte que havia no meio deles.

— Err... e-eu não compreendo... você tem uma cicatriz aí?

— Sim. É uma cicatriz proveniente de uma cirurgia que fiz quando ainda era um bebê. Eu tenho um coração artificial. Nasci com uma má formação, e se eu não recebesse um transplante, poderia ter ido de arrasta pra cima. Mas... esse coração aqui que eu tenho, tem em seu núcleo, um monstro.

Joanne cobriu seu corpo novamente e vestiu as roupas rapidamente com a ajuda das amigas. Ela sabia que Rinne ficaria chocada ou, talvez, não acreditaria. Afinal, era só um coração artificial, não era para causar tantas preocupações.

Não naquele caso.

— Eu tenho algo para lhe contar, que pode te chocar um pouco, e você pode achar que sou maluca, mas é a pura verdade.

Então, Joanne contou tudo. Falou sobre a Arca, e sobre o satélite Merlin I, cuja localização coincidia exatamente com o local onde os pais de Rinne desapareceram.

— Isso é mesmo sério? Parece mais com uma história de ficção cientifica.

— Sim, imaginei que você não acreditaria de início, mas tudo bem, não estou irritada, imaginei que seria assim mesmo. Mas é a realidade e está ocorrendo uma guerra interna por causa do meu coração artificial, que pode ressuscitar esse monstro.

— Mas como? A Prismatik é confiável. Eles nos modernizaram. Não consigo pensar que uma empresa queira o nosso mal assim... os bruxos viviam na total escuridão. Imagina como deveria ser a vida dos nossos pais sem celulares e computadores?

— Ok, eu concordo que a Prismatik fez muitas coisas boas para a nossa sociedade, mas, o meu pai é obcecado por uma coisa chamada comunismo, e nesse comunismo, é dito que, toda empresa privada quer se passar de boazinha, que é engajada em lutas sociais, dos fracos e oprimidos, apenas para arrancar dinheiro dessas pessoas. Elas não estão nem aí para as pessoas, de fato, só querem mesmo é o lucro. E a Prismatik não é nada diferente, especialmente pelo seu criador, Gai Amatsu, ter dito ao meu pai que... só fez o meu coração porque ele queria lucros. Se o órgão desse certo, ele faria milhares iguais e ganharia muito em cima disso. E o meu pai e o Gai Amatsu nunca se bicaram, até porque, na época da guerra... ele atacou o meu pai covardemente pelas costas com aquela luva estranha dele.

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