42 - INDIFERENÇA

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LIAM EVANS

Depois das aulas mandei uma mensagem pra Samantha pedindo que me encontrasse na minha casa a tarde, não via a hora de tê-la nos braços outra vez. Owen pareceu respeitar meu espaço e não insistiu em conversar comigo novamente e isso foi um alívio pra mim.
Fui para o estacionamento em direção ao meu carro quando um casal debaixo de uma árvore atrás do meu carro me chamou atenção. Eu conhecia aquele vestido, aquele cabelo, aquela pessoa.
Meus pés pararam e engoli seco com o que estava vendo. Samantha estava beijando o Logan de forma não intensa que me deu náuseas. Aquilo não podia estar acontecendo! No final das contas ela era igual a todas as outras.

- Isso não é permitido aqui, procurem outro lugar. - falei abrindo a porta do carro e eles se separaram. Os olhos da Samanta vieram pra mim como uma criança que acabou de ser pega fazendo algo errado.

- Foi mal, professor! - Logan falou rindo sem jeito.

Fiquei alguns segundos a encarando antes de entrar no meu carro. Dirigi pra minha casa sem respeitar nenhum sinal, estava tão incrédulo pelo que tinha visto que não pensava em mais nada.
Estacionei em frente a minha casa e assim que entrei virei uma garrafa de wisky inteira goela abaixo. A garota doce que eu conheci não passava de uma vadia. A tarde enquanto estava jogado no sofá ouvi alguém batendo na porta. Ela era, tão linda e tão mentirosa como da última vez que a vi.

- Olha só quem apareceu! Seu namorado já te liberou? - Perguntei encostado na porta sem deixar que ela entrasse.

- Liam, me perdoa. Não quis te magoar, só estava confusa.

- Decidiu acabar com a confusão enfiando a língua na boca do seu ex namorado que traiu você? Parabéns, Samantha!

- Eu posso entrar? Por favor!

- Não. Você não pode entrar na minha casa, sou só a merda do seu professor, vai embora.

- Liam, por favor. - Ela começou a chorar de forma intensa e senti um calafrio na espinha.

- Não preciso das suas lágrimas falsas, não precisa mais fingir. Há quanto tempo isso acontece, an? Por isso você estava me evitando? Poderia ter me falado a verdade!

A garota permaneceu imóvel soluçando em meio ao choro.

- Você é uma vadia mentirosa, Samantha Clarck! Eu errei em desejar um amor que nunca poderia ser meu. - Meu coração estava tão acelerado e minhas palavras saiam de forma ríspida - Que bom que encontrou alguém da sua idade pra te comer, já que ja te ensinei tudo! - Fechei a porta e a deixei do lado de fora.

Quis deixar Santa Monica no mesmo momento, mas não podia ainda. Precisava finalizar o contrato com o colégio e aí voltaria pra minha vida, esqueceria o pai que me abandonou e esquecia a garota que quebrou meu coração.

A semana passou e eu fui o mais cruel que pude com a Samantha, ela merecia. A ignorei em todas as oportunidades, chamei sua atenção durante as aulas, a deixei arrumando todo o material da peça sozinha nos últimos dias.
A peça seria apresentada na sexta feira, na quinta à noite reuni todo o elenco pra finalizar a montagem do cenário e claro que ela estava lá, passava a maior parte do tempo sozinha, não a vi com seu namorado e sempre que ele tentava falar com ela era ignorado, era vergonhoso vê-la fingir que não tinham nada.

- Estejam amanhã bem cedo, pessoal! Estão mais do que prontos, confio em vocês e sei que darão o melhor que puderem! - Falei quando já estava bem tarde liberando-os.

Todos começaram a sair do auditório, menos ela, que continuou sentada no chão colocando as últimas flores da escada da sacada da Julieta.

- Está dispensada, Clarck. - me direcionei a ela que fingiu não ouvir e continuou colando as flores. - Você está surda? Falei que pode ir embora.

Seus olhos viraram na minha direção e eu vi meu coração balançar com aquele olhar que parecia ser tão puro. Só parecia mesmo.

- Ja estou terminando. - Ela respondeu baixinho.

Andei até ela e peguei em seu braço a fazendo levantar. Toca-lá e sentir o corpo dela tão próximo me fez lembrar todo o sentimento que tenho lutado pra esconder.

- Decidiu parar de me ignorar? Pelo menos trocou a indiferença pelo desprezo, avançamos um ponto. - Ela falou me encarando.

Meus olhos estavam na sua boca e só percebi quando a vi ficar ofegante.

- Está liberada, Clarck. Vá embora agora mesmo. - Falei de forma firme e soltei seu braço.

Fui buscar minhas coisas e ao olhar pra trás a vi desaparecer passando por aquela grande porta, levando consigo uma parte de mim junto com ela. A única parte bonita que existia.

MEU ADORÁVEL PROFESSOROnde histórias criam vida. Descubra agora