I
Só que Joanne não esperava que o seu pai e o professor Warren estariam esperando por ela, parados como duas gárgulas observando um possível ambiente hostil.
— Eu... estou surpresa em ver os dois — De todas as pessoas que Joanne esperava que fossem lhe receber, não imaginou que seria eles, mas sim a sua mãe. — Na verdade, eu achava que iria ver outra pessoa...
— Quem? — disse o seu pai, de braços cruzados e a capa na frente do corpo largo, como um morcego fechando as asas e as enrolando em todo o seu corpo.
— Mamãe. Essa chave de portal é da Confederação.
— Sua mãe a emprestou para que você fosse trazida de volta a Grã-Bretanha em segurança e rapidez.
— Ah tá. E o senhor, professor Warren?
— Eu? Nada. Só vim dar apoio moral. Mas... é assim que vocês dois se reencontram depois de meses longe um do outro?
— Sim. Por que o senhor tá surpreso?
— Não sei. Só me pareceu frio demais.
— Bom, Kasimier, nós somos deste jeito — disse Severo. — Você deveria saber disso há bastante tempo, já que é um nato admirador de minha família.
Apesar de tudo, Joanne não pôde deixar de sorrir ao ver os dois homens, talvez os mais importantes de sua vida. Surpreendeu-os com um abraço coletivo, apertando seu pai com mais intensidade e afundando a cabeça na barriga dele. Ela quase não o viu naquele ano e, tinha que admitir, sentia muito a sua falta e tinha um enorme apego.
— Estava com muitas saudades do senhor — os olhos de Joanne brilharam ao ver o rosto sem rugas do pai.
— Eu também estava com saudades de você, Joanne.
— E do senhor também, professor Warren. Não precisa ficar com ciúmes.
— Estou bem, Joanne, mas alguém, parece estar com mais saudades do que nós dois juntos.
Joanne imaginava quem poderia ser.
— Hermes, né? Eu sei que ela me ama muito.
— Ela ainda está com essa ideia de filmar o castelo, Kasimier? — ponderou Severo, com força na voz. — Tire de uma vez a câmera dessa menina, ouviu?
— Eu já tirei, Severo. Inclusive, tem umas coisas bem interessantes que encontrei nas fitas. Mas, acho melhor eu deixar os dois sozinhos para conversar — o professor pegou sua varinha e começou a levitar as malas de Joanne. — Vou levar suas coisas para o dormitório, Joanne.
— Obrigada, professor.
Kasimier se retirou rápido, deixando pai e filha sozinhos. Os dois caminharam juntos por um corredor antigo e empoeirado, coberto por teias de aranha. Apesar das reformas feitas por seu pai, parecia que Hogwarts nunca mudaria: continuaria sendo um castelo escuro, sombrio e repleto de mistérios. Tal como a Mahoutokoro, que se erguia como um gigante samurai sentado em uma pedra, Hogwarts era como um dragão adormecido em uma montanha.
— Onde nós estamos?
— Terceiro andar, mas já vamos sair daqui.
— O andar que ninguém pode ir?
— Basicamente, estou querendo dar alguma função a ele, para que não fique um lugar vazio e cheio de poeira.
— Entendi.
Joanne foi direto para a sala do diretor. Escutou, bem de leve, seu pai sussurrar a senha — ela sabia que ele falara baixo para que ela não ouvisse, mas conseguiu distinguir o tom licor das trevas proferido por seus lábios. O grifo de pedra subiu, revelando a escada que levava à sala. O aposento não havia mudado muito desde a última vez que estivera lá: os quadros dos antigos diretores mofavam na parede direita, as pilastras com objetos estranhos protegidos por cúpulas de vidro permaneciam inalteradas. Perto da escrivaninha de seu pai, um pássaro de aparência estranha estava empoleirado. Tinha penas cinzentas, corpo alongado, e três pequenas penas de pavão perto da cabeça e na cauda.
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Belas Mentiras
FanfictionJoanne Snape prometeu a si mesma que iria melhorar seu comportamento desastroso e impulsivo, e vê a oferta de intercâmbio de quatro meses na escola de magia e bruxaria japonesa Mahoutokoro uma excelente forma de conseguir isso, enquanto o seu pai, S...