POV LIZ:
Acordei no quarto de um hospital. Minha última lembrança é o sangue e tudo o que eu fiz para não estar aqui. Aperto meus olhos contra a luz e me odiando mentalmente. Saber que eu vou ter que enfrentar a realidade e contar a todos tudo o que eu passei. Era para ter dado certo, não deu e agora eu lido com a culpa de destruir a confiança de todos, por magoar todos e ainda ter que me explicar. Algum fio ligado ao meu corpo fica apitando, tenho tempo para olhar meu corpo e meus braços que latejavam. Todo remendado, horrível. Saio dos meus pensamentos enxergando meu ponto de paz. Não posso me arrepender por sobreviver, senão eu não o teria mais.
- Oi princesa - Matt sorri fraco e com um olhar cansado-
Parece que ele perdeu seu brilho, seu cabelo estava bagunçado, seu rosto com um semblante triste, seus olhos vermelhos como quem chorou a pouco, suas unhas roídas quase chegando a sangrar, ele está triste.
- Matt - minha voz saiu rouca e baixa- Eu tenho tanto pra te falar.
- Eu sei que tem. -seu rosto fica mais rígido- Eu li a carta. Eu fui a sua casa. Lizzie, você estava certa, eu estou com raiva. Você disse que não me deixaria e escolheu me deixar. -seus olhos escorriam lágrimas e ele não se preocupava em limpar- Você com muita sorte está viva, mas meu deus, esses últimos dias? Eu morri um pouquinho, a cada notícia ruim, a cada vez que eu via os meninos chorar, seu pai...
Ele se levanta.
- Eu sei, eu sei Matt, por favor não vai.
- Me desculpa. - ele disse- você tem que descansar e eu to vomitando toda minha indignação em você. Eu quero te acolher mas isso me machucou tanto. Me desculpa.
- Matt por favor, senta. Eu, Matt, meu último pensamento foi você antes de apagar. Eu prometi sim estar com você pra sempre, mas eu não conseguia pedir socorro. Você acha que eu não estou me odiando também Matthew? Era pra ter dado certo, não deu. Eu não morri. E eu tentei tirar minha vida porque meu coração doía tanto, minha mente me odiava tanto e eu não conseguia gritar por socorro. Me perdoa. Mas eu entendo você me odiar, eu também me odeio.
- Não repita isso -ele diz sério- Eu só preciso assimilar tudo. Eu tive tanto medo Liz. Eu tenho tanto medo. Era pra ser nós contra o mundo lembra?
- Eu sei.
- Acho melhor eu ir -ele diz me olhando-
- Eu também acho. -eu disse séria-
Eu o entendo. Custa ele tentar me entender também? É tão dificil falar sobre isso e ele ainda surta assim? Sai dos meus pensamentos com Noah, Nick e Chris entrando na sala. Chris pulou me abraçando e me obrigando a jurar nunca mais o assustar desse jeito. Nick só sabia chorar e Noah parecia tão decepcionado. Eu odeio olhares de decepção. Depois só Noah e meu pai ficaram no quarto e decidi me abrir.
- Olha, eu sei que Noah me achou no pior cenário possível, eu sinto muito Noah -ele nem me olhava mas sabia que prestava atenção em cada palavra- Eu quero que vocês entendam que meu intuito nunca foi machucar vocês. Pai você não fez nada errado -meu pai me olhava atentamente- e Noah você sempre me apoiou. Eu estava trabalhando com a minha psicológa mas eu estou lidando com uma depressão profunda sozinha e eu sei que deveria ter pedido ajuda. Por favor falem comigo.
- Lizzie, eu te amo. -meu pai me diz com tristeza no olhar- Os médicos indicaram que você saia daqui direto para a reabilitação.
- O que? - eu e Noah falamos ao mesmo tempo
- Querida, estamos preocupados. Eu quero te ajudar, eu não sou especialista, eu estou tentando fazer o melhor.
- Pai, eu não vou. Eu preciso do apoio de vocês, não que você me enfie num lugar de doido me afastando mais de vocês. -digo séria-
- Que tal você passar mais tempo em casa? -Noah diz confrontando nosso pai- Ou querer saber mais sobre as nossas vidas, nossos amigos? Você quer internar ela. Ela tentou suicídio pai, ela desistiu de viver e você opta por fugir e enfiar ela num lugar qualquer pra você não lidar com o problema real?
Noah já estava de pé com a voz elevada e mais que indignado.
- Não é isso Noah. Tudo bem, levamos ela pra casa, mas eu não sei o que fazer. - o pai diz derrotado-
- Igual quando você não sabia o que fazer quando a mamãe morreu? -Noah cuspiu as palavras raivoso- Você parecia uma máquina que não parava de trabalhar enquanto nós dois ficavamos em casa sofrendo?
Pela primeira vez ele fala sobre isso. A hora ia chegar só não sabia que seria dessa forma.
- Gente, calma. -eu peço-
Meu pai se levanta trêmulo e com os olhos marejados.
- Exatamente dessa forma Noah. O acidente de carro da sua mãe, não foi um acidente, ela se matou. Ela jogou o carro contra o penhasco. E agora minha filha faz quase o mesmo. Onde eu estou errando?
Meus olhos enchem de lágrimas e minha boca se abre num O. Noah cai sentado.
- Não pode ser. - eu digo começando a chorar-
- Desculpa crianças, eu queria poupar vocês disso. Mas eu não sei como reconstruir tudo o que foi quebrado - meu pai dizia derrotado.
Eu não sei como reconstruir tudo o que foi quebrado
Ficou martelando na minha cabeça.
- Vamos fazer isso juntos -Noah diz cabisbaixa- Juntos. Sem reabilitação, sem segredos, apenas estar todos presentes um para o outro.
- Combinado - eu digo e meu pai diz em seguida-
Depois dessa conversa calorosa, recebi medicação e dormi até o dia seguinte.
Acordei meio desnorteada, igual o dia anterior. Peguei meu celular 09:02, as notificações não paravam. Entrei nas mensagens, respondi as pessoas mais próximas. Vejo Noah entrando no quarto.
- Bom dia -sorriu de lado- você vai ter alta hoje.
Sorri para ele.
-Noah eu te amo tá bom?
Ele me abraça forte.
-Liz, Matt não está bem com tudo isso. Ele após vocês conversarem ontem ele voou para Boston. Os meninos foram com ele.
- O que? -falo derrotada-
- Liz eu sei que você passou por uma merda enorme, mas você não o viu os dias que ele fez plantão nesse hospital pra não sair do seu lado. Ele teve diversas crises de ansiedade, ele se culpou e chorou sem parar. Eu sei que você está passando por algo delicado, mas isso também o colocou numa situação delicada.
-Eu entendo - disse caindo uma lágrima- Noah, você acha que o perdi para sempre?
Ele me da um sorriso reconfortante
- Nada é impossível com amor, e vocês dois? É amor puro, mas no momento todos estão muito machucados e ele sofrendo muito.
-Eu sei. -digo-
Eu não sei como reconstruir tudo o que foi quebrado.
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Dandelions - Matthew Sturniolo
Fiksi PenggemarMatt, Nick e Chris estão no último ano da High School e uma brasileira acaba de se mudar para Boston. Sim, isso é uma história de amor. Basta saber se é destino ou encontro. ''Tem pessoas na vida que a gente esbarra, e, tem pessoas que a gente encon...