Capítulo 45 ; p.o.v Jão

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Fiquei completamente surpreso pela mensagem de Pedro. Quando nos despedimos na fazenda, as coisas ainda pareciam estranhas, só minimamente mais tranquilas.


Duas semanas se passaram desde então, consegui terminar uma música sozinho e isso me deu um fio de esperança e tentava escrever uma outra quando recebi a mensagem dele. Marcamos de nos encontrar em um bistrô pequeno, conheço a dona e sabia que ela conseguiria uma mesa bem reservada para nós. Não que me importo de ser visto com ele, mas quanto menos às pessoas especularem, melhor.


— Desculpa a demora — ele diz ao se aproximar — o trânsito está um pouco caótico hoje.


— Não tem problema, eu acabei de chegar — digo sincero, não nos tocamos ao nos cumprimentar, meios sorrisos e acenos de cabeça parecem cumprir bem o papel — eu pedi entrada da casa, é um prato super gostoso para comer enquanto conversamos, só não pedi nada para beber, porque não sei o que você vai querer.


— Água com gás está bom para mim — ele responde olhando para o garçom.


— Duas então — completo, agradecendo e voltando minha atenção para o mineiro na minha frente — sobre o que você quer conversar, Pedro?


Pedro morde o lábio, respirando fundo antes de voltar a falar.


— Se eu aceitasse voltar para a UFO — ele diz me pegando completamente de surpresa, eu achei que o assunto seria outro — como nós iremos funcionar?


— Não pensei exatamente sobre isso, só que sei que as coisas seriam diferentes de antes — digo sincero — você tem alguma ideia?


— Posso continuar te ajudando com as composições, mas preciso que isso seja feito no escritório, nos deixamos nos levar muitas vezes durante o anti-heroi e tivemos mais recaídas do que músicas escritas.


— Medo de não se controlar se ficar sozinho comigo, Tófani? — Quando percebi já havia falado, me odiei por isso — desculpa, eu...


— Tenho — ele diz sincero, como se dissesse que precisa beber água.


— Compor em lugares neutros — digo anotando mentalmente — Eu prometo que entendi que acabou e não irei ficar choramingando pelos cantos e nem tendo crises de ciúmes.


— E eu prometo não bancar o babaca — ele diz rindo — eu gosto muito de você e gostaria de ser seu amigo, mas precisamos entender que vamos trabalhar juntos e para isso funcionar, precisamos separar as coisas e lidar com elas de forma separa e por enquanto só consigo lidar com o lado profissional.


— Tudo bem para mim — digo, meu peito doi, mas antes isso do que não ter nada — a proposta sobre a sociedade se mantém.


— Vamos levar um dia de cada vez, se funcionar e vocês ainda quiserem isso, podemos conversar — ele diz tomando um gole da água.


— Vamos levar um dia de cada vez — repito — isso significa que você vai voltar?


íris • pejaoOnde histórias criam vida. Descubra agora