22 - FINGINDO QUE NADA ACONTECEU

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SAMANTHA CLARCK

- Vai precisar de mais alguma coisa, professor? - perguntei pegando minha bolsa depois que o Logan saiu.

- Não, está liberada.

Dei um sorriso sem mostrar os dentes e fui em direção a saída, não podia correr o risco de ficar sozinha com ele assim de novo. Quando estava chegando no estacionamento ele me alcançou.

- Posso te oferecer uma carona?

- Não precisa. Não vou pra casa. - respondi sem parar de andar em direção à saída.

- Eu sei, você já disse isso para o Logan.

Parei de andar e me virei pra ele.

- Estava ouvindo a conversa dos outros? - coloquei a mão no peito fingindo estar ofendida.

- Era impossível não ouvir ele se lançando pra você. Posso te deixar aonde quer que você esteja indo?

- Tudo bem. E ele não estava se lançando, só pediu minha ajuda.

- E você vai ajudar? - perguntou quando entramos no seu carro.

- Vai ser bom pra peça, não é? Talvez eu ajude!

- Eu posso fazer isso, não precisa ser você. - Ele estava com ciúmes?

- E se eu quiser?

- Você quer? - Ele acelerou o carro saindo do estacionamento e fiquei em silêncio. Eu não queria, mas ele não precisava saber. - Pra onde você vai?

- Hospital memorial.

- Vai ver o seu pai? - Eu balancei a cabeça concordando quando ele desviou os olhos da estrada e olhou pra mim - Porque não aceitou a carona do Logan?

- Longa história, professor.

- Temos tempo, pode falar. - senti o carro diminuir a velocidade.

- Resumindo nós já fomos namorados, pode acelerar o carro. - ele continuou devagar.

- E porque terminaram?

- Ele me traiu com a nossa querida Julieta. - Revirei os olhos ao lembrar do dia. - Peguei a Kelly pendurada no pescoço dele embaixo da arquibancada depois de um jogo.

- Grande motivo pra não ajudar ele. Então Essa foi a decepção amorosa que te deixou triste e calada aquele dia?

- Ah, não! Não foi essa, na verdade foi outra pior.

- Você tem a vida amorosa bem badalada não é Clarck?

- Não imagina o quanto, desde me apaixonar pelo meu melhor amigo até beijar o meu professor de literatura numa sala de estudos! - eu ri achando que ele faria o mesmo, mas não aconteceu. - Desculpa, não vou mais tocar nesse assunto.

- É melhor. - Ele pigarreou fazendo um barulho com a garganta e voltou a falar - É apaixonada pelo seu melhor amigo?

- Era, eu acho. Foi um amor platônico que no fundo eu sabia que nunca aconteceria.

- Entendi. - Ele começou a acelerar o carro.

- E como andam as coisas com o seu pai? - perguntei mudando de assunto.

- Continuam do mesmo jeito.

- Ainda não conseguiu contar pra ele?

- Não, mas vou fazer isso em breve.

- Quem é ele? - perguntei com a curiosidade que estava me consumindo desde o dia que soube da história.

- Um dia conto pra você, mas não hoje.

- Ok, no seu tempo.

Ficamos em silêncio depois disso e assim que chegamos ao hospital nos despedimos sem abraço ou beijo no rosto, apenas um "tchau".
Fiquei até as 20h esperando a Michele para a troca de plantão e fui pra casa.
A mesa estava posta, tinha um cheiro delicioso vindo da cozinha. Minha mãe estava com seu vestido verde oliva preferido e com o cabelo amarrado bem no alto em um rabo de cavalo.

- Uau! O George tirou a sorte grande!

Falei a abraçando por trás e ela começou a rir.

- Você acha que ele vai gostar? Estou nervosa!

- Mãe! Sua comida é a melhor do mundo todo. A senhora está ainda mais linda com esse vestido e esse cabelo alinhadinho, só falta um bom batom vermelho pro George cair babando!

A ajudei a terminar tudo e fui tomar um banho pra me arrumar. Quando terminei e desci ele já estava com ela sentado no sofá, pareciam dois adolescentes.
Durante o jantar o vi rasgar elogios a ela que se derretia por cada palavra. Eu não lembro de ve-la assim com o meu pai, eles estavam sempre discutindo quando achavam que eu não estava perto e na minha frente pareciam somente amigos.
Enquanto observava os dois a minha frente me peguei imaginando sentada assim com o Evans, imaginei trazendo-o pra jantar na minha casa, apresentando-o a minha mãe. Era loucura, eu sei, mas me deixei sonhar só um pouquinho depois de lembrar do que aconteceu na biblioteca. Eu beijei meu professor, o que aconteceu comigo?

O fim de semana passou rápido, não vi nenhum dos meus amigos, aceitei ajudar o Logan a ensaiar suas falas desde que fossem na escola. Durante a semana me policiei pra conversar com o Evans somente o necessário e percebi ele fazendo o mesmo, menos os olhares que trocávamos durante as aulas e ensaios que era mais forte que nós.
Cada dia que eu o via me dava mais vontade de avançar até ele e beija-lo de novo, mas não podia.
Planejei uma mini comemoração com meus amigos em um pub em 10 dias pra comemorar meu aniversário de 18 anos.
Aliás, como minha mae disse, só se faz 18 anos uma vez!

MEU ADORÁVEL PROFESSOROnde histórias criam vida. Descubra agora