I
Joanne sentiu que os acontecimentos se desenrolaram de forma estranhamente lenta, embora tudo tivesse passado em um piscar de olhos. Ao abrir os olhos, deparou-se com um cenário de devastação: o palco, outrora vibrante e cheio de vida, agora não era mais que um monte de fogo e fumaça, ardendo intensamente. As cadeiras de plástico estavam espalhadas e viradas, muitas delas reduzidas a destroços. O som de choro preenchia o ar, acompanhado pelos gemidos de dor de várias pessoas feridas. Outras, assim como ela havia estado, estavam desacordadas. Ela observava, atônita, o caos que sua peça teatral havia se tornado, sentindo uma gigantesca vontade de chorar. Tudo pelo qual havia trabalhado tão arduamente fora reduzido a cinzas e destroços.
Joanne sentiu um gosto amargo na boca e uma ânsia de vômito a dominou, mas algo a impedia de ceder a essa necessidade. Talvez fosse a dor latejante em seu corpo que a mantinha paralisada. Com dificuldade, levantou-se devagar, sentindo cada músculo protestar, e olhou para o céu noturno, repleto de estrelas contrastando com o inferno ardente ao seu redor. O vento cortante batia em seu rosto, trazendo consigo a fumaça sufocante que a fazia lacrimejar. Precisava entender o que havia acontecido. Entre a névoa de fumaça e chamas, um pensamento insistente a atormentava: seria a pessoa que viu na frente do teatro era realmente Grossi-sensei?
— Joanne... Joanne — alguém lhe chamava; não via ou ouvia nada, apenas um ensurdecedor "piii" devido a explosão ter sido muito perto dela. — Joanne, está me ouvindo?
O mundo desceu e quando olhou para trás, viu Elillon Krukman. Os sons da confusão começaram a aparecer com calma, provocando uma segunda bomba em seus ouvidos.
— Elillon?...
— Joanne, você está bem?
— Eu não sei... o que aconteceu?
— Houve uma explosão no palco. Um dos garotos que estava encenando saiu correndo gritando que a Rinne havia sumido.
Kaijiki. Ele deveria estar no epicentro da explosão. Joanne tentava se lembrar, mas não conseguia, só de ver a figura preta no meio do palco e sorrindo.
Joanne sabia o que tinha que fazer.
— Vou atrás da Rinne-chan.
— O que? Para onde?
— Na praça principal de Ideon, que desce a montanha. Tem a baixada e o meio da montanha. É lá que eu preciso estar. Não sei dizer, mas... eu sinto que ela está lá.
— Espere. Leve isto.
A garota arregalou os olhos. Elillon estava lhe oferecendo a sua espada.
— O que? Eu não posso aceitar.
— Eu já vi esses professores japoneses duelarem. Acredite, eu também vi uma pessoa muito parecida com o professor de artes cênicas em cima do palco antes da explosão. Se eu vi certo, foi ele quem sequestrou a sua amiga, então, leve a minha espada. Será útil.
— Mas ele é muito pesado e eu não sei manuseá-la. Além de que isso pesa uma tonelada. Você...
— O que é mais pesado, Joanne Snape? O cume de uma lâmina ou se prender a um simples detalhe e não ir salvar a sua amiga?
Elillon nunca a chamava pelo seu nome completo. Suas feições frias e sérias sempre a assustavam, transmitindo uma austeridade que era reforçada pela calma em suas palavras. Havia uma imponência natural em sua presença, uma dignidade que o tornava uma verdadeira descendente de Sir Galahad.
— Pelo que sei, o seu pai é um descendente do Rei Arthur, e a sua mãe de Merlin. E eu, como uma amazona, ofereço minha espada para a minha rainha.
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Belas Mentiras
FanfictionJoanne Snape prometeu a si mesma que iria melhorar seu comportamento desastroso e impulsivo, e vê a oferta de intercâmbio de quatro meses na escola de magia e bruxaria japonesa Mahoutokoro uma excelente forma de conseguir isso, enquanto o seu pai, S...