2.20: Imaginação

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Pov Liz:

Eu estou de volta a sala branca, comum para mim. Após longas horas de cirurgia. As palavras de uma enfermeira ecoava repetidamente na minha cabeça "pelo menos sua filha terá você bem". 

Não pude ver Violet, não pude ver ninguém da minha família ainda, ninguém me diz sobre Matthew, onde ele está ou como está. Um homem de blusa social e jaleco irrompe meus pensamentos entrando no quarto.

- Olá Lizzie, eu sou o doutor Arthur, psicanalista do hospital. Gostaríamos de garantir sua saúde mental diante dos últimos acontecimentos, tudo bem?

Tiro esforços de todo meu corpo para conseguir soltar algumas palavras sem sentir uma dor fora do comum.

 - Matthew, me fale sobre ele. -tusso-

- Lizzie, agora falaremos sobre você. Matthew está passando por outra cirurgia no momento. 

- Outra? - falo espastanda num sussurro-

- Vamos focar em você ficar saudável por ele e Violet? Que tal?

Eu rio.

- Doutor, meu objetivo sempre será esse. Minha história e de Matt começa a muito tempo atrás. Violet foi nosso pequeno milagre. Por eles eu dirigiria horas a fio mesmo sabendo que algo ruim poderia acontecer. 

- Você tem dormido bem? - o médico me pergunta num tom delicado-

- Eu estou aqui a o que? 48 horas? Eu dormi uma vez mas acordei com pesadelos, decidi não dormir mais. -falo firme-

- O que de tão ruim tem nesses pesadelos que a impedem de voltar a dormir? -ele fala como se já soubesse minha resposta-

Balanço a cabeça em negativo. -Não quero falar sobre isso.

- Você vê flashs do acidente certo? Flashs de Matt? -ele me diz óbvio-

Caio em lágrimas, tão indefesa.

- Tinha tanto sangue, meu deus. Tinha tanto sangue e tantos vidros. Eu vi Matt parar de respirar. Eu achei que nunca mais o teria. Achei que eu não sairia dali com vida. -tento controlar os soluços-

- Lizzie, isso é típico de estresse pós traumático, vou te receitar um medicamento e terapia. Se lembre do que é real. Você está viva, Matthew está vivo. Repita em voz alta.

- Eu estou viva e Matt está vivo. Vamos ficar bem. -abraço meu corpo me sentindo sozinha-

Horas se passavam e nada. Ninguém mais entrou ou saiu daqui. Essas medicações diminuem minha dor e me deixam com sono, mas quero estar acordada para ver Matt. Tenho tempo de puxar a coberta azulada e ver um pouco do estrago. Minhas pernas roxas, com várias gazes enfaixadas. Meu braço com um pino de metal colocado em minha cirurgia, minha cabeça enfaixada com um pouco de sangue de um dos meus ouvidos, eu diria com toda certeza que não, eu não estou nem perto de estar na minha melhor versão desse jeito.

As portas do quarto se abrem, uma maca passa pela porta devagar, posso ver que é Matt por suas tatuagens.

- Pode colocar ele ao meu lado? É meu namorado -peço já com os olhos cheios de lágrimas-

As enfermeiras assentem colocando - o ao meu lado. Ele está desacordado, recebendo bolsas de sangue e soro ao mesmo tempo. Pude sentir suas mãos geladas, seu perfume já não estava mais ali, seu pulmão que colapsou no acidente deixou cicatrizes em seu peito, seus cabelos antes tão escuros e hidratados, pareciam sem cor, sua barba por fazer me fez sorrir. O corpo dele estava ali, a alma eu já não sei.

Voltei a seguras os dedos do garoto, meus olhos já não seguravam mais as lágrimas. Num sussurro desesperado eu pedi a ele:

- Matt, por favor, acorde. Nossas almas foram destinadas a se encontrar, e eu não posso suportar a ideia de enfrentar essa vida sem você ao meu lado. Eu faço qualquer coisa. Eu sei que estou segurando a barra aqui, tentando ser forte por nós dois, mas amor, eu sou fraca sem você. Por favor, não me deixe.

Com uma última prece silenciosa, eu apertei a mão de Matt mais uma vez, rezando para que ele encontrasse a força para retornar para nós. E assim, pela primeira vez consegui dormir sem pesadelos, ao lado dele.

POV MATT:

Com um gemido abafado, eu lentamente abri meus olhos, minha visão estava turva,eu tentava me orientar no ambiente desconhecido ao meu redor. Uma onda de dor percorreu meu corpo, cada movimento trazendo uma sensação aguda e lancinante de dor.

Pude ver Liz, ao meu lado, e uma onda de alívio inundou meu coração. Mesmo em confusão e desamparo, eu pude sentir um profundo sentimento de gratidão por tê-la ali ao meu lado.

- Liz... - minha voz vacilou, saiu rouca e fraca, mal audível acima do zumbido constante em meus ouvidos- 

Eu estendeu a mão trêmula em sua direção, ansiando pelo conforto do seu toque.

Os olhos de Liz se encheram de lágrimas. Ela segurou a minha mão com ternura, sua voz embargada com emoção. 

- Amor. -ela sorri-

As palavras da minha garota são como música para meus ouvidos. Apesar da dor e do desconforto, eu sabia que, enquanto tivesse ela ao meu lado, seria capaz de enfrentar qualquer coisa. Com um sorriso fraco nos lábios, eu apertei a mão dela dizendo que estava bem. Eu estava fraco e desamparado, mas com ela aqui, ao meu lado, tudo vai ficar bem.

Dandelions - Matthew SturnioloOnde histórias criam vida. Descubra agora