10 - O MUNDO CONTINUA GIRANDO

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SAMANTHA CLARCK

Eu estava no carro do homem que não suportava há 1 semana e me sentia estranhamente confortável.

- De onde você era, professor?

- Nova York.

- Sério? Sempre quis conhecer Nova York. Vira na próxima esquina a direita. - indiquei o caminho apontando a rua seguinte.

- É uma cidade maravilhosa, acho que você iria gostar.

- Porque veio pra tão longe?

- Você é interessada assim na vida de todos os professores ou eu recebo uma atenção especial? - ele perguntou e aquilo me fez rir.

- Não tem nada de especial em você, não se iluda! - ele riu em resposta.

Senti um calafrio com o vento do ar-condicionado batendo no meu corpo que estava molhado e passei as mãos pelos braços pra me esquentar.

- Está com frio? - meu professor perguntou me vendo fazer aquilo.

- Um pouco.

Ele aproveitou que paramos em um sinal e virou seu corpo estendendo o braço para o banco de trás, depois me ofereceu uma camisa de moletom.

- Coloca isso, vai te esquentar.

- Obrigada.

Vesti seu moletom e senti o cheiro dele impregnado. Era um cheiro bom pra caramba!
A chuva estava cada vez mais forte, tive sorte de conseguir essa carona, com certeza teria me molhado ainda mais esperando o ônibus. Aquelas paradas não protegem quase nada quando chove.
Não demorou muito e nós chegamos até a frente da minha casa.

- Muito obrigada pela carona! - fiz um movimento pra tirar a camisa que ele me deu mas sua mão me impediu segurando meu braço.

- Não precisa. Depois você me entrega!

- Tudo bem, vou te devolver limpinho, prometo! Obrigada mais uma vez.

- Até segunda, Clarck. - ele soltou meu braço.

- Até, professor!

Sai correndo por conta da chuva e assim que entrei em casa ouvi o barulho do seu carro dando partida. A primeira semana de aula terminou bem diferente do que eu pensei.

O fim de semana foi ótimo, minha mãe teve seu primeiro encontro com o George e nem precisou me ligar pra eu fingir que estava passando mal. Chegou mais tarde do que eu esperava e entrou em casa com um sorriso no rosto!

- Opa, dona Cristina sorrindo pro vento? O encontro foi bom então! - falei assim que ela atravessou a porta.

- Você não devia estar dormindo, garota?

- Não até a senhora chegar! Me conta tudo! - cruzei as pernas sobre o sofá, a posição da fofoca.

- Não tem nada de mais pra contar, foi normal.

- Ah não, só assim não vale! O que vocês comeram? O que conversaram? Ele te beijou?

Ela ficou me encarando por alguns segundos mas logo tirou a armadura mostrando um sorriso gigante no rosto.

- Eu tô parecendo uma adolescente! Com direito a frio na barriga e tudo! - Ela sentou no sofá comigo - Fomos ao Ocean Restaurante, aquele que fica próximo a clínica da sua tia. Ele foi muito gentil comigo, filha.

- Ah mãe! Fico muito feliz em saber disso.

- Ele me chamou pra dançar e disse que quer sair comigo mais vezes. Que gosta de mim! - ela não tirava o sorriso do rosto.

- E o que a senhora disse?

- Que também sentia algo por ele e aceitava seu pedido pra sair de novo. Mas que queria ir devagar!

- Foi melhor do que pensei. Tô orgulhosa viu! Mas e o beijo? Vai me contar que hrs?

- Foi aqui na porta de casa. - Ela falou sussurrando como se mais alguém pudesse ouvir.

Eu estava realmente muito feliz pela minha mãe, pelo menos a vida amorosa de alguém dessa casa estava indo bem.
No domingo fui ao píer de Santa Mônica com a Isa como de costume, estava bem lotado.
Peter estava ficando cada vez mais sério com a Olívia, tiveram inclusive o primeiro encontro oficial e só me restava aceitar e continuar sendo a "melhor amiga" até ela assumir esse posto também.

Os dias seguintes foram calmos, na escola estava indo bem em todas as disciplinas, incluindo matemática. Minha relação com o professor Evans também estava melhorando, não tivemos mais oportunidades pra conversar assuntos aleatórios que não fossem sobre a peça, ele estava correndo o tempo todo essa semana, ouvi que a professora de redação adoeceu e ele a estava cobrindo, mas não perdíamos a oportunidade de trocar nossas farpas sempre que possível. Já estava se tornando uma diversão!
Passei a evitar o Peter que começou a colar na Olívia em qualquer tempo livre que tinha. Isa estava levando investidas de um dos participantes da equipe do grêmio estudantil do colégio rival e estava caidinha por ele, minha mãe saiu pra jantar com o George outra vez, a vida de todo mundo começou a andar, só a minha parecia ter parado no tempo.

MEU ADORÁVEL PROFESSOROnde histórias criam vida. Descubra agora