XXI: 11/09 I - O Conhecimento

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I

Joanne ainda estava incerta sobre como iniciar suas pesquisas sobre o Onze de Setembro. Após um dia cansativo no trabalho — o pub estava surpreendentemente lotado durante a tarde, algo que ela nunca esperaria vindo de um estabelecimento novo —, sentou-se diante do laptop e começou a investigar. Descobriu que os dois prédios se chamavam World Trade Center, mas eram popularmente conhecidos como Torres Gêmeas, devido à sua estrutura idêntica. Eles faziam parte de um grande complexo de escritórios no coração do centro financeiro de Nova York.

Pesquisando nas redes bruxas da Prismatik, Joanne descobriu que as Torres Gêmeas serviam como um tipo de esconderijo para o centro comercial norte-americano, algo semelhante ao Beco Diagonal ou ao Chuuo Domuu. No entanto, considerando o tamanho do país, deveria haver outros centros de comércio além deste. A tragédia ocorreu em 11 de setembro de 2001, por volta das oito e meia da manhã de uma terça-feira comum, quando um avião colidiu com uma das torres. Não há imagens nítidas do exato momento do impacto, apenas um vídeo antigo de dois trabalhadores realizando manutenção nos esgotos, onde a câmera desvia o foco para capturar a torre explodindo. A maioria das imagens disponíveis mostra a torre já em chamas.

Mas o que mais a chocou foi a imagem de um homem se jogando das torres na tentativa desesperada de se salvar. The Falling Man era o nome popular da foto. Joanne sentiu um aperto no coração, uma angústia profunda que a consumia por dentro, pois aquele homem, quem quer que fosse, enfrentou o terror absoluto ao perceber que a morte era inevitável. Ele teve que escolher entre morrer queimado dentro de um prédio em chamas ou cair de uma altura inimaginável. Ao fim, quase três mil pessoas perderam a vida, quando as duas torres finalmente colapsaram.

Com certeza não iria conseguir dormir esta noite.

Joanne parou de olhar aquelas fotos e desligou o computador. Alan já estava berrando para que ela descesse para jantar.

— Jantar! — ele fazia um barulho horrível, batendo em uma panela velha e amassada com uma colher de madeira. — Venham comer. Jantar! Papai fez purê de batata e carne.

Joanne desceu para jantar. No prato, carne com purê de batatas e legumes cozidos, como anunciado por Alan. Era difícil esconder qualquer coisa do seu pai. Os makais haviam pedido sigilo absoluto, mas manter esse segredo seria um verdadeiro desafio. Sua mente estava inquieta, um terreno fértil para a invasão de um legilimente experiente. Precisaria se concentrar, afastar aqueles pensamentos perigosos, para evitar que ele desconfiasse.

A conversa à mesa seguia o mesmo padrão de sempre: seus pais discutiam sobre o trabalho enquanto as crianças apenas ouviam. Seu pai parecia especialmente ansioso com a reinauguração de Hogwarts, que aconteceria dentro de um mês.

— Está muito bonito, e tenho certeza de que, tanto os alunos, quanto os professores vão gostar. Hogwarts estava precisando.

— O senhor resolveu o problema do mofo?

— Mofo? Ah sim, sim. Alguns alunos reclamavam que aquelas paredes vivem mofadas, e claro, isso causa crises alérgicas. Fiz o que pude para remover todo aquele fungo, mas vocês sabem que, certas manchas estão lá há séculos. Muitos diretores foram imprudentes em não dar um jeito naquele castelo.

— Finalmente Hogwarts terá uma cara nova. Sabe, a Mahoutokoro era super limpinha. Não tinha uma armadura fora do lugar, ou parede manchada. Dedicação que só os japoneses sabem ter.

— Hum, a Castelobruxo também era bem limpa nas poucas visitas que fiz — disse Erina. — Mas sim, meu marido, Hogwarts é lamentável no quesito de limpeza.

— É que quem fazia tudo é o coitado do Filch. Ele não tem mais idade para limpar aquilo tudo.

— Por isso mesmo que, a partir de agora, todos em Hogwarts, incluindo alunos, professores, funcionários e fantasmas, vão ter que ajudar na limpeza do castelo. Não é isso que os seus amados asiáticos fazem, Joanne?

Belas MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora