20 - SONHOS IMPUROS

1.1K 96 14
                                    



LIAN EVANS

A intensidade com que a chuva caía e ecoava um som na minha janela de vidro exatamente às 4:00 da manhã fez tanto barulho que me despertou. Mesmo de olhos fechados abracei o meu travesseiro e por alguns segundos pensei que estava abraçando minha aluna. Quando acendi a luz do abajur e percebi que a Samantha não estava lá, vi que era apenas mais um sonho meu. Será que estou enlouquecendo? Foi extremamente real, até mesmo o cheiro do seu perfume de chiclete eu senti. Os sonhos com ela tem se tornado cada vez mais frequentes, quase todas as noites.
Perdi completamente o sono, mas a minha ilusão parecia ter sido verdadeira. Naquele momento em que desfrutei da sua fictícia presença, experimentei uma felicidade estranhamente boa, mas ela desapareceu com o barulho dos pingos da chuva, como se tivesse caído em um buraco negro ou viajado para o espaço sideral.
Eu não poderia ter pensamentos assim com uma aluna, mas já estava mais forte do que eu poderia controlar, algo dentro de mim chamava por ela.

Levantei da cama, tomei um banho, vesti uma roupa e saí pra correr com a Mia assim que a chuva parou.
Almocei sozinho hoje, sabia que não conseguiria disfarçar minha cara de desgosto para o meu querido pai. Ele tentava ser legal comigo o tempo todo, esfregando na minha cara sua vida perfeita e aquilo só aumentava  a raiva que eu sentia por ele.
Não aguentaria passar muito tempo ali, precisava ter um jeito de contar a ele quem eu sou e mostrar as pessoas o tipo de homem que ele é.

Assim que terminei fui para a sala de estudos que reservei, escolhi a última do corredor. Era pequena, toda branca, tinha uma mesa de madeira no centro e 6 cadeiras de rodinhas ao redor.
Fiquei esperando Samantha que não demorou a chegar. Ela estava usando uma calça jeans colada realçando suas curvas e uma blusa preta, como eu me concentraria com ela daquele jeito?

- Desculpa pelos 5 minutos de atraso, precisei passar no banheiro pra escovar os dentes antes. - ela falou de justificando assim que entrou e se sentou na cadeira ao meu lado.

- Sem problemas.

- E então? O que você pensou em alterar?

- A cena da briga dos Montecchio e dos capuletos, pensei em colocar o Roger como pai da Julieta no lugar do Josh.

- Tudo bem, acho que vai ficar bom. Ele se saiu melhor na atuação mesmo.

- Certo, pensei também em finalizarmos quando Julieta morrer ao lado do Romeu, cortaríamos a cena em que a família descobre a morte dos dois.

- Acredita que tive o mesmo pensamento? Acho que vai ficar mais emocionante e a sensação que todos vão ficar após esse último ato vai ser o que nós queremos passar, todos sairão pensativos.

- Isso mesmo! Agora a parte chata e mais importante, estive pesquisando algumas coisas para o cenário e nosso orçamento está bem apertado, vamos precisar refazer praticamente tudo o que imaginamos pra substituir por materiais mais baratos, talvez até cortar a sacada da Julieta.

- E se nós fizéssemos? Comprássemos o material base e fizéssemos? Não dá pra ficar sem a sacada do quarto da Julieta.

- Acha que conseguiríamos fazer?

- Só vamos ter um pouco mais de trabalho, mas acho que damos conta! Meu pai trabalha com marcenaria, aprendi muita coisa com ele e ainda consigo os materiais com um precinho muito bom. - Ela tocou meu braço com a ponta dos dedos e logo tirou.

Bastou um pouco de proximidade e meu corpo entrou em alerta.

- Você é incrível, sabia? - falei a encarando. - Que bom que ouvi o Owen e aceitei você como assistente.

- É, eu sei! Sou maravilhosa - Ela deu de ombros rindo, mas acho que ela não fazia ideia do quanto realmente era.

Fomos fazendo a lista de materiais que precisaríamos e combinamos que ela levaria para o pai analisar, assim teríamos o aval de um profissional. Estava cada vez mais difícil ficar naquele cômodo pequeno com ela.
Enquanto ela escrevia cada item meus olhos vacilavam entre seus olhos e sua boca. Me levantei dizendo que precisava ir ao banheiro mas não consegui abrir a porta.

- Droga, não consigo abrir! - Tentei forçar o trinco e acabei quebrando ele. - Excelente, Liam!

- Bem vindo ao nosso colégio oficialmente, a maioria das maçanetas estão assim. - Olhei pra ela que parecia estar tranquila - Daqui a pouco alguém deve aparecer querendo usar a sala e vai abrir pra gente.

Respirei frustrado e ela se levantou chegando perto de mim. Como um clichê perfeito um dos papéis que estava em suas mãos caiu no nosso meio e nós nos abaixamos juntos pra pega-lo. Sua mão foi mais rápida que a minha, mas nossos rostos ficaram tão próximos que eu quase esqueci como me mover. Levantamos devagar sem nos afastar, trancados naquela sala minúscula, longe da vista de todos, só ela e eu.
Nossos olhos ficaram fixos um no outro por no mínimo uns 30 segundos e a senti se aproximar mais, ela apoiou uma das mãos no meu peito e eu permaneci imóvel.

- O que está fazendo? - perguntei sabendo exatamente o que significava aquilo.

- O que você acha? - Seus olhos foram para a minha boca.

- Eu não posso fazer isso, Samantha. - Falei sem me mover nem um centímetro. Não tinha forças pra fazer isso, porque todo meu corpo a desejava.

- Diga que fui eu que fiz, não você!

Assim que ela terminou de falar senti seus lábios quentes chegarem aos meus. Eu retribui no mesmo segundo, foi a sensação mais avassaladora que já senti. Esqueci do mundo quando nossas línguas começaram a dividir espaço. Passei uma mão da sua cintura fazendo com que seu corpo colasse ao meu, nos afastamos por alguns segundos e senti falta dos seus lábios no mesmo instante. Ela estava de olhos fechados, com a boca um pouco aberta, respirando ofegante.
A puxei pra outro beijo e a sentei sobre a mesa enquanto suas pernas foram uma para cada lado do meu corpo e enrolaram em mim me puxando pra ela, sentia meu membro ganhar vida e roçar nela enquanto suas mãos começaram a passear por dentro da minha camisa polo. Mordi seu lábio inferior a fazendo soltar um gemido gostoso. Nos meus sonhos sujos imaginei como seria esse som saindo da sua boca, mas ao vivo era muito mais excitante.

Ouvimos alguns passos do lado de fora e paramos de imediato, meu coração quase saiu pela boca. Me afastei preocupado e ela desceu da mesa logo em seguida. Ninguém entrou na sala, mas nos trouxeram de volta a realidade, pelo menos foi o que eu achei.

- Me desculpa, Samantha. Eu não deveria ter feito isso. - As palavras saíram da minha boca mas no fundo eu não estava nem um pouco arrependido. Coloquei as mãos no rosto tentando me fazer acordar pra realidade. - Meu Deus, eu devo estar louco. Me desculpa!

Ela não falou nada, foi até a porta e colocou o ouvido como se esperasse ouvir algo, mas os passos haviam cessado, depois voltou até onde eu estava ficando de frente pra mim.

- Não me peça desculpas por algo que eu fiz - Ela deu mais um último passo encostando em mim - Não me peça desculpas por algo que eu vou fazer de novo!

Seus braços vieram ao meus pescoço e fui beijado outra vez. Ah, Samantha! Que porra você esta fazendo comigo?

MEU ADORÁVEL PROFESSOROnde histórias criam vida. Descubra agora