XXIX: O Último Desafio de Eternal

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I

Joanne estava muito decepcionada.

Ainda pensava nos treinamentos dos irmãos Shindai. Reika tinha feito um bom trabalho, mas Ryoga foi uma grande decepção. Ele nem sequer a olhou nos olhos, limitando-se a desferir ataques violentos — um deles, inclusive, havia deixado um corte profundo em suas costas, que por pouco não atingiu suas costelas de maneira grave. Joanne se perguntava por que ele a odiava tanto.

— Ryoga sempre foi um babaca — disse Marlene ao cuidar do ferimento de Joanne no Rose Clocks. — Mas não esperava que ele fosse te tratar dessa forma. Vou reclamar com o pessoal. Ele deveria ter te mostrado, pelo menos, o básico.

— Deixa quieto, Marlene. Eu aprendo sozinha. Ai.

— Não se mova — Marlene estava fazendo uma nova sutura em seu corpo — Mesmo assim, você deveria ter aprendido como se controla os poderes do tempo. Eles não são nada fáceis de se lidar. São imprevisíveis, instáveis, e quando você se dá conta, já está os jogando por aí. Essa foi uma atitude muito ruim dele.

— Como é que você sabe disso?

— Antes de... antes de eu ser escolhida na tribo de Jaou, eu quase fui parar na tribo de History. O tempo, apesar de ser uma matéria complicada, sempre foi uma arte que me fascinava desde criança. O problema, é que o Ryoga não sabe, ou talvez não queira, ensinar isso aos outros. Se ele não vai com a sua cara, esquece. Ele não vai se esforçar o mínimo para que aprenda.

Joanne compreendeu as palavras de Marlene. Ela havia confrontado Ryoga antes de seu treinamento, acusando-o de espionar para o Mestre Logos. Isso foi o estopim para que ele a marcasse a fogo e ferro, exatamente como seu pai fazia com os alunos, mas de uma maneira menos impulsiva.

O problema não era lidar com alguém parecido com seu pai. O verdadeiro desafio era suportar alguém tão infantil e birrento quanto.

— Mas você tem que concordar comigo que o Ryoga é o cara mais fiel a causa do Mestre Logos até hoje.

— Eu sei de tudo isso, Joanne, mas ele é o único que sabe lidar com o tempo melhor do que qualquer outra pessoa. Mas deixe comigo que irei dar um jeito nessa situação — Marlene terminou a última sutura. — Terminado. Tente ficar em repouso por hoje. Amanhã, você terá um treinamento pesado com o Desast.

— Ah... é tudo que eu mais precisava. Enfrentar o Desast.

— Por que não gosta dele? Desast não é um oni ruim, mesmo que ele tenha certa aversão por humanos ou pelo imperador.

— Acho que a resposta está bem na sua pergunta, Marlene.

II

Severo estava na loja de sua esposa, organizando alguns documentos importantes e o dinheiro arrecadado no dia na caixa registradora, quando ouviu a porta se abrir de forma brusca. Era Pestana, ofegante e visivelmente exausto.

— O que está fazendo aqui? Eu vou fechar a loja daqui a pouco...

— S-Severo... e-eu preciso da s-sua ajuda.

— Primeiro: acalme-se. Você está muito nervoso e isso não vai ajudar em nada. Segundo: respire fundo. Não fique afobado e me explique, aos poucos, o que aconteceu.

Pestana fez tudo que Severo lhe orientou e contou aos poucos, o que havia acontecido.

— Valom e Ulrich desapareceram e você não faz ideia de onde eles foram?

— S-sim. F-fui chamá-la para tomar café da manhã q-quando eu vi que a cama dela estava vazia. N-não só a dela, mas também a do Ulrich. E-eu estou m-muito preocupado. Procurei por toda a aldeia, f-fui até na pedreira e nada deles.

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⏰ Última atualização: Oct 20 ⏰

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