2 - CORAÇÃO QUEBRADO

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SAMANTHA CLARCK

No final das aulas saí acompanhada pelos meus fies escudeiros até a saída, os pais da Isa já estavam lá para busca-la e Peter foi andando comigo até a parada de ônibus, já que seu irmão estava com o carro que dividiam. Essa era a hora da verdade.

- Então, Peter. Você disse que queria falar comigo? - Deixei que ele se abrisse primeiro, assim teria mais tempo pra eu formular as palavras na minha cabeça.

- Queria sim. Nem sei como começar a falar isso, Sam. - ele parecia nervoso, estava com um sorriso tímido no rosto. - É um sentimento novo pra mim, mas acho que só você pode me ajudar. Estou apaixonado.

Assim que as palavras saíram da sua boca minhas pernas não conseguiram mais se mover. Como esperei ouvir aquilo.

- Apaixonado? - ele parou e se virou pra mim.

- Sim. É loucura, não é? Logo eu!

- E quem é a sortuda que conseguiu fisgar seu coração? - Diga que sou eu. Diga que sou eu. Diga que sou eu.

- Olívia Carter. - ele disparou e ficou me encarando esperando minha reação. Aquele nome pareceu soar na minha cabeça como um eco - E aí? O que acha dela?

- Como aconteceu?

- Nos aproximamos muito durante as férias, ela é a melhor amiga do meu irmão, você sabe. Ela foi algumas vezes na minha casa e quando percebi já estávamos tão próximos que comecei a sentir falta dela quando não aparecia. Ela está um ano abaixo do nosso, mas é tão inteligente e tão linda, Sam. Juro que nunca senti algo assim antes.

Senti meu coração ser quebrado em um milhão de pedacinhos enquanto ele falava da sua maravilhosa Olívia. Não era assim que eu planejava essa conversa.

- E aí? O que você acha?

- De que? - tinha me perdido em meus pensamentos dolorosos e nem prestei mais atenção no que ele falava.

- De chamá-la pra sair nesse fim de semana. Acha que ela vai aceitar?

- Ela seria louca se não aceitasse. - senti minha garganta seca e minhas pernas voltaram a se mover fazendo com que o Peter me seguisse.

- Então vou convida-la! Espero que dê certo. Me recomenda algum lugar pra levar ela? - Leva pro inferno e deixa ela lá. Foi o que eu quis responder, mas como uma boa amiga não fiz isso.

- Qual seu lugar favorito no mundo? Deixa ela conhecer você, Peter. Leva ela pra Rocky pizza pra comer seu sabor favorito enquanto ouve o pior karaokê da cidade ou leva ela para o cinema, com direito a pipoca e brigadeiro como você gosta.

- Ótima ideia! Acho que ela vai gostar. Muito obrigado Sam, você é a melhor amiga desse mundo. Não deixa a Isa saber disso viu? - ele falou rindo e eu não consegui corresponder. Estava frustrada demais pra isso. - Mas e você? O que queria falar comigo?

- Não era nada de mais. Podemos deixar isso pra outra hora. - vi meu ônibus se aproximar e aproveitei a deixa. - Meu ônibus está chegando, até amanhã Peter.

- Até amanhã, Sam!

Entrei no ônibus e sentei na última cadeira. Pra minha sorte não estava cheio, então me permiti chorar pelo fora que ele me deu sem nem saber.
Assim que cheguei em casa mal toquei na comida que minha mãe deixou.
A friendzone é um lugar horrível, meus amigos. Uma vez que você entra, já eram todas as suas chances.

Passei o resto do dia me entupindo de brigadeiro até minha mãe chegar e perceber meu estado deplorável.
Estava de pijama, com o cabelo bagunçado em um coque frouxo, deitada na cama com as pernas pra cima encostada na parede pensando na minha droga de vida.

- O que aconteceu, Sammy? A torta continua do mesmo jeito que deixei. - ela colocou as mãos na cintura me encarando da porta do quarto.

- Acho que tive meu primeiro coração partido, mãe.

- O primeiro coração partido não foi com o Logan? - ela veio andando e se deitou ao meu lado na cama, colocando as pernas pra cima também.

- Não, eu nem gostava dele tanto assim. Só queria aprender algumas coisinhas e quando soube dele com a Kelly foi até bom porque eu não sabia como terminar.

- Que coisinhas? Você não me disse que perdeu a virgindade. Usou camisinha?

- Não transamos, mãe. Não totalmente, mas caminhamos pra isso.

- Ok, me poupe dos detalhes. E quem foi agora?

- Não vai rir de mim?

- Vou tentar, conta logo.

- Peter.

- O Peter do seu trio? O seu Peter?

- Ele não é meu. É da Olívia Cárter. - revirei meus olhos e ela não esboçou nenhuma reação de deboche como eu esperava. Funguei com a lágrima que começou a escorrer.

- Você vai superar, Samy. Precisava quebrar o coração antes da universidade, assim fica mais fácil pegar sem se apegar por lá. - ela se virou e me abraçou - Pode chorar, filha. Mas só agora, ok? Depois você vai levantar dessa cama e seguir em frente. Não deixe homem nenhum tirar sua felicidade.

Me aninhei no seu colo e deixei o choro preso na garganta sair. Minha mãe era minha melhor amiga, sempre me ouvia e aconselhava, me dava total liberdade em minhas relações amorosas. Eu não guardava segredos dela e vice e versa.

- O que acha de um cineminha mãe e filha hoje? - balancei a cabeça em negação - Que bom que você ainda mora debaixo do meu teto e tem que me obedecer, anda! Vai se arrumar que vamos ao cinema.

- Não me faz assistir nada meloso, por favor!

- Hoje te dou um desconto, vamos assistir um bem sangrento e com tripas pra fora!

Levantei e me troquei, não adiantava dizer não a minha mãe. Coloquei um vestido floral azul e branco com uma pequena fenda na lateral. Deixei o cabelo que estava horrível em um coque um pouco mais arrumado, nem me dei ao trabalho de fazer maquiagem.
Compramos ingressos para o filme chamado feriado sangrento, a fila da pipoca estava muito grande, então entramos na sala de cinema e eu voltaria pra comprar depois, como fazíamos sempre.
Na metade do filme eu já estava entediada. Nem estava prestando muita atenção mesmo.

- Mãe, vou lá fora comprar a pipoca, quer mais alguma coisa? - perguntei sussurrando.

- KitKat, por favor!

Ela era uma formiga. Assenti e saí da sala, já não tinha mais fila na bomboniere. Comprei tudo o que precisava e quando dobrei no corredor que dava acesso de volta às salas acabei tombando em alguém fazendo minha pipoca voar por toda parte e o refrigerante cair totalmente sobre a pessoa a minha frente.

- Que droga! - ele falou olhando pra sua roupa toda molhada. estava um pouco escuro então não vi seu rosto de imediato - Você não olha pra onde anda?

- Me desculpa! - levantei os olhos e consegui ver o rosto do meu novo professor com a expressão ainda mais séria do que quando entrou na sala de aula pela manhã. - Professor Evans?

- Eu te conheço? - perguntou enquanto passando a mão por sua roupa.

- Sou sua aluna no Santa Monica High school.

- Ótimo, uma aluna! Era o que me faltava nessa cidade pequena, encontrar em cada esquina um adolescente irritante e ainda tomar um banho de refrigerante porque não olham por onde andam. - Que idiota!

- Como é que é? - Senti uma raiva crescer - A culpa não foi totalmente minha! Você que apareceu de repente. Não olha pra onde anda, professor? Minha pipoca já era e meu refrigerante também, vai me pagar outro combo?

- Você é que deveria pagar a lavanderia onde vou mandar minhas roupas. - vi suas mãos fechando e abrindo como se estivesse controlando sua raiva. Eu estava fazendo o mesmo. - Tenha mais atenção garota, com licença.

Ele passou por mim e saiu depressa. Como senti vontade de ir atrás dele e falar mais algumas coisas, mas não o fiz. Voltei pra sala apenas com o KitKat da minha mãe e mal consegui assistir o restante daquele filme horroroso.

MEU ADORÁVEL PROFESSOROnde histórias criam vida. Descubra agora