Capítulo 69 ; p.o.v Pedro

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Sinto um vazio na cama, a não ser por um dos gatinhos e antes mesmo de abrir os olhos sei que é Chicória. Santiago e Vicente adoram ficar aninhados em João, mas sempre que estou aqui, é comigo que Chicória fica grudada


Sinto o barulho da cafeteira e o cheiro de café vindo do andar de baixo, me arrasto até o banheiro e escovo os dentes de forma ágil, lavo meu rosto e desço até João.


— Bom dia — ele diz sorrindo em minha direção — seu semblante ainda é estranho e confuso, mas seu sorriso é genuíno.


— Bom dia — respondi me aproximando e dando um beijo em seu rosto, pegando a caneca de café que ele me ofereceu.


João prepara algumas torradas, a única coisa que ele sabe fazer na cozinha sem queimar e eu me sento no balcão na sua frente.


— Nós precisamos conversar — digo sorrindo de canto.


Ele usou a palavra frustrado na noite anterior, doeu. Mas ainda assim foi melhor do que decepcionado.


— Eu estou frustrado porque isso era algo que poderia ser evitado — João diz se debruçando na bancada e me olhando — nós sempre nos protegemos Pedro, porque você teve que ser tão irresponsável em relação a isso na sua relação com a Laura?


— Nenhuma explicação que eu possa dar vai ser suficiente — digo respirando fundo e tomando um longo gole de café — porque no fim é só isso mesmo, eu fui um grande irresponsável e preciso bancar as consequências disso agora.


— Sim, precisa! — ele diz de uma forma um pouco mais dura do que noite passada, seu olhar é cansado, seu sorriso não sai mais tão fácil quanto antes. João se vira pegando às torradas e colocando na nossa frente, mas não sinto fome — eu não tenho o direito de ficar bravo, porque você não me deve nada, nem mesmo explicação, a gente não estava juntos e mal nos falavamos na epoca — ele diz levando uma torrada na boca e revirando os olhos irritado — mas porra, você é bem grandinho para saber todos os riscos que transar sem camisinha pode ocasionar e é isso que me deixa irritado para caralho, Pedro. Porque você pode ser muitas coisas, mas irresponsável não é uma delas.


Fico um tempo em silêncio, apenas brincando com a torrada mas não a comendo, não consigo me justificar, até porque eu acho que nem tenho como, eu fui babaca e assumo isso.


— Você está certo, João — digo respirando fundo — sobre tudo isso e eu não consigo reunir palavras para justificar, porque sinceramente? A grande verdade é essa, eu errei e sei disso. Mesmo você dizendo que não tem direito de ficar bravo, quero que saiba que eu sinto muito mesmo e me desculpe. Porque sei que às consequências das minhas ações respinga em você.


— Sim, respinga — ele diz respirando fundo e contornando o balcão, me abraçando com força e me dando um selinho — e é sobre isso que precisamos conversar agora.


Fico em silêncio apenas esperando o que ele tem para me dizer, aproveitando o abraço gostoso.


— Eu, João Vitor vou abraçar isso, Pedro — ele diz respirando fundo e se afastando o suficiente apenas para me olhar nos olhos — eu amo você e vou ficar do seu lado. E é importante você saber que eu, enquanto João Vitor, não vou competir com a mulher que está grávida do seu filho. Da mesma forma que competir com o seu filho, também é uma opção. Mas eu preciso que você me queira por perto, que você também queira que eu abrace isso, porque só um dos lados não vai funcionar.

íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora