23 - CONVIVÊNCIA

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LIAM EVANS

Essa com certeza foi uma das semanas em que mais trabalhei o meu domínio próprio. Conviver com a Samantha sem poder beija-lá depois de já ter provado da sua boca e não poder chegar perto estava me enlouquecendo.
Ela começou a ensaiar com o Logan como ele pediu e toda vez que eu chegava no auditório os dois já estavam lá, eu sempre tentava chegar o mais cedo possível pra que não ficassem muito tempo sozinhos. Me incomodava vê-los tão perto um do outro sabendo que já foram namorados.

Já estava completando o segundo mês dando aulas no colégio, chegando ao período das primeiras provas.
Não tive muito tempo com o Owen, eu só estava esperando o momento certo de contar a ele quem eu era. Foi marcada uma reunião com os professores na sexta no meu intervalo entre a aula e o ensaio, teria que pular o almoço e eu estava morrendo de fome.

Assim que finalizou a aula todos os alunos saíram, Samantha foi a última como as últimas vezes, como se quisesse falar comigo a sós mas não tivesse coragem.
Todos os professores já estavam na sala quando eu cheguei, incluindo o diretor.

- Agora com o time completo vamos começar. O assunto que quero tratar com vocês é sobre a viagem do último ano, como costume colocamos pra votação se eles preferem o baile ou a viagem, os espertinhos escolheram fazer um mini baile na viajem.

Todos os professores riram, porque não pensei nisso na minha época?

- Vou precisar que o máximo de vocês nos acompanhem, serão o total de 78 alunos. Então, quem pode me ajudar nessa missão levante a mão, por favor.

5 professores levantaram as mãos. Heitor, o professor de educação física, Richard, o professor de química, Ellen a professora de matemática, Kate a professora de redação e eu.

- Excelente! Vou tentar dividir os alunos entre vocês. Não podemos tirar os olhos daqueles jovens com os hormônios a flor da pele.

Todos riram. Ele passou algumas informações de como seria e depois nos liberou. Como não dava tempo de ir até um restaurante corri até a lanchonete da escola e comprei somente um sanduíche. Quando estava indo em direção ao auditório ainda comendo encontrei Samantha no corredor guardando algumas coisas no seu armário.

- Achei que já estava no auditório. Vamos? - falei para do atrás dela.

- Vamos! Só precisei guardar um presente que ganhei se não era capaz de eu esquecer ele por aí.

- Ganhando presentes de admiradores, Clarck?

- Que nada, é só meu aniversário que está chegando. - ela trancou o armário e começamos a andar pelo corredor.

- Quando será?

- Daqui a uma semana. - Ela tirou um papel da bolsa - Meu pai revisou e nos indicou um local pra comprar o material, o local de confiança dele fica numa cidade vizinha daqui, o que acha?

- Se um profissional indicou eu confio.

- Podemos ir lá no fim de semana, se não tiver compromisso.

- Não tenho, estou a disposição. Podemos ir no meu carro.

Ouvimos algumas vozes saindo de um dos banheiros e reconheci na hora. Era meu pai rindo com um homem que parecia ter quase a minha idade. Não lembro desse professor.

- Evans! Vem aqui, quero te apresentar alguém. - Ele me chamou e me aproximei dos dois - Esse aqui é o Jean, meu filho!

O homem estendeu a mão e eu apertei. Ele era mais baixo que eu, tinha cabelos loiros.

- Muito prazer! Meu pai fala muito bem de você, professor.

- Igualmente. Ele também ja falou muito bem de você, Jean.

- Tenho certeza que sim, acho que vou fazer 50 anos com ele me elogiando pra todo mundo! - ele respondeu rindo e Owen também riu.

- Está indo ensaiar? - Owen perguntou.

- Sim. - olhei pra trás lembrando da Samantha - Estávamos indo agora mesmo para o auditório.

- Então não vamos mais atrapalha-lós pai, vamos marcar pra sair um dia desses, Evans, o que acha? - Jean falou colocando a mão no meu ombro e eu assenti com a cabeça. - Com licença, bom ensaio pra vocês!

- Bom ensaio, pessoal! - Meu pai falou também.

Os dois saíram conversando com tanta intimidade e eu fiquei apenas os observando. Senti um aperto no peito e meus olhos encherem de água. Ele tinha a relação de pai e filho que eu sonhei, só não era comigo.
Senti uma mão tocar no meu braço e olhei pro lado, Samantha estava com uma cara preocupada.

- Está tudo bem? Você paralisou.

- Claro! - olhei uma última vez para os dois - Vamos?

Ela balançou a cabeça concordando e nós fomos andando. Fiquei aéreo todo o ensaio, dessa vez eu não senti raiva, senti tristeza, angústia, inveja talvez.
Quando finalizamos ficamos só Samantha e eu arrumando o que bagunçamos. Eu estava calado e ela também ficou respeitando o meu silêncio, agradeci internamente por isso. Não lhe ofereci carona dessa vez, ela também não pediu.
Assim que cheguei em casa mandei mensagem avisando que passaria pra busca-la no dia seguinte às 14h da tarde pra irmos comprar os materiais do cenário onde seu pai recomendou.

MEU ADORÁVEL PROFESSOROnde histórias criam vida. Descubra agora