4 - INIMIGO DECLARADO

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SAMANTHA CLARCK

- Clarck! - Ouvi a voz grossa do meu professor chamar - Deseja compartilhar o assunto tão importante que está tratando com seus colegas a ponto de incomodar os que estão concentrados em suas provas?

Droga! Ele estava de marcação comigo? Não era só eu quem estava conversando. Todos me olhavam esperando uma resposta, mas achei melhor evitar outro atrito pra não correr o risco de ir parar na direção.

- Desculpe, professor.

Ele pareceu surpreso pela minha escolha de palavras e depois de me encarar alguns segundos voltou pra sua cadeira.
Quando todos terminaram a prova ele prosseguiu com sua aula.

- Acho que você já tem um inimigo declarado pra finalizar o período escolar. - Isa falou rindo - Mas por um deus desse eu adoraria declarar guerra só pra perder e ser punida.

- Ele nem é tão bonito assim. - Falei dando de ombros.

- Vamos ser sinceros, Sam. Esse homem é de um nível de beleza que eu jamais vou ser e que vocês nunca vão chegar perto de ter do lado - Peter falou sorrindo e senti subir uma frustração. Ele não me achava bonita por acaso?

Não o respondi de volta, voltei a focar na aula pra não ser chamada atenção novamente. Assim que o sinal bateu, saí com os dois sem olhar pra trás.
Fomos até a lanchonete e na entrada vimos várias pessoas ao redor do mural que ficava exposto com anúncios e notícias.

- Vamos la dar uma olhada, você precisa participar de algo, Sam. - Isa falou nos arrastando até lá. - Equipe de líderes de torcida, que tal?

- Eu não vou rebolar minha bunda pra escola toda, Isa.

- Poxa, você tem uma bunda bonita, se eu tivesse uma bunda bonita assim adoraria renolar ela pra todo mundo ver. E que tal equipe de musica? Você podia aprender a tocar algo.

- Não levo jeito pra isso, iam me expulsar no primeiro dia! - Eu ri e ela também sabendo que era verdade.

- Ok. - ela foi descendo com o dedo pelo papel que estava pregado com tachinhas - Abriram os testes para a equipe de teatro, o que acha?

- Eu atuando? - soltei uma gargalhada alta, mas ela continuou me olhando com a sobrancelha levantada - Qual é Isa, não vou saber fazer isso.

- Você precisa entrar em algo, Sam. Não se faça de difícil. - fiz que não com a cabeça - Aqui tem uma vaga pra assistente de produção também, não precisa atuar. Porque não tenta? Assim você vai acompanhar todo o processo, intermediar os atores e ter uma boa carta de recomendação no final! Poucas pessoas tentam essa vaga, a maioria quer aparecer em cima do palco.

- Dessa eu gostei. Entre tantas péssimas opções, acho que é a mais aceitável. Quem é o professor responsável?

- Fudeu. Acho que você vai ficar linda de líder de torcida! - ela disse com um sorriso amarelo.

- Porque? Quem é? - me aproximei do papel e li o nome dele: Liam Evans.

- Ele jamais vai aceitar você, Sam. Ele não te suporta. - Peter falou rindo e tive vontade de socar aquele rostinho bonito. Me senti desafiada!

- Isso nós vamos ver. Onde eu me inscrevo? - Os dois me olharam desconfiados - Vou fazer ele gostar de mim, vocês vão ver!

Isa me estendeu um formulário que tinha numa mesinha ao lado do mural e eu preenchi. Depois de comer passamos na secretaria para entregar, deixei diretamente nas mãos do diretor e fiz um discurso emocionante do quanto aquilo seria importante pra mim. Sabia que ele gostava de mim e influenciaria pra que a vaga fosse minha.
Tivemos mais duas aulas e fomos liberados, Isa foi embora com seu pai e Peter ficou pra trás pra falar com sua Olívia, meu peito ficou apertado toda vez quem ele tocou no nome dela pra mim. Eu odiava sentir isso.
Saí pelo estacionamento depressa, não queria derramar nenhuma lágrima na frente de ninguém, mas fui tão depressa que acabei batendo num par de músculos.

- AII!! - Gemi ao sentir o impacto contra o meu corpo e ser jogada pra trás caindo de bunda no chão.

Assim que levantei a cabeça lá estava a última pessoa que eu gostaria de ver.

- Tinha que ser você! - O professor Evans falou franzindo a testa em desaprovação. - Você tem algum problema, garota? Não olha pra onde anda?

- Você é sempre tão grosso assim ou decidiu me dar um tratamento especial? - Vi um sorriso surgir em seus lábios - Não vai nem me ajudar a levantar?

- Você que bateu em mim e caiu, você que levante sozinha. - Ele deu de ombros e saiu.

Como aquele homem era irritante e grosseiro. Saudades, professor Charles!
Me levantei e peguei minhas coisas que caíram, fui pra parada de ônibus ainda remoendo a raiva do que tinha acabado de acontecer.

Quando cheguei em casa fiz macarrão com queijo bem rápido e comi. Passei o restante do dia enfurnada no quarto lendo, era um ótimo passa tempo ler romances de época com aqueles amores impossíveis que davam certo no final. Não custava nada sonhar com um desses quando a vida é completamente ao contrário, não é? É um refúgio.

MEU ADORÁVEL PROFESSOROnde histórias criam vida. Descubra agora