Sinto um vazio na cama, a não ser por um dos gatinhos e antes mesmo de abrir os olhos sei que é Chicória. Santiago e Vicente adoram ficar aninhados em João, mas sempre que estou aqui, é comigo que Chicória fica grudada
Sinto o barulho da cafeteira e o cheiro de café vindo do andar de baixo, me arrasto até o banheiro e escovo os dentes de forma ágil, lavo meu rosto e desço até João.
— Bom dia — ele diz sorrindo em minha direção — seu semblante ainda é estranho e confuso, mas seu sorriso é genuíno.
— Bom dia — respondi me aproximando e dando um beijo em seu rosto, pegando a caneca de café que ele me ofereceu.
João prepara algumas torradas, a única coisa que ele sabe fazer na cozinha sem queimar e eu me sento no balcão na sua frente.
— Nós precisamos conversar — digo sorrindo de canto.
Ele usou a palavra frustrado na noite anterior, doeu. Mas ainda assim foi melhor do que decepcionado.
— Eu estou frustrado porque isso era algo que poderia ser evitado — João diz se debruçando na bancada e me olhando — nós sempre nos protegemos Pedro, porque você teve que ser tão irresponsável em relação a isso na sua relação com a Laura?
— Nenhuma explicação que eu possa dar vai ser suficiente — digo respirando fundo e tomando um longo gole de café — porque no fim é só isso mesmo, eu fui um grande irresponsável e preciso bancar as consequências disso agora.
— Sim, precisa! — ele diz de uma forma um pouco mais dura do que noite passada, seu olhar é cansado, seu sorriso não sai mais tão fácil quanto antes. João se vira pegando às torradas e colocando na nossa frente, mas não sinto fome — eu não tenho o direito de ficar bravo, porque você não me deve nada, nem mesmo explicação, a gente não estava juntos e mal nos falavamos na epoca — ele diz levando uma torrada na boca e revirando os olhos irritado — mas porra, você é bem grandinho para saber todos os riscos que transar sem camisinha pode ocasionar e é isso que me deixa irritado para caralho, Pedro. Porque você pode ser muitas coisas, mas irresponsável não é uma delas.
Fico um tempo em silêncio, apenas brincando com a torrada mas não a comendo, não consigo me justificar, até porque eu acho que nem tenho como, eu fui babaca e assumo isso.
— Você está certo, João — digo respirando fundo — sobre tudo isso e eu não consigo reunir palavras para justificar, porque sinceramente? A grande verdade é essa, eu errei e sei disso. Mesmo você dizendo que não tem direito de ficar bravo, quero que saiba que eu sinto muito mesmo e me desculpe. Porque sei que às consequências das minhas ações respinga em você.
— Sim, respinga — ele diz respirando fundo e contornando o balcão, me abraçando com força e me dando um selinho — e é sobre isso que precisamos conversar agora.
Fico em silêncio apenas esperando o que ele tem para me dizer, aproveitando o abraço gostoso.
— Eu, João Vitor vou abraçar isso, Pedro — ele diz respirando fundo e se afastando o suficiente apenas para me olhar nos olhos — eu amo você e vou ficar do seu lado. E é importante você saber que eu, enquanto João Vitor, não vou competir com a mulher que está grávida do seu filho. Da mesma forma que competir com o seu filho, também é uma opção. Mas eu preciso que você me queira por perto, que você também queira que eu abrace isso, porque só um dos lados não vai funcionar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
íris • pejao
FanfictionPedro vai trabalhar com o Jão. Os dois se apaixonam, de vez em quando escrevem músicas um sobre o outro, sentem ciúmes, sentem saudades, mas não estão juntos... Íris é para todos aqueles que já se perguntaram, o que o amor vira quando chega ao fim.